República Dominicana encerra buscas por sobreviventes e abre investigação sobre desabamento de boate que matou 218 pessoas

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— Infelizmente e com pesar, há 218 mortes como número preliminar — disse à imprensa Juan Manuel Méndez, diretor do Centro de Operações de Emergência (COE), acrescentando que 189 pessoas foram retiradas dos escombros com vida. — Os membros da nossa brigada já estão concluindo os esforços de busca. Estamos tristes com esta tragédia que se abateu sobre o povo dominicano.

Mais de 300 socorristas trabalharam nos escombros de tijolos, chapas de zinco e barras de aço da boate nos últimos dias, auxiliados por um guindaste de construção, martelos hidráulicos e cães-farejadores. Desde que a equipe de emergência disse, na quarta-feira, que encerraria as operações de busca durante a noite, 74 corpos foram encontrados.

Entre os morto no incidente estavam a governadora da província de Monte Cristi, Nelsy Cruz — que chegou a ligar para o presidente do país, Luis Abinader, de debaixo dos escombros —, o cantor de merengue Rubby Pérez, um membro do congresso da República Dominicana e dois ex-jogadores da Major League Baseball: Tony Blanco e Octavio Dotel.

O governo dominicano anunciou que uma investigação sobre o incidente será aberta assim que as operações forem concluídas. A Jet Set funcionava desde 1994, mas o prédio tinha mais de 50 anos, e já havia abrigado um cinema. Não há um balanço oficial do número de presentes no show, mas a casa tinha capacidade para 700 pessoas em mesas e quase mil de pé.

Especialistas indicaram que a fórmula do desastre provavelmente incluem a combinação de uma estrutura sobrecarregada e má supervisão. A construção, de pé-direito duplo com paredes pretas, tinha um lounge grande e espaçoso com uma pista de dança iluminada, uma bola de espelhos, além de alto-falantes grandes e pesados ​​e efeitos de luz.

— Imagine carregar dois ou três sacos de cimento de 42,5 kg na cabeça… seus pés não vão aguentar — explicou Persio Díaz, professor de engenharia civil na Universidade Autônoma de Santo Domingo (UASD). — Se você sobrecarregar uma estrutura, ela não lhe suportará.

O arquiteto Garivalddy de Aza analisou a laje de cobertura no Instagram, notando que não tinha nenhuma coluna para “aliviar a carga” da estrutura.

“O teto desabou com seu próprio peso”, escreveu de Aza, observando também que o local não tinha colunas grossas nas laterais.

Outro fator que pode ter tido influência é que a boate registrou um incêndio em 2023 após um raio atingir a usina de energia do estabelecimento — embora os bombeiros tenha descartado, à época, que o prédio estivesse comprometido.

— Quando um projeto como esse é afetado por um incêndio de grandes proporções, a durabilidade do concreto é significativamente reduzida. Torna-se como uma espécie de concreto fraco — observou Díaz, acrescentando que a umidade da cidade costeira também pode afetar os materiais.

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O ex-presidente do Colégio Dominicano de Engenheiros, Juan Villar González, avaliou que o prédio tinha poucas saídas de emergência, e que aparentemente funcionou sob “pouca supervisão”. Ele disse ser necessária a criação de uma mesa entre autoridades e especialistas para estudar o que aconteceu e evitar que tragédias como essa aconteçam novamente.