Vereador de Balneário Camboriú (SC), Jair Renan Bolsonaro (PL) chorou nesta quarta-feira ao comentar a decisão do irmão, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de se licenciar do cargo de deputado federal e morar nos Estados Unidos. O anúncio foi feito pelo parlamentar na última terça-feira, em um vídeo publicado nas redes sociais, e justificado pela “perseguição” que ele e sua família têm sofrido. O parlamentar, no entanto, não foi indiciado nem denunciado pela Procuradoria-Geral da República na investigação sobre a trama golpista. Em resposta à decisão, Jair Renan disse que “foi duro ver o discurso do irmão”.
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— Foi duro ver meu pai [Jair Bolsonaro] naquele estado. Eu, que sou irmão, já senti bastante, mas ele, né, meu pai. O que ele sentiu, muitos aqui sabem, muitos são pais— disse o vereador, com a voz embargada pelo choro, em um discurso na Câmara Municipal — Quando você vai atacar alguém, ataque a pessoa, e não a família dela.
Jair Renan também retomou uma discussão com o vereador Eduardo Zanatta (PT), iniciada na terça-feira. Na ocasião, o petista comentou a decisão de Eduardo e disse que “quem tem medo, foge”. Em resposta, no dia seguinte, Renan classificou a atitude de Zanatta como “mesquinha e de baixo calão”.
— Se acham que vão me calar, estão muito enganados. Eu vou continuar incomodando o sistema de Balneário Camboriú. A cobra vai fumar — completou.
Eduardo pediu formalmente nesta quinta-feira a licença da Câmara dos Deputados para morar nos Estados Unidos. De acordo com a assessoria da Casa, foi solicitada licença para tratamento de saúde por dois dias e mais 120 dias de afastamento por “interesse particular”.
“O deputado Eduardo Bolsonaro apresentou, às 18h30 desta quinta-feira (20/3), pedido de licença para tratamento de saúde por 2 dias, somado a licença para tratar de interesse particular por 120 dias – o que totaliza 122 dias. Tendo em vista que os afastamentos superam 120 dias, o suplente será convocado”, disse a assessoria em nota.
No site da Câmara, o perfil dele já aparece como deputado que “não está em exercício”. Nos Estados Unidos há 20 dias, ele estaria morando com a família no Texas, sugerem posts feitos por ele e pela mulher, Heloísa Bolsonaro.
Entre as publicações, aparece em destaque o vídeo em que o deputado comunica a sua decisão de permanecer nos EUA. O GLOBO apurou que a gravação foi feita em frente ao tribunal do condado de Dallas (Dallas County Corthouse), no estado americano. A localização foi confirmada por ele em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo na terça-feira, mas, na ocasião, o parlamentar não deu detalhes sobre a cidade em que estava morando.
Já um post publicado por Heloísa nas redes sociais na tarde desta quarta-feira, dia seguinte ao anúncio, mostra os dois filhos do casal brincando em um parque no município de Fort Worth, na região metropolitana de Dallas, distante cerca de 56 km do centro da cidade.
A mesma localização já havia sido marcada por ela em um segundo post, datado de outubro do ano passado, quando a família estava viajando pelos Estados Unidos. Durante a viagem, eles também passaram pela Flórida e visitaram com os filhos parques da Disney, como o Hollywood Studios. No mesmo período, o parlamentar esteve no resort Mar-a-lago, de Donald Trump, em Palm Beach (também na Flórida), para acompanhar as eleições americanas, que levaram à vitória do republicano nas urnas.
O estado do Texas também é o endereço de uma empresa da qual o deputado brasileiro é sócio. Registrada como Braz Global Holding LLC, a companhia também pertence ao empresário brasileiro Paulo Generoso, que a registrou em seu endereço residencial no município de Arlington, localizado entre Fort Worth e Dallas.
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Paulo Generoso chegou a ser citado no inquérito produzido pela PF sobre os atos golpistas. Segundo o relatório, ele integrava uma rede de influenciadores que teriam atuado “na disseminação de narrativas de interesse para objetivar a consumação do golpe de Estado”. No documento, investigadores detalham conversas entre o empresário e o tenente-coronel Mauro Cid, em que Generoso comenta sobre publicações em sua conta no X para, na época, com 98 mil seguidores, “pressionar o Alto Comando do Exército a aderir à ruptura institucional.
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