O Papa Francisco, que morreu aos 88 anos, fez sua última aparição pública horas antes do falecimento, anunciado pelo Vaticano nesta segunda-feira.
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O Pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro neste Domingo de Páscoa, acenou para fiéis e desejou “Boa Páscoa”, com a voz já enfraquecida.
A esperança de ver o Papa Francisco levou milhares de católicos à Praça de São Pedro, no Vaticano. O Pontífice, que deixou o hospital há menos de um mês e se recuperava de um quadro de pneumonia bilateral, disse poucas palavras à multidão e repassou o microfone a um assistente.
Ao final da aparição, que durou pouco mais de 20 minutos, o argentino abençoou os féis. Na sequência, surpreendeu-os com uma volta na praça em seu papamóvel.
Até a manhã deste domingo, ainda havia dúvidas sobre uma possível aparição de Francisco. A assessoria de imprensa da Santa Sé indicou que ele queria participar, mas destacou que tudo dependeria das condições de saúde e do clima. Neste domingo, o Vaticano amanheceu nublado, sem chuva.
— Caros irmãos e irmãs, Boa Páscoa — destacou Francisco, antes de anunciar que o mestre de cerimônias leria o seu discurso.
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Papa Francisco saúda milhares de católicos na Páscoa
Devido à fraqueza e dificuldade para falar, a Santa Sé já havia indicado que ele poderia pedir ajuda a um colaborador para deixar a mensagem que seria a última de um dos pontificados mais marcantes da história recente da Igreja Católica.
“Não há paz possível onde não há liberdade religiosa, liberdade de pensamento e expressão”, diz trecho do discurso escrito pelo Papa Francisco para este domingo. O argentino pediu aos líderes políticos que “não cedam à lógica do medo que aprisiona” e que “quebrem as barreiras que criam divisões” e defendeu mais uma vez o desarmamento.
Francisco denunciou, em seu último discurso, o que chamou de “dramática e indigna crise humanitária” em Gaza e pediu um cessar-fogo, numa mensagem de Páscoa na qual expressou preocupação com “o crescente clima de antissemitismo que está se espalhando pelo mundo”.
“Faço um apelo às partes em conflito: cessem o fogo, libertem os reféns e prestem ajuda às pessoas que estão famintas e anseiam por um futuro de paz”, declarou o Papa na mensagem lida pelo assistente.
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Mais cedo, o Vaticano confirmou que o Pontífice se reuniu com o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, meses após criticar a política migratória americana do governo Trump.
Pela primeira vez desde sua eleição em 2013, o líder de 1,4 bilhão de católicos perdeu a maioria dos eventos da Semana Santa, incluindo a Via Sacra perto do Coliseu na sexta-feira passada e a Vigília Pascal na noite de sábado.
O único compromisso de Jorge Bergoglio nesta Semana Santa foi uma visita a uma prisão no centro de Roma na última quinta-feira, onde se encontrou com cerca de 70 detentos. É algo que ele fazia todo ano.
Questionado por repórteres sobre como estava vivendo a Páscoa deste ano, Francisco respondeu com a voz ofegante:
— Estou vivendo [a Páscoa] da melhor maneira possível — destacou.
No sábado, pouco antes da vigília, ele fez uma breve aparição pública na Basílica de São Pedro para rezar diante da imagem da Virgem Maria. Depois, cumprimentou vários fiéis e distribuiu doces para as crianças.
Debilitado por problemas de saúde e diversas cirurgias, Francisco esteve à beira da morte duas vezes durante sua última internação de 38 dias no Hospital Gemelli, de onde recebeu alta em 23 de março. Em suas últimas aparições públicas, ele não usava mais cânulas nasais de oxigênio.