A mãe de uma das vítimas da organização criminosa que estimulava a automutilação de adolescentes no Mato Grosso tentou intervir ao descobrir que a filha estava sendo ameaçada. Em uma troca de mensagens, o suspeito a encaminhou um vídeo gravado pela menina, cujo conteúdo não foi divulgado pelas autoridades policiais, e afirmou que era “o dono” dela. O líder do grupo, um adolescente de 15 anos, foi preso por uma operação conjunta entre as autoridades policiais do MT e o Ministério da Justiça. A ação também acontece simultaneamente em outros 12 estados e cumpre 22 mandados judiciais.
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Em conversas descobertas pelos investigadores, membros do grupo afirmavam que pretendiam expor as vítimas aos pais, caso elas não os obedecessem. A ameaça chega a ser concretizada uma das ocasiões, quando um dos integrantes entra em contato com a mãe de uma das meninas e encaminha um vídeo produzido pela adolescente. Eu vou te denunciar e você nunca mais vai falar com a minha filha, vou te bloquear no meu celular e no dela”, responde a mulher. Em seguida, o criminoso revela que sabe a idade dela, onde ela trabalha e afirma que ela e a filha “são duas piranhas”.
Um adolescente de 15 anos foi apreendido na manhã desta terça-feira por uma operação da Polícia Civil do Mato Grosso, coordenada junto ao Ministério da Justiça (MJ), para desarticular grupos suspeitos de cometerem crimes cibernéticos que tinham como alvos crianças e adolescentes. A ação ocorre de forma simultânea em 12 estados brasileiros, nas cinco regiões. Os mandados que estão sendo cumpridos incluem busca e apreensão, prisão temporária e internação socioeducativa.
As investigações identificaram uma rede de adultos e adolescentes que praticava crimes como indução, instigação ou auxílio à automutilação e ao suicídio, perseguição (stalking), ameaças, produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil, apologia ao nazismo e invasão de sistemas informatizados, incluindo acesso não autorizado a bancos de dados públicos.
Segundo as autoridades policiais, as práticas criminosas ocorriam principalmente em plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord, “nas quais os investigados disseminavam conteúdos de violência extrema, estimulavam comportamentos autodestrutivos, realizavam coação psicológica, ameaças e exposição pública de vítimas”
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Em Mato Grosso, são cumpridas três ordens judiciais, sendo um mandado de busca e apreensão domiciliar contra uma adolescente de 16 anos na cidade de Sinop, além de dois mandados de busca e apreensão e de internação provisório contra o líder do grupo, um adolescente de 15 anos, na cidade de Rondonópolis. O menor já havia sido alvo de duas operações anteriores.
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Já no Rio Grande do Sul, autoridades policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão em Lajeado, resultando na apreensão de um computador, celulares, vapes e chips de celular.
Além dessas cidades, também são cumpridos mandados nos municípios de Manaus e Uruçará (AM); Mairi (BA); Fortaleza e Itaitinga (CE); Serra (ES); Sete Lagoas e Caeté (MG); Aquidauana (MS); Marabá, Barcarena, Canaã dos Carajás e Ananindeua (PA); Oeiras (PI); São Domingos (SE); São Paulo, Guarulhos, Porto Feliz, Itu, Santa Isabel e Altair (SP). A ação foi nomeada Mão de Ferro 2, representando a segunda fase de uma operação homônima realizada em agosto do ano passado.
A troca de informações e o alinhamento entre os estados foram fundamentais para que essa operação atingisse abrangência nacional, visando proteger nossas crianças e adolescentes e responsabilizar aqueles que se escondem no ambiente digital para praticar crimes tão graves”, disse em nota Rodney Silva, diretor de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça.
Os investigados podem responder pelos crimes de indução, perseguição, ameaça, apologia ao nazismo e produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil. Somadas, as penas podem resultar em até 20 anos de reclusão.

