Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, estiveram na abertura oficial, no domingo. Na segunda (28), Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, passou pelos estandes. Os três completam seus segundos mandatos e desejam o apoio do agronegócio e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem grande apelo no meio, para emplacar candidaturas a presidente contra Lula (PT) em 2026. O presidente escalou para representá-lo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que resiste a se candidatar em São Paulo e fez votos, na véspera, pela candidatura do correligionário Márcio França ao governo.
— Fiz a lista aqui do que a gente tem que celebrar porque é muita coisa — disse Tarcísio depois de assinar, ele e seus secretários, “autorizos” para encaminhar projetos de lei para a Assembleia Legislativa do Estado (Alesp) e editar decretos, portarias, resoluções e parcerias para financiamento de seguro rural e da atividade agrícola a juros subsidiados.
Fora os elogios ao agronegócio e às ações próprias da equipe, o governador pincelou o discurso com a pauta ideológica, a exemplo de Caiado e Zema no domingo. Destacou que o seu governo entregou 4 mil títulos de regularização fundiária e classificou a medida como “aquilo que vai acabar com a algazarra e proporcionar o crédito”. Em outro momento, foi mais direto ao adotar a pauta anti-MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra):
— Aqui não tem Carnaval vermelho, Abril Vermelho. Aqui só tem Carnaval verde e amarelo, só tem Abril Verde e Amarelo. A gente não vai permitir o tumulto, a algazarra, a falta de segurança jurídica. Defendemos a propriedade privada, porque isso é que faz a diferença.
Nas andanças pela feira, Tarcísio tocou um berrante, abraçou apoiadores e tirou centenas de selfies com o público presente na Agrishow. No evento, entrou ao som do medley sertanejo “Boate azul/Sublime renúncia/Meu primeiro amor”, cantado pela dupla Bruno e Marrone. Ele sentou ao lado da primeira-dama, Cristiane Freitas, e do presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Alesp), André do Prado (PL), que já se posicionou como possível candidato ao governo caso o aliado político decida tentar a Presidência.
Ao agradecer o apoio da esposa, o governador de São Paulo imitou o “obrigado” do cantor Fábio Júnior, demonstrando estar à vontade. Depois, cometeu uma gafe ao cumprimentar “essa grande baleia”, ao invés da bancada federal paulista. Entre risadas do auditório, deu um abraço e chamou de “referência da política brasileira” o deputado federal Baleia Rossi, que construiu carreira política em Ribeirão Preto e preside hoje o diretório nacional do MDB. O partido faz parte da base do presidente Lula em nível nacional e compõe com Tarcísio no estado. Os laços com o governador foram estreitados na eleição pela prefeitura da capital, que terminou com a reeleição de Ricardo Nunes (MDB).
O discurso de viés mais eleitoral no evento coube ao secretário da Agricultura, Guilherme Piai (Republicanos), que deve sair candidato a deputado federal no próximo ano. Ele criticou diversas vezes o governo Lula, culpando a “irresponsabilidade fiscal” pela taxa de juros atual e alegando que o Brasil tem um dos seguros rurais “mais atrasados do mundo”. Mencionou ainda que as pastas de Agricultura e Meio Ambiente “andam juntas” no estado — a secretária Natália Resende discursou com um boné que levava a inscrição “o nosso agro tem força”.
— Não foi anunciado nada do governo federal na maior feira de agronegócio do mundo. E aqui, hoje, o governador de São Paulo, que valoriza a mulher e o homem do campo, tem 11 anúncios para o setor.