Um ex-funcionário do Walt Disney World que invadiu os sistemas de menus usados pelos restaurantes do complexo de parques e hotéis e os alterou — mudando preços, adicionando palavrões e alterando informações sobre alérgenos — foi condenado a três anos de prisão por um juiz federal da Flórida, nos Estados Unidos, nesta semana.
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Segundo os registros do tribunal, nenhuma das alterações — incluindo informações falsificadas sobre alérgenos que poderiam ter sido prejudiciais aos visitantes — chegou a ser apresentada ao público. As alterações foram detectadas antes e não chegaram à etapa de impressão.
O ex-funcionário, identificado como Michael Scheuer, foi sentenciado na quarta-feira, em um tribunal federal em Orlando, após se declarar culpado em janeiro por uma acusação de fraude informática e outra de roubo de identidade agravado.
O homem de 40 anos foi condenado a pagar cerca de US$ 620 mil em restituição à Disney e outros US$ 70 mil à empresa de software, não identificada, que fornece o programa de criação de menus utilizado pela Disney.
Embora os documentos judiciais não mencionem diretamente o Walt Disney World, os menus apresentados como prova no caso de Scheuer são provenientes dos diversos restaurantes do complexo em Orlando. Representantes do Disney World não responderam aos pedidos de comentário.
De acordo com os documentos do tribunal, no início de junho de 2024, Scheuer havia retornado de uma licença-paternidade. Poucos dias depois, teve uma discussão com um supervisor sobre a criação de menus e foi informado de que seria suspenso. Em vez disso, acabou sendo demitido por má conduta, segundo os registros.
Uma investigação conduzida pelo FBI revelou que, a partir desse período e durante aproximadamente três meses, ocorreram múltiplas invasões nos servidores que hospedavam o programa de criação de menus. As alterações feitas incluíam reduções ou aumentos de alguns dólares nos preços, inserção de palavrões e modificação de informações sobre alérgenos em certos itens.
Por exemplo, em uma bebida chamada “Giddy-Up” — uma mistura de vodca, limonada e chá gelado —, ele reduziu o preço em US$ 2, segundo os registros, e diminuiu o peso de um filé-mignon. Em outro caso, alterou a palavra “shellfish” (frutos do mar) para “hellfish” (trocadilho em inglês com “inferno”). Em alguns menus, os preços ou as descrições dos itens desapareceram.
Mais grave ainda, Scheuer alterou certos itens do menu para indicar, falsamente, que eram seguros para pessoas com alergias a amendoim, nozes, frutos do mar e leite, conforme descrito no seu acordo de confissão.
Os promotores afirmaram que “a maneira discreta com que essas mudanças foram feitas provavelmente tinha como objetivo evitar a detecção”. No entanto, o advogado de Scheuer, David Haas, afirmou que seu cliente apenas queria chamar a atenção da Disney para que ela respondesse a ele.
Ele sabia que as mudanças nos menus seriam identificadas no rigoroso processo de revisão de menus da Disney”, afirmou Haas em um documento do tribunal.
De fato, a Disney percebeu as alterações e entrou em contato com o FBI, identificando Scheuer como um possível suspeito. Em setembro, o FBI executou um mandado de busca na casa de Scheuer e apreendeu vários dispositivos eletrônicos.
A denúncia criminal também revela que Scheuer bloqueou o acesso de 14 funcionários da Disney a suas contas corporativas através de ataques de negação de serviço (DDoS). Alguns dos funcionários visados eram ex-colegas envolvidos em sua demissão.
Em uma ocasião, Scheuer dirigiu até a casa de um desses funcionários pouco antes das 23h, caminhou até a porta da frente e fez um sinal de positivo para a câmera da campainha antes de ir embora, conforme mostram os registros.
Gregory W. Kehoe, procurador interino do Distrito Central da Flórida, afirmou que as ações de Scheuer foram, em parte, atribuídas a um episódio de saúde mental. Haas declarou, em entrevista na sexta-feira, que “o Sr. Scheuer continua arrependido e pede desculpas a seus antigos colegas de trabalho”, acrescentando que ele está agradecido ao juiz por ter imposto apenas uma sentença de 36 meses.