Saúde mental é um tema que abrange diversas esferas da vida e não envolve apenas o bem-estar pessoal. Dr. Maurício Okamura, referência técnica em psiquiatria do Grupo Amil, explica que ter saúde mental significa um bem-estar consigo mesmo, ter uma boa noite de sono, poder desfrutar da companhia dos amigos, divertir-se e trabalhar com propósito, entre outros elementos.
Hábitos e culturas contemporâneos, como o excesso de trabalho e ficar preso ao celular por longos períodos, acabam impactando muito o comportamento e o lado emocional das pessoas, o que acarreta o comprometimento das saúdes física e mental, como detalha o especialista. O Dicionário Oxford definiu “brain rot” (cérebro podre) como a expressão do ano em 2024 após uma votação pública em que mais de 37 mil pessoas nomearam o termo como sua escolha principal.
— O brain rot se refere ao consumo excessivo de conteúdos de baixa qualidade e pouco desafiadores na internet. A ciência vem comprovando que esse comportamento encurta a capacidade de atenção, enfraquece a memória e distorce processos cognitivos, além de causar fadiga mental. De fato, vivemos uma epidemia de telas, com adultos e crianças passando horas assistindo vídeos curtos oferecidos on demand pelos algoritmos das redes sociais. É uma satisfação fugaz, um funcionamento semelhante à adicção. Por conta disso, tenho visto crianças muito irritáveis e intolerantes à frustração, além de adultos que sentem seus dias menos produtivos e vazios quando estão ao celular. Nem é preciso dizer o quanto isso está associado ao sedentarismo e maus hábitos alimentares. Assim, de certa maneira, saúde mental é um tema que vai entremeando a saúde como um todo – defende o Dr. Maurício Okamura.
O brain rot se refere ao consumo excessivo de conteúdos de baixa qualidade e pouco desafiadores na internet. A ciência vem comprovando que esse comportamento encurta a capacidade de atenção, enfraquece a memória e distorce processos cognitivos, além de causar fadiga mental”
— Dr. Maurício Okamura, psiquiatra do Grupo Amil
O especialista destaca que é importante jogar luz sobre as questões emocionais, mas de modo perene. Ele ensina que devemos olhar para o que nos faz mal, refletir sobre os discursos atuais que trazem sentimentos de raiva e de ódio, e como isso nos leva a um desconforto psíquico.
Assuntos como depressão, ansiedade e burnout, hoje em dia, fazem parte de rodas de conversa entre amigos. É fundamental prestar atenção aos sinais de alerta que mostram a necessidade de procurar ajuda especializada, como quando sentimentos e emoções começam a interferir no cotidiano, trabalho, estudos e nas relações familiares.
— A ansiedade faz parte da nossa vida, é praticamente impossível viver sem esse sentimento. Passa a ser um problema quando não conseguimos nos expor socialmente, quando o medo paralisa nossas ações ou quando a ansiedade adquire sintomas físicos intensos como taquicardia, sudorese, sensação de sufocamento. No caso da depressão, é momento de cuidar quando a tristeza começa a ficar intensa a ponto de perder o interesse na vida, o choro ficar frequente e incontrolável e o corpo começar a dar sinais como falta de energia, distúrbios no sono e apetite. O burnout é o esgotamento mental pelo excesso de trabalho caracterizado pelo cansaço extremo, diminuição no interesse e falta de propósito, irritabilidade e ironia. O desdobramento frequente é um quadro depressivo ou de ansiedade generalizada. Fica a reflexão sobre uma cultura que está sempre exigindo de nós uma versão melhor do que a nossa melhor versão. Você sempre tem que dar um pouco a mais, mesmo assim sente-se sempre aquém das expectativas – detalha o psiquiatra.
Para acolher e ajudar os beneficiários a tratar desses e outros sintomas, o Grupo Amil criou o Programa de Saúde Mental, que atende quadros que vão de baixa até alta complexidade.
Em 2024, foram mais de 32 mil atendimentos a pacientes de diferentes perfis, como o depressivo grave, com ideação suicida, e condições psicóticas. Os resultados foram positivos. A taxa de sucesso na recuperação de quadros de saúde mental com manejo ambulatorial chegou a 96%, evitando mais de 280 internações psiquiátricas.
— Nosso resultado reflete o monitoramento adequado das pessoas. Quando identificamos a crise de um paciente, colocamos um sinal no nosso sistema para intensificação dos cuidados. Assim conseguimos evitar um desdobramento para internação. Nossas ações envolvem trabalho em equipe oferecendo mais espaços para escuta do sofrimento e psicoeducação para paciente e familiares. São todas medidas preventivas para evitar o agravamento dos quadros – aponta o Dr. Maurício Okamura.
Teleconsulta e hospital para casos de alta complexidade
A rede assistencial do Grupo Amil conta também com atendimento em psicologia e psiquiatria por teleconsulta. O agendamento pode ser feito pelo aplicativo Amil Clientes ou pelo site da operadora. Só em dezembro de 2024 foram registrados cerca de 12 mil clientes em tratamento na plataforma.
— Há um primeiro agendamento de consulta de psicologia por telefone, onde o paciente passa por uma avaliação inicial e é feito um planejamento terapêutico com base na necessidade que ele traz. O psicólogo avalia o nível de suporte que o paciente precisa, vê a estratégia de psicoterapia, classifica níveis de gravidade. Caso necessário, é agendada uma consulta com psiquiatra, também em formato teleconsulta – detalha Diego Garcia, diretor médico da Amil.
Garcia explica que a teleconsulta é importante porque facilita o acesso ao atendimento:
— Temos pacientes no Brasil todo, que passam a ter acesso a teleconsultas em qualquer momento e onde estejam. É um facilitador muito grande, porque conseguem encaixar nas suas rotinas. Outro diferencial é que é possível ser atendido dentro de horários que não são convencionais, como no início da noite e aos sábados.
A eficácia das teleconsultas, o especialista explica, é muito semelhante ao atendimento presencial, especialmente em casos leves ou moderados. Na Amil, o paciente passa por uma jornada de cuidados que conecta todos os níveis e serviços disponíveis. No Programa de Saúde Mental da Amil, os pacientes em teleconsulta podem ser encaminhados para o presencial, caso seja necessário.
— Ele recebe um cuidado coordenado, independentemente do estágio que esteja – garante o médico.
Eventualmente, um paciente de alta complexidade pode precisar ser encaminhado para internação psiquiátrica. Nesses casos, além de hospitais credenciados, o Grupo Amil dispõe de leitos psiquiátricos no Hospital de Clínicas de Caieiras, no interior de São Paulo:
— Esses leitos acolhem principalmente internações de curta permanência, de até quatro dias. São casos como tentativas de suicídio e depressão que, após o acolhimento e tratamento multiprofissional, podemos observar a redução da angústia e dos riscos iniciais. Toma-se extremo cuidado para que no pós-alta ocorra o encaminhamento célere para o Programa Saúde Mental 360, nosso atendimento ambulatorial de alta complexidade – destaca Maurício Okamura.
Segundo o psiquiatra, a estrutura robusta é de suma importância para a eficácia do tratamento.
— Mas o fundamental está refletido na missão de nossa empresa: o cuidar. Na saúde mental fazemos isso escutando empaticamente a palavra e o sofrimento do paciente, acolhendo e oferecendo novas possibilidades de vida. Não há saúde sem saúde mental – finaliza ele.