Executivo do ano da NBA, Sam Presti é diretor de basquete do Oklahoma City Thunder desde o penúltimo ano em que a franquia atendia por Seattle Supersonics (2007). Ex-vice-diretor e tricampeão pelo San Antonio Spurs, passou pela mudança de cidade, de estado e pela transição total da cultura da franquia. É o nome em comum de duas gerações do Thunder, uma que passou muito perto do título em 2012 e outra que, no domingo, deu à encarnação atual da franquia seu primeiro troféu Larry O’Brien, numa junção tão difícil de equilibrar no basquete americano: a gestão coesa e competitiva de elenco e um basquete bem treinado e jogado.

O Thunder buscou um jovem Shai Gilgeous-Alexander, que se tornaria o MVP da temporada regular, cestinha e MVP das finais, em uma inteligente troca por um já veterano e menos efetivo Paul George em 2019. Dessa mesma troca, obteve a escolha de primeira rodada do Draft de 2022 que se tornaria Jalen Williams. Naquele mesmo draft, buscou Chet Holmgren como segunda escolha geral.

Os anos ao redor daquele decisivo 2022 também foram importantes na construção do elenco campeão, tanto no uso de escolhas habilmente obtidas por Presti em negócios quanto pela boa análise de mercado. Lugentz Dort foi valorizado e cresceu como atleta, Hartenstein chegou como agente livre na atual temporada e Alex Caruso, jogador mais experiente da equipe, veio em troca corajosa e engenhosa pelo jovem Josh Giddey com o Chicago Bulls.

Toda essa construção resultou não apenas no segundo time mais jovem a ganhar a NBA, com média de idade de pouco mais de 24 anos, como também no que parece ser a maior promessa de uma dinastia desde o Golden State Warriors dos anos 2010. O sétimo campeão diferente nas últimas sete temporadas da liga tem uma folha salarial entre as menores da liga, um grupo com atletas ainda longe do teto de evolução e pelo menos uma escolha de primeira rodada do Draft deste ano até o de 2031.

Presti montou o time de 2012, que tinha nomes como Kevin Durant, James Harden, Russell Wesbrook e Serge Ibaka e que perdeu a decisão para o icônico Miami Heat de LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh. Viveu ainda mais duas derrotas em finais de conferência (para San Antonio Spurs e Golden State Warriors, potências da época e futuros campeão e vice-campeão), o desmoronamento daquele elenco e os fracassos dos elencos posteriores. Pouco a pouco, recolheu os cacos da franquia e experimentou caminhos até decidir pelo rebuild (gestão orientada a reconstrução do elenco) no fim de 2020, em meio às incertezas da pandemia de Covid-19.

LeBron vs Durant nas finais de 2012 — Foto: AFP PHOTO / POOL / JIM YOUNG

De lá para cá, testou tipos táticos e perfis diferentes de jogadores, viveu temporadas de ausência nos playoffs e de eliminação em primeira rodada até chegar nas duas temporadas consecutivas de liderança na temporada regular. Na segunda, veio o título.

— Oklahoma tem um time de verdade, não apenas um time campeão. Esses caras representam tudo que é bom. Tão jovens e priorizam as vitórias e sacrifícios. Tudo se desenrolou tão rápido. Temos que dar créditos a eles. Somos muito gratos por eles nos representarem. Idade é só um número. Sacrifício e maturidade são características, e esses caras as têm — discursou Presti na entrevista pós-título.

Caruso, Shai, Jalen e Lu Dort no jogo 7 das finais da NBA — Foto: Matthew Stockman/Getty Images/AFP
Caruso, Shai, Jalen e Lu Dort no jogo 7 das finais da NBA — Foto: Matthew Stockman/Getty Images/AFP

Em quadra, o trabalho também passa pela promoção do então auxiliar técnico Mark Daigneault, um jovem profissional de 35 anos, ao cargo de treinador principal, em novembro daquele mesmo 2020, substituindo Billy Donovan. Profissional de carreira da franquia, Daigneault trazia na bagagem cinco temporadas pelo Oklahoma City Blue, filial do Thunder na G League (a liga de desenvolvimento na NBA), com aproveitamento de 57,2% em 250 jogos. Ou seja, a experiência em trabalhar com jovens e desenvolver nomes pouco badalados estava comprovada.

Pouco a pouco, o treinador construiu uma defesa intensa, inteligente e sufocante, num misto de marcação homem a homem com marcação por zona que poucos times na história conseguiram fazer: a defesa do Thunder foi, na sequência: 24ª, 17ª, 13ª, quarta (quando foi eleito Técnico do Ano) e, nesta temporada, a melhor da liga. Um time que ficou ainda mais completo com as evoluções de Shai e Jalen Willians no físico e no ataque e da equipe nos arremessos de longa distância.

O técnico Mark Daignault — Foto: Matthew Stockman/Getty Images/AFP
O técnico Mark Daignault — Foto: Matthew Stockman/Getty Images/AFP

— Eu prefiro pecar sendo agressivo. As chances favorecem quem é mais agressivo. Tenho ser assim com muitas coisas, dá o tom certo ao time. Queremos que eles joguem agressivamente e preciso treiná-los dessa forma se eu espero isso deles — explicou Daigneault sobre sua filosofia defensiva, no ano passado, analisando por que não tem medo que seus atletas atinjam o limite de faltas.

Com a experiência da derrota nas finais da Conferência Oeste para o Dallas Mavericks no ano passado, veio a casca para se transformar em um time campeão. Um time que alia talento em gestão, na quadra e na beira dela, e que deu à cidade de Oklahoma uma justa e merecida segunda chance de soltar o grito de campeão com sua jovem franquia.

título da NBA faz justiça a Oklahoma e premia junção de gestão a basquete bem jogado