Foi um gesto de amizade que mudou tudo. Quando Carol Ribeiro começou a apresentar sintomas pouco compreendidos, foi Ana Claudia Michels — amiga de longa data e médica formada após a carreira nas passarelas — quem reconheceu os sinais de esclerose múltipla e a orientou a buscar ajuda neurológica. A partir dessa escuta atenta, surgiu o diagnóstico e, com ele, a conscientização sobre uma doença que ainda permanece cercada de dúvidas.
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Ana Cláudia Michels tem hoje 42 anos e trabalha como médica geriatra em São Paulo. Nascida em Joinville, Santa Catarina, ela começou a carreira de modelo aos 14 anos e, ao longo da década de 2000, desfilou para grifes como Chanel, Dior e Jean Paul Gaultier, além de protagonizar campanhas nacionais e internacionais.
Em 2012, no auge da maturidade profissional, decidiu que era hora de mudar de vida. Determinada, prestou vestibular e foi aprovada no curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo.
Durante os anos de graduação, conciliou estudos com a maternidade e, mais tarde, escolheu a geriatria como especialização. O cuidado com o outro, que motivou sua transição de carreira, também foi o que a aproximou ainda mais de Carol Ribeiro em um dos momentos mais delicados da vida da amiga.
Carol Ribeiro começou a sentir os primeiros sintomas da esclerose múltipla durante a pandemia. Eram sensações de calor intensas, lapsos de memória, dificuldades para se comunicar e uma fadiga que, segundo ela, “chegava a tirar o sono”.
Durante muito tempo, ela atribuiu esses episódios ao estresse ou a alterações hormonais. A convivência com Ana Cláudia, que há anos manteve o vínculo de amizade fora do circuito da moda, foi fundamental. Ao ouvir os relatos de Carol, a médica desconfiou que havia algo mais sério.
Diante das ondas de calor relatadas por Carol, Ana Cláudia recomendou a procura por um neurologista. O exame de ressonância magnética revelou lesões no cérebro características de esclerose múltipla. O diagnóstico trouxe alívio e medo, mas também a possibilidade de tratamento.
A esclerose múltipla é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central. Ela ocorre quando o sistema imunológico ataca a mielina, substância que reveste e protege as fibras nervosas. Isso pode comprometer a comunicação entre o cérebro e o corpo, gerando sintomas variados, como perda de força muscular, dificuldades de fala, visão turva e fadiga.
Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), mais de 40 mil pessoas vivem com a condição no Brasil. O diagnóstico costuma ocorrer entre os 20 e 40 anos, e mulheres são mais afetadas. Embora não tenha cura, a doença pode ser controlada com medicações imunomoduladoras, acompanhamento médico contínuo e terapias de apoio.
No caso de Carol, o diagnóstico precoce foi crucial para conter a progressão dos sintomas. Hoje, ela segue em tratamento e afirma estar aprendendo a lidar com os limites que a doença impõe.
Hoje, Ana Cláudia divide a rotina entre o consultório, os filhos Iolanda e Santiago, e a residência médica em geriatria. Em suas redes sociais, é discreta, mas compartilha ocasionalmente reflexões sobre a medicina, o corpo e o envelhecimento.
