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Às vésperas do conclave, principais candidatos ao papado enfrentam acusações de omissão em casos de abuso sexual

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maio 2, 2025
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Cardeal Pablo "Ambo" David, bispo de Kalookan — Foto: Divulgação / Vaticano

Enquanto era instalada no teto da Capela Sistina, no Vaticano, a tradicional chaminé de onde, a partir de 7 de maio, deve sair a emblemática fumaça — preta se um Papa não for eleito, mas branca se um cardeal atingir os 89 votos necessários —, um grupo de defesa das vítimas de abusos lançou uma verdadeira bomba midiática. Em uma entrevista coletiva, Anne Barrett Doyle, diretora da organização Bishop Accountability, alertou que o cardeal italiano Pietro Parolin e o filipino Luis Antonio Tagle, os dois candidatos favoritos para suceder o Papa Francisco, não seriam boas escolhas para liderar a Igreja por causa de seus históricos questionáveis ​​no tratamento de casos de abuso sexual na Igreja.

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— Não podemos ter outro Papa que não tome medidas contra o encobrimento — disse Doyle, enfatizando que “pouco se falou sobre o envolvimento de Parolin em casos de abuso devido ao seu perfil diplomático, visto que ele nunca liderou uma diocese como bispo. — Nenhum prelado sênior da Igreja guardou tantos documentos secretos sobre esta questão quanto Parolin, [que é o secretário de Estado do Vaticano].

Doyle ainda expressou preocupação sobre a possibilidade de Parolin se tornar Papa, acusando-o de defender os interesses da Igreja enquanto mantém segredo e falta de transparência.

— Ficaríamos perturbados se ele se tornasse Papa, porque ele continua a encobrir informações e não é um modelo de transparência — afirmou.

Além disso, a diretora enfatizou que “qualquer solicitação de informações sobre casos de abuso passa pelo gabinete do secretário de Estado”, embora tenha esclarecido que a responsabilidade, na verdade, também recai sobre a seção disciplinar do Dicastério para a Doutrina da Fé. Ela relatou que autoridades da Austrália, país afetado por escândalos de abusos sexuais clericais, solicitaram informações à Santa Sé anos atrás sobre casos envolvendo centenas de crianças abusadas, mas nunca receberam resposta.

— A decisão de não cooperar com a Comissão Real constitui obstrução da Justiça — disse Doyle.

Doyle também denunciou a recusa da Santa Sé em publicar o relatório de 300 páginas preparado pelo arcebispo maltês Charles Scicluna e pelo prelado espanhol Jordi Bertomeu, que foram enviados pelo Papa Francisco ao Chile em 2018 para investigar o escândalo de abusos que afetou a Igreja no país.

— A Santa Sé não quer divulgar esse relatório, e isso é um encobrimento — acrescentou ela.

Parolin, ainda de acordo com Doyle, trocou cartas com o ex-arcebispo dos Estados Unidos Theodore McCarrick, removido por Francisco — o primeiro cardeal “demitido” por um Papa — devido a alegações de abuso sexual. No entanto, a pedido de Francisco, o Vaticano conduziu uma investigação completa sobre o caso de McCarrick e, desta vez, publicou um relatório público sobre ele. O texto deixou claro que, embora tenha havido algum acobertamento por parte do Vaticano, isso ocorreu durante o pontificado de João Paulo II.

As acusações não recaíram apenas sobre Parolin, mas também sobre Luis Antonio Tagle, que foi criticado por não ter sido um líder firme na luta contra o abuso sexual. Doyle, embora não tenha apresentado evidências de que Tagle tenha encoberto algum caso específico, explicou que as Filipinas — um dos países mais católicos do mundo, junto com México e Brasil — a Igreja continua sendo uma instituição muito forte e influente, o que impediu que o escândalo se espalhasse.

— Tagle tem sido o bispo mais influente nas Filipinas nos últimos anos e é um cavalheiro quando fala sobre abuso e vítimas. Mas quando fomos às Filipinas, o que encontramos nos chocou. Lá, as vítimas de abuso estão tão assustadas que, até agora, apenas uma se manifestou publicamente — observou Doyle.

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Para ela, poucas vítimas ousaram se apresentar e denunciar o incidente devido ao medo que ainda persiste na sociedade.

— É uma Igreja tão atrasada que nunca publicou o documento com diretrizes para prevenir abusos. Tagle nem conseguiu isso, que as diretrizes fossem publicadas. O que podemos esperar se ele se tornar Papa? — questionou.

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  • Ameaças, pressão e intimidação
  • Está surgindo outro candidato?
      • Às vésperas do conclave, principais candidatos ao papado enfrentam acusações de omissão em casos de abuso sexual

Ameaças, pressão e intimidação

Michal Gatchalian foi vítima de abuso aos 17 anos e se tornou a única pessoa nas Filipinas que, em 2002, ousou registrar uma queixa.

— Apresentei minha queixa à polícia há mais de 23 anos. Fiz isso sozinho, sem o apoio da minha família, da minha comunidade ou de qualquer outra pessoa. Agora, 23 anos depois, sou advogado e muito pouco mudou. As vítimas enfrentam as mesmas dificuldades. Essas mesmas ameaças, pressão e intimidação ainda estão presentes hoje — denunciou Gatchalian.

Shay Cullen é um padre missionário irlandês que está nas Filipinas desde 1969, defendendo os direitos das crianças e conhecido por denunciar abusos no país asiático. Cullen criticou abertamente o cardeal Tagle, embora não o tenha vinculado a nenhum caso específico. Em vez disso, ele o apontou como o líder da má gestão de abusadores pelos bispos filipinos.

Cullen, fundador da Fundação Preda, denunciou o “silêncio total” mantido durante anos e explicou que, embora tenham conseguido levar 34 abusadores à Justiça e obter mais de 20 condenações, nenhum padre foi condenado .

— Espero que o futuro Papa seja ainda mais assertivo do que Francisco, responsabilizando os bispos e impedindo o encobrimento. Não acho que Tagle esteja comprometido em proteger as crianças. Precisamos de um verdadeiro defensor dos direitos das crianças — afirmou o padre.

Quando questionado se tinha alguma evidência de que Tagle havia encoberto casos, Cullen admitiu não ter nenhuma informação sobre o assunto.

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— Ele liderou a Igreja Filipina e não vimos um esforço de sua parte, como líder da Arquidiocese de Manila, para abordar ou impedir isso. Não houve esforços concretos para pôr fim ao encobrimento. Não fazer nada é como encobrir — concluiu.

Está surgindo outro candidato?

Cullen, por sua vez, não hesitou quando perguntado sobre quem ele consideraria um bom candidato ao papado. A sua resposta foi de outro filipino: o cardeal Pablo “Ambo” David, bispo de Kalookan.

Cardeal Pablo “Ambo” David, bispo de Kalookan — Foto: Divulgação / Vaticano

— Estou promovendo o Cardeal Pablo ‘Ambo’ David, um defensor dos direitos humanos que confrontou os assassinatos perpetrados durante o governo do ex-presidente Rodrigo Duterte. Ele denunciou abusos e defendeu que crimes cometidos por membros do clero deveriam ser julgados em tribunais civis. Ele é uma pessoa íntegra e seria ótimo se fosse eleito Papa, representando as Filipinas — afirmou. — Chegou a hora de um Papa filipino que defenda os direitos humanos e proteja as crianças.

Pablo “Ambo” David, que foi criado cardeal no último consistório de Francisco, em dezembro de 2024, tem 66 anos, é presidente do episcopado filipino e, assim como Tagle, é muito carismático, mas é menos tímido e mais corajoso. David, por outro lado, participou do sínodo sobre sinodalidade — um processo de escuta coletivo que visa repensar o papel da Igreja Católica no mundo contemporâneo — e pelo menos 60 cardeais o conhecem porque ele marcou presença lá.

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No entanto, David também está sob investigação nas congregações gerais. Segundo analistas, ele pode ser uma figura que surge após o primeiro turno de votação, quando os eleitores percebem que os dois grandes favoritos não têm consenso suficiente para atingir os 89 votos.

Já o jesuíta Hans Zollner, o maior especialista em abusos do Vaticano, se mostrou mais do que cético sobre essas acusações da organização Bishop Accountability.

— O que Parolin disse não é verdade: como podem dizer essas coisas sobre Parolin? — questionou Zollner, observando que havia falado diversas vezes com pesquisadores suíços, aos quais tentou explicar “qual seria o procedimento correto para solicitar informações, por meio dos canais diplomáticos normais”.

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