A atriz francesa Anouk Grinberg, que contracenou com Gerard Depardieu em “Les volets verts” (“As venezianas verdes”) em 2021 e apoia duas profissionais do longa que acusam o astro francês de agressão sexual, chegou ao Tribunal Criminal de Paris na manhã desta segunda-feira (24). Depardieu, de 76 anos, enfrenta uma série de acusações de agressão e estupro e começa a ser julgado pelo suposto abuso sexual contra a cenógrafa Amelie, de 54 anos, e a assistente de direção Sarah (nome fictício), de 34 anos. Ambas alegam ter sido vítimas de violência sexual.
Estrela de mais de 200 filmes e séries de televisão, Depardieu foi acusado de comportamento inapropriado por cerca de 20 mulheres, mas este é o primeiro caso a ir a julgamento. Anouk disse à AFP que Depardieu constantemente fazia “comentários obscenos”.
— Quando produtores de cinema contratam Depardieu para um filme, eles sabem que estão contratando um abusador — destacou.
O julgamento, inicialmente agendado para outubro, foi adiado devido à saúde debilitada do ator. Na época, o advogado de Depardieu, Jeremie Assous, disse que o artista havia colocado uma ponte de safena quádrupla e sofria de diabetes, agravada pelo estresse do julgamento.
Depardieu foi examinado por um especialista médico nomeado pelo tribunal, que estabeleceu que ele está apto a comparecer ao tribunal, disse Assous.
— Ele, no entanto, expressou reservas — disse o advogado à AFP.
De acordo com o advogado, as aparições de Depardieu no tribunal devem ser limitadas a seis horas por dia, e ele fará pausas sempre que “precisar”. Assous disse que o ator “nega todas as acusações em sua totalidade”.
Uma das duas acusadoras de Depardieu, a figurinista, relatou em fevereiro do ano passado que havia sofrido agressão sexual, assédio sexual e insultos sexistas durante as filmagens.
Ela disse ao site investigativo francês Mediapart que Depardieu se gabava de poder “dar orgasmos às mulheres sem tocá-las” e que, uma hora depois, o ator a “agarrou brutalmente”.
O ator a imobilizou “fechando as pernas” ao redor dela antes de apalpar sua cintura e seu estômago, continuando até seus seios, ela acrescentou. Depardieu fez “comentários obscenos”, incluindo: “Venha e toque meu grande guarda-sol. Vou enfiá-lo na sua boceta”, disse ela.
Segundo a mulher, os guarda-costas do ator o arrastaram para longe enquanto ele gritava: “Nos veremos de novo, minha querida”.
O advogado Claude Vincent, que representa a assistente de direção, disse temer “como a defesa do Sr. Depardieu tratará as partes civis na audiência”.
No geral, cerca de 20 mulheres acusaram Depardieu de comportamento inapropriado, mas vários casos foram arquivados por questões formais.
A atriz francesa Charlotte Arnould foi a primeira mulher a registrar uma queixa criminal contra Depardieu em 2018. Em agosto passado, a promotoria de Paris solicitou um julgamento por estupro e agressão sexual, acusações que o ator negou ao longo dos anos.
“Nunca, mas nunca, abusei de uma mulher”, escreveu Depardieu em uma carta aberta ao diário conservador Le Figaro.
Ele não é estranho a escândalos, tendo sido manchete por se envolver em brigas, dirigir bêbado e urinar no corredor de um avião.
Um documentário na televisão francesa em 2023 intitulado “A Queda do Ogro” mostra o ator em uma viagem de 2018 à Coreia do Norte repetidamente fazendo comentários sexuais explícitos na frente de uma intérprete e sexualizando uma garotinha cavalgando.