o que revelaram as conversas obtidas pelo GLOBO

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As conversas, captadas na Operação Dakovo, deflagrada em dezembro de 2023, deixou clara a subordinação da polícia ao tráfico naquela região. Desde a semana passada, a Secretaria de Polícia Militar do Rio de Janeiro não informa se os oficiais envolvidos foram afastados. Em nota, a corporação declarou somente que a Corregedoria não foi notificada sobre a investigação da Polícia Federal, apesar de a operação ter sido deflagrada há mais de dois anos. Acrescentou ainda que, diante da gravidade dos fatos, solicitará os autos para PF para instaurar um procedimento interno.

As principais denúncias envolvendo a relação dos PMs com traficantes

Comandante da UPP avisa traficante sobre mudança de posto

O comandante da UPP Nova Brasília informou a Professor que seria transferido para Manguinhos, além de que o novo major que assumiria a unidade manteria o acordo existente com o tráfico.

• Comandante da UPP: “Mano, queria te dar outro papo.”
• Professor: “Pode falar, mano.”
• Comandante: “Vai trocar aí, vou lá pro Manguinhos. Vai assumir um major aí, mas gente boa, sujeito homem.”
• Professor: “Caraca, é mesmo, mano?”
• Comandante: “Não queria ir, mas não tem jeito. Já vou chegar em Manguinhos com guerra lá. Só dor de cabeça.”
• Professor: “Lá tá f…, mas eu falo com o dono de lá. Deixa esse na mesma sintonia com nós?”
• Comandante: “Quando passar o comando, vou passar tudo pra ele, já até falei com ele. Bagulho dele é um papo também.”
• Professor: “Já é, mano. Aí tu deixa na sintonia.”

Comandante elogia gestão do tráfico feita por Professor

Ainda na mesma conversa, o comandante elogia como Professor administra o tráfico no Alemão, reconhecendo sua liderança e tentando desresponsabilizá-lo por atos de outros criminosos.

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• Comandante da UPP: “Tua gestão é boa. O que te deixa mal são os roubos da Canitar, que vão cair tudo na tua conta. Mas eu tô ligado que não é você, só que pra te defender é f…”

Novo comandante da UPP recebe reclamação sobre patrulhamento

Com o novo comandante à frente da UPP Nova Brasília, Professor procurou o oficial para reclamar da movimentação de policiais próximos aos pontos de venda de drogas. O novo major prometeu tomar providências.

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• Novo comandante da UPP: “Oiiii, Boa noite.”
• Professor: “Mano, mudou o comando, né? Queria falar sobre uns policiais que tão entrando ali pela Praça do Sagaz e indo no fundo da firma. Nunca tivemos problemas, fica cada um no seu espaço pra gente evitar algum estresse. Nunca teve isso ali, policiamento parando os viciados e cercando por perto da firma.”
• Novo comandante: “Tá beleza, vou ver. Quando foi isso? Foi hoje?”
• Professor: “Sim, hoje e ontem.”
• Novo comandante: “Tranquilo, vou ver isso aí.”

Traficante pede retirada de blindado da favela

Professor solicitou que policiais da UPP Nova Brasília retirassem o blindado (caveirão) que estava na comunidade, alegando que a presença do veículo atrapalhava a movimentação do tráfico. O pedido foi atendido.

• Professor: “Vê se dá pra tirar o caveirão daí. Tá atrapalhando.”
• Policial da UPP: “Beleza, vou desenrolar isso aí.”

A Secretaria de Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que a Corregedoria ainda não foi notificada oficialmente pela Polícia Federal sobre a investigação. Em nota, a PM declarou que, diante da gravidade dos fatos, solicitou os autos da investigação para instaurar um procedimento interno. Desde a semana passada, a corporação não confirmou se os oficiais envolvidos foram afastados.

O que foi a operação Dakovo

A Polícia Federal desmontou uma rede de tráfico de armas que operava da Europa para a América do Sul, movimentando cerca de R$ 1,2 bilhão em três anos. A investigação identificou uma empresa sediada em Assunção, no Paraguai, como responsável pela importação de cerca de 43 mil pistolas, fuzis e munições de fabricantes localizados na Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.

As armas chegavam ao Paraguai legalmente, mas eram posteriormente adulteradas — com a raspagem de numeração — e repassadas a intermediários que atuavam na fronteira com o Brasil. O destino era o arsenal de grandes facções criminosas brasileiras.

Desde o início da operação, foram registradas 67 apreensões em território brasileiro, somando 659 armas localizadas em dez estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará.

A operação foi coordenada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, com apoio da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad), do Ministério Público paraguaio e da Força-Tarefa Internacional de Combate ao Tráfico de Armas e Munições (FICTA), que reúne, entre outros, a agência americana HSI (Homeland Security Investigations) e a Secretaria Nacional de Segurança Pública.