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Meca do agro e do sertanejo, Goiás quer ser polo de IA, mas startups têm dificuldade de reter talentos

BRCOM by BRCOM
abril 6, 2025
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Daniel Barbosa, CEO da Cilia, uma das startups do Hub Goiás, investe no relacionamento com estudantes para atrair futuros profissionais — Foto: Agência O Globo

Capital do sertanejo e dono de uma economia muito ligada ao agronegócio, Goiás tenta estimular a formação de um polo de tecnologia, mais precisamente de inteligência artificial (IA).

O Hub Goiás integra empresas, centros de pesquisas e universidades em um projeto que conta com incentivos do governo estadual e a parceria com o Porto Digital do Recife, que conseguiu formar um ecossistema de instituições de ensino e pesquisa e empresas de desenvolvimento de softwares em Pernambuco nas últimas duas décadas.

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Goiás quer fazer o mesmo com a IA, mas vem enfrentando um obstáculo: a dificuldade de reter talentos no estado, que vive uma espécie de “fuga de cérebros”.

Desde 2023, o Hub Goiás já impulsionou 160 startups de tecnologia, que estão investindo pesado em IA, mas têm perdido profissionais qualificados. Muitos têm sido atraídos para oportunidades no exterior ou em outros estados, ainda que não deixem fisicamente Goiás.

Daniel Barbosa, CEO da Cilia, uma das startups do Hub Goiás, investe no relacionamento com estudantes para atrair futuros profissionais — Foto: Agência O Globo

Nessa área há muita gente trabalhando remotamente, dizem empresários do setor, que também adotaram o expediente para compensar a falta de mão de obra no estado.

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  • Análise ágil e automática
  • Corpo a corpo nas universidades
      • Meca do agro e do sertanejo, Goiás quer ser polo de IA, mas startups têm dificuldade de reter talentos

Análise ágil e automática

Mesmo com essa limitação, o hub goiano já têm casos bem-sucedidos de aplicação da IA na vitrine. A Cilia, que recebeu apoio do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (Ceia-UFG) em 2018, desenvolveu uma tecnologia que faz orçamentos para seguradoras com base apenas em imagens de veículos avariados.

Sua plataforma envia quase 25 mil orçamentos diariamente e conta com colaboradores em sete estados. Entre os clientes, a Tokio Marine, por exemplo, passou a responder em cinco minutos fotos enviadas por seus segurados. Nas enchentes do Rio Grande do Sul, no ano passado, esse sistema permitiu a liberação de indenizações em apenas um dia. O processo costumava levar uma semana.

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— Recebemos 400 fotos por minuto. É um Instagram de carro batido — define o líder de IA da Cilia, Elze Neto.

Apesar do progresso do negócio, Daniel Barbosa, CEO da Cilia, diz que seu principal gargalo é a retenção de profissionais especializados em ciência de dados e IA.

Corpo a corpo nas universidades

Para minimizar a “fuga de cérebros”, a empresa tenta recrutar cientistas de dados diretamente nas universidades e estimula que esses profissionais criem um vínculo com o negócio antes mesmo de pegar o diploma.

— Todas as empresas estão desesperadas para contratar cientistas de dados. Goiás é uma fábrica desses profissionais. Estamos bem posicionados, capturando esses cientistas na universidade e tentando vincular com o nosso negócio — diz o executivo.

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Outro negócio que cresce no ecossistema local de IA é a Superbox, rede de pequenos mercados premium de autoatendimento desenvolvida para condomínios horizontais de classes A e B. A empresa surgiu em 2020 quando Cristiane Nogueira, fundadora e CEO, percebeu que, mesmo com o crescimento econômico do estado, os goianienses ainda preservam costumes interioranos e preferem morar em casas.

Goiânia tem um dos mercados imobiliários mais aquecidos do país. Dados do Índice FipeZAP mostram que o preço dos imóveis no município avançou 9,45% em 12 meses, até fevereiro, bem acima da inflação oficial no país no período (5,06%).

As 40 unidades da Superbox variam de 15 a 40 metros quadrados e vão de produtos básicos a carnes de primeira linha e vinhos selecionados por sommeliers. Há pontos pequenos, como geladeiras com bebidas saudáveis próximo às academias ou alcoólicas ao lado da piscina. Algumas lojas recebem pão quentinho às 5h da manhã.

A IA é usada para calibrar as reposições de acordo com a demanda específica de cada unidade. A empresa, que também foi apoiada pelo Ceia-UFG, também usa a tecnologia no monitoramento do autoatendimento: câmeras detectam comportamentos suspeitos e geram microvídeos para análise.

A Implanta trabalha na análise de dados de empresas para ajudá-las a mapear tendências de consumo e planejar estoques. O negócio cresce 35% ao ano, diz Rômulo Prudente, CEO da companhia que tem entre seus clientes multinacionais como Bayer e Mondelez e já atua em 15 países da América Latina. Desde 2020, a empresa usa IA para cruzar dados de vendas com os de fatores como clima e câmbio.

Outra iniciativa recente do governo goiano foi as Escolas do Futuro, focadas em ensino técnico — Foto: Divulgação
Outra iniciativa recente do governo goiano foi as Escolas do Futuro, focadas em ensino técnico — Foto: Divulgação

Prudente diz ter instalado a empresa em Goiânia por conta da qualidade da formação de profissionais especializados em tecnologia e IA na região, mas mesmo assim precisou “importar” colaboradores de outros dez estados, muitos trabalhando remotamente.

— Uma estrutura em uma cidade paulista como Campinas, por exemplo, seria 30% mais cara. Estamos em um polo valoroso de retenção de massa cinzenta para IA. Rompemos a necessidade do presencial para que negócios aconteçam, mas, considerando qualidade de vida, mão de obra e estruturas de relacionamento, vamos permanecer aqui, mesmo trabalhando globalmente.

No Ceia-UFG — que já alavancou R$ 300 milhões em investimentos e trabalha em 67 projetos nessa interação com o setor privado —, o home office também virou solução para reter talentos: quase 20% dos seus pesquisadores atualmente vivem fora de Goiás. Anderson Soares, coordenador do curso de IA da UFG, admite que o contrário também acontece. Muitos profissionais formados ali trabalham para empresas de fora.

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— É muito comum. Somos competitivos, mas não conseguimos cobrir essa diferença (de salário) na fase em que estamos — diz Soares, explicando que a UFG constatou rapidamente o potencial de focar em IA e se posicionou no mercado inspirada no pioneirismo do Polo Digital de Pernambuco na área de software, há duas décadas.

No entanto, enquanto Pernambuco conseguiu atrair empresas para o estado, ainda não há grandes companhias estabelecendo centros de P&D em Goiás.

— Empresas menores já abriram CNPJs aqui. A Synkar (de robôs para logística), por exemplo, tinha 80% de seus engenheiros no estado. Agora estamos negociando com empresas maiores — diz Soares.

Cleber Zanchettin, professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), relembra que seu estado enfrentou os mesmos problemas — formava excelentes profissionais, que deixavam Recife. Foi quando nasceu a proposta de um ecossistema integrado à capital pernambucana.

— O parque se tornou o coração da inovação porque é onde as ideias podem se transformar em realidade. Os parques de tecnologia que deram certo apostaram no desenvolvimento local. Você pode aproximar a tecnologia da academia e das empresas, mas isso só funciona se levar ao desenvolvimento local — diz.

É justamente isso que orienta os investimentos de Goiás, segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, José Frederico Lyra Netto. Além de impulsionar a IA, o governo mapeia áreas com pesquisadores atuantes e tecnologias que possam ser transferidas para as empresas, aproveitando a vocação local. Depois, cria centros de pesquisa vinculados às universidades com investimento estadual, como o Ceia-UFG.

— Já temos pesquisadores atuando em determinada área, mas como transferir esse conhecimento para a sociedade e empresas? Os centros de inovação olham para as demandas das empresas e estruturam projetos para aplicar tecnologia — explica Lyra.

Outra iniciativa recente do governo goiano foi as Escolas do Futuro, focadas em ensino técnico. Das seis unidades, cinco são focadas no ensino de tecnologia e inovação. Desde 2021, as escolas receberam mais de R$ 100 milhões de investimentos. De 2021 a 2024, as escolas receberam mais de 19 mil alunos em 669 cursos de tecnologia.

Fora da IA, um caso de sucesso é o da SyncBio, empresa sem fins lucrativos, que pesquisa e oferece consultoria na área de agricultura regenerativa. A companhia atua em duas fazendas em Bom Jardim (GO), integrando agricultura e pecuária com práticas sustentáveis.

SyncBio: empresa sem fins lucrativos, que pesquisa e oferece consultoria na área de agricultura regenerativa. Na foto, pivô central de irrigação na Fazenda Tropical — Foto: Divulgação
SyncBio: empresa sem fins lucrativos, que pesquisa e oferece consultoria na área de agricultura regenerativa. Na foto, pivô central de irrigação na Fazenda Tropical — Foto: Divulgação

— Nosso laboratório é terceirizado, mas já fazemos metagenômica (análise do DNA de microrganismos), análise de solo, planta e seiva. No futuro, queremos ter um laboratório e conseguir mais recursos para avançar nas pesquisas — diz Erick Van Den Broek, produtor rural e CEO da SyncBio, que conta com o apoio do Instituto Federal de Goiás (IFG).

Ele afirma que a agricultura regenerativa é uma mudança cultural, e a empresa já usa métodos envolvendo compostagem, multiplicação de fungos, bactérias e soil-food web (um método de regeneração de solo):

— O produtor consegue mais autonomia, sem precisar tanto de fertilizantes e defensivos. Isso diminui a necessidade de importação de alguns produtos.

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