Depois de ficar mais de 21 horas interditado, o acesso ao Cristo Redentor foi reaberto às 8h desta terça-feira, após fiscalização do Procon-RJ e do Corpo de Bombeiros. Os órgãos estiveram no monumento para verificar se havia ambulância e posto médico em funcionamento. A vistoria ocorreu dois dias após o turista gaúcho Jorge Alex Duarte, de 54 anos, morrer ao passar mal enquanto subia uma das escadas para chegar ao santuário. Como o posto de primeiros socorros estava fechado, o atendimento ao visitante demorou 34 minutos. Apesar de os problemas que levaram à interdição terem sido resolvidos, um dos pontos turísticos mais famosos do mundo ainda enfrenta dificuldades relacionadas à estrutura e à acessibilidade.
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Na manhã desta terça-feira, O GLOBO circulou pelo ponto turístico e constatou que falta sinalização indicando onde ficam o posto de primeiros socorros e as saídas de emergência. Também não há bebedouros, pinturas no chão marcando o início das escadas ou piso tátil para pessoas cegas ou com baixa visão.
Alguns funcionários, sob anonimato, relataram que é comum ver turistas bebendo água da torneira dos banheiros, já que as garrafas de água vendidas no local custam entre R$ 9 e R$ 13. Além disso, mencionaram problemas na manutenção do esgoto, cujo cheiro é perceptível em alguns pontos.
Um turista de Minas Gerais, que preferiu não se identificar, lamentou a precariedade da estrutura e relatou dificuldades para beber água e obter informações:
— A vista é incrível, mas a estrutura é uma vergonha pelo preço do ingresso. Há filas para tudo, muito calor e falta de acesso à água potável. Além disso, é difícil encontrar alguém para dar informações sobre o Cristo, a vegetação e o parque como um todo — disse ele, destacando também que o serviço de vans é confuso e carece de fiscalização.
Entre os problemas encontrados no cartão-postal, os que mais se destacam são os que envolvem a acessibilidade. Nesta terça, um elevador estava em manutenção e uma das duas escadas rolantes, interditada. Segundo funcionários, essa situação é recorrente, pois os equipamentos são antigos e vulneráveis a quedas de energia, que se tornaram frequentes desde dezembro.
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No parque, só há três elevadores para conectar o ponto de desembarque de passageiros, tanto do trem quanto das vans, a um dos níveis do monumento, a partir do qual o passeio pode continuar por escada rolante até o primeiro pavimento. Os visitantes também têm a opção de seguir a pé, por escadas comuns, como fez o turista gaúcho que sofreu um mal súbito no domingo.
Turistas também ressaltam que só há um banheiro destinado a pessoas com deficiência (PCD), localizado na estação de trem. No ponto de entrada e saída do trem, falta um parapeito. Em outros locais, há grades enferrujadas e em mau estado de conservação. Também há ausência de pintura de sinalização nas escadas, indicando degraus e mudanças de nível.

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O secretário estadual de Defesa do Consumidor, Gutemberg Fonseca, que acompanhou a fiscalização, afirmou que as concessionárias Trem do Corcovado e Paineiras Corcovado cumpriram as exigências para a reabertura, mas destacou que outras melhorias ainda são necessárias:
— O parque tem três elevadores e uma escada rolante com mais de 20 anos. É um sistema antigo, que não atende mais às necessidades dos consumidores. Um cadeirante, por exemplo, consegue subir até o Cristo, mas não tem acesso às lojas de souvenirs ou à capela.
Para atender pessoas com mobilidade reduzida, um representante do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela fiscalização das concessionárias, afirmou que há 17 funcionários treinados para auxiliá-las:
— Assim que a pessoa compra o ingresso e informa a necessidade de atendimento especial, um funcionário capacitado fica à disposição.
O ICMBio, responsável pela administração do Parque Nacional da Tijuca, onde fica o Cristo Redentor, informou que já tem um projeto aprovado para promover melhorias na acessibilidade. O prazo de conclusão das obras é até 2026. Entre os planos estão a modernização dos elevadores e a instalação de uma plataforma destinada ao transporte de pessoas com dificuldade de locomoção por rampas e escadas rolantes, além de passarelas, piso tátil e corrimãos duplos.
Há dois projetos hoje no Congresso Nacional que transferem do ICMBio para a Arquidiocese do Rio a área onde fica o monumento. Nesta terça, o padre Omar Raposo, reitor do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, celebrou uma missa em memória de Jorge Alex Duarte. A estátua também ficou apagada nas últimas três noites em sinal de luto. A Arquidiocese administra o espaço onde fica a estátua, mas a infraestrutura é de responsabilidade de uma concessionária contratada pelo ICMBio.
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