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O peso caiu cerca de 9%, sendo negociado a 1.170 por dólar às 10h18 em Buenos Aires, de acordo com dados de preços compilados pela Bloomberg.
Os títulos soberanos subiram até 3,5 centavos por dólar. É o melhor desempenho entre os mercados emergentes neste momento, atrás apenas do Equador, cuja dívida disparou após a eleição presidencial de domingo.
As ações de empresas argentinas listadas nos Estados Unidos também subiam. Os recibos da petroleira YPF avançam 14%, e os papéis do Mercado Libre (MELI) operavam em alta de 4%.
O ministro da Economia, Luis Caputo, disse na noite de sexta-feira que o país receberá US$ 15 bilhões do FMI neste ano do total acordado com o Fundo. Daquele montante, US$ 12 bilhões chegarão nesta terça-feira.
Caputo também anunciou que as autoridades permitirão que a moeda seja negociada dentro de uma faixa entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar, além de suspender a maioria dos controles cambiais.
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Gestores de fundos já argumentavam que o país sul-americano deveria abandonar os controles, pois isso facilitaria o acúmulo de reservas em moeda forte — recurso necessário para sustentar o peso e pagar dívidas no exterior. Poucos, no entanto, esperavam que o governo tomasse essa medida antes das eleições de meio de mandato, previstas para o segundo semestre do ano.
— O fato de um acordo ter sido alcançado elimina dúvidas para aqueles investidores que não tinham certeza se um novo acordo seria assinado —disse Carlos Carranza, gestor de dívida de mercados emergentes da Allianz Global Investors, em Londres. — Os valores e o desembolso inicial são maiores do que o estimado pelo consenso, o que também deve ajudar a impulsionar os ativos argentinos.
Investidores também acompanham de perto os desdobramentos da visita do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, a Buenos Aires, onde ele se encontrará com o presidente Javier Milei.
O governo também está eliminando uma regra importante conhecida como “dólar blend”, para que todos os dólares oriundos de exportações sejam liquidados no mercado oficial de câmbio da Argentina — em vez do sistema dividido que vigorava há anos.
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Empresas também poderão enviar ao exterior parte dos dividendos referentes a este ano, enquanto os dividendos acumulados nos anos anteriores levarão mais tempo para serem liberados.
— A transição para um regime cambial mais sustentável, respaldado por forte apoio internacional, é um grande passo à frente para a estrutura de políticas — disse Graham Stock, estrategista sênior de dívida soberana de mercados emergentes da RBC Bluebay. —Já estávamos otimistas em relação ao ajuste de políticas em andamento na Argentina, mas os acontecimentos do fim de semana reforçam sua sustentabilidade.
