Bandidos da facção criminosa Comando Vermelho(CV), responsáveis pela execução do policial civil e agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) João Pedro Marquini, de 38 anos, morto com tiros de fuzil, no último domingo, na Serra da Grota Funda, entre os bairros do Recreio dos Bandeirantes e de Guaratiba, na Zona Oeste, teriam fechado a estrada para roubar carros e trocar um dos veículos que o grupo utilizava. A informação é uma das que estão sendo investigadas por policiais civis.
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Um Tiggo 7, usado pelo bando, estava com vidro dianteiro perfurado por tiros e foi atravessado na pista, na noite de domingo. Marquini dirigia um Sandero, que era seguido por um Outlander, conduzindo pela juíza Tula de Mello, do 3º Tribunal do Júri, com quem era casado. Ao parar no bloqueio, o agente desceu do carro e foi atingido por cinco tiros.
A magistrada conseguiu dar marcha a ré e retornar. Ela escapou sem ferimentos. O carro dela era blindado e foi atingido durante a manobra por pelo menos dois tiros. Um deles, inclusive, acertou a lataria da tampa do motor. Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital(DHC), que investigam o assassinato do policial, trabalham com a hipótese de que o Tiggo 7 teria tido o vidro atingido por tiros após um confronto com milicianos da Favela de Antares, ocorrido pouco antes.
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A suspeita é a de que cinco homens participaram da tentativa de assalto que acabou com o policial morto. A suposta utilização de mais dois carros pelos bandidos, além do Tiggo 7, também é investigada.
Nesta terça-feira, policiais da DHC realizaram uma perícia mais detalhada no Tiggo 7, apreendido na noite do crime, nas proximidades da Favela Cesar Maia, em Vargem Grande, também na Zona Oeste. Os investigadores tentaram encontrar vestígios de impressões digitais que ajudem a identificar os autores do assassinato. No início da tarde, o carro foi rebocado para o Pátio Legal da polícia Civil. Já se sabe que o automóvel era roubado e usava uma placa clonada, de outro carro, que roda no Estado de São Paulo.
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Um dos suspeitos de participar do crime é o traficante Rodney Lima de Freitas, o RD, que tem duas prisões decretadas em seu nome pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A especializada investiga se homens chefiados por RD voltavam da Favela de Antares, em Santa Cruz, onde teriam realizado um ataque contra milicianos, para a favela Cesar Maia, quando o grupo parou para roubar carros na Serra da Grota Funda.
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RD é apontado em investigações da Polícia Civil como suspeito de ser um dos integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) que usa a comunidade Cesar Maia como ponto de partida de ataques a territórios controladas por rivais em Santa Cruz e Guaratiba. Ele figura como réu em dois processos de crimes de homicídio que tramitam no TJRJ.
Num despacho que decretou uma das prisões do traficante, o juízo da 2ª Vara Criminal revela que o bandido integra um grupo de ataque do CV conhecido como “Os crias” ou “Equipe RD”. Segundo informações recebidas pela polícia, eles participam das invasões aos territórios da milícia.
Ex-integrante da milícia que age na Favela do Barbante, em Inhoaíba, em Campo Grande, atualmente comandada por remanescentes de Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho, que se entregou à Polícia Federal, em dezembro de 2023, RD trocou de lado e passou a integrar o tráfico. Ele é suspeito de envolvimento na morte de um homem, em 2024, executado no Barbante. Segundo dados da investigação, Rodney e outros três acusados, armados de fuzis e pistolas, renderam um casal. A mulher foi obrigada a correr, enquanto a outra vítima foi colocada num porta-malas de um carro e executada.
Em outro caso, RD e outro comparsa são apontados como responsáveis pela execução de um miliciano na Favela do Barbante, no dia 22 de fevereiro de 2024. A dupla chegou ao local em uma motocicleta, usando uniformes da Cedae. Em seguida, os dois dispararam dez tiros contra duas vítimas. Uma delas sobreviveu e outra morreu no local.
O policial João Pedro Marquini foi enterrado nesta terça-feira no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. Seus amigos policiais fizeram uma última homenagem ao colocarem seus brevês — distintivo que identifica a formação e as qualificações — sob o caixão. Houve salva de tiros. O helicóptero da Polícia Civil lançou pétalas de rosas sobre os presentes, minutos antes de o corpo ser sepultado, ao som palmas e orações. Muito emocionada, a mãe do policial precisou ser amparada.
Na ocasião, Felipe Curi, secretário de Polícia Civil, entregou a bandeira da corporação que estava sob o caixão para à viúva Tula Mello.