Um paramédico palestino, detido quando tropas israelenses mataram 14 socorristas palestinos e um funcionário da ONU em 23 de março, foi libertado pelo Exército israelense nesta terça-feira no sul de Gaza. Assad al-Nassasra esteve detido por 37 dias e integra o grupo de 10 pessoas libertadas nesta terça-feira.
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O Exército atribuiu o ataque a “falhas profissionais” e demitiu o subcomandante do Batalhão Golani, envolvido nas ações em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. O Crescente Vermelho Palestino rejeitou as conclusões da investigação, classificando o relatório como “cheio de mentiras.
“É inválido e inaceitável, pois justifica o assassinato e transfere a responsabilidade para um erro pessoal do comando de campo, quando a verdade é bem diferente”, declarou Nebal Farsakh, porta-voz da organização, em nota à AFP.
A investigação israelense confirmou que os soldados abriram fogo em três momentos distintos naquele domingo. O primeiro alvo foi um veículo supostamente ligado ao Hamas, onde dois palestinos morreram e um foi preso. Cerca de uma hora depois, os disparos atingiram ambulâncias do Crescente Vermelho e veículos da Defesa Civil, matando outros 12 socorristas. Um terceiro ataque atingiu um veículo da ONU.
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Segundo o Exército, os três episódios resultaram de “erros operacionais”, e o ataque ao carro da ONU “violou os regulamentos”. “O exame determinou que o incêndio nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional por parte das tropas, que acreditavam estar diante de uma ameaça tangível de forças inimigas”, diz o comunicado.
Relatórios apontaram que diversos corpos estavam mutilados. Um dos homens teve o corpo decepado da pelve para baixo. Todos os corpos apresentavam estado parcial ou severamente decomposto, o que dificultou conclusões adicionais, como a distância dos disparos.
O Crescente Vermelho Palestino reforçou a condenação ao relatório, considerando-o prova da “política sistemática de distorção da verdade” por parte de Israel para isentar seus soldados de responsabilização. Um funcionário humanitário da ONU em Gaza alertou que “a falta de responsabilização real enfraquece o direito internacional e torna o mundo um lugar mais perigoso”.