Desde a última segunda-feira, Sabrina Cipriano, de 22 anos e moradora de São João de Meriti, Baixada Fluminense, tem dormido com o marido dentro de um carro estacionado nos arredores do Copacabana Palace para não perder tempo com deslocamento numa das semanas mais importantes do ano: a do show de Lady Gaga, marcado para este sábado, dia 3. Mas ela está em Copa para mais do que assistir ao show. Às 9h da manhã desta sexta-feira, ela estava já na porta do Copacabana Palace, onde a cantora se hospeda, vendendo camisetas (“a partir de R$80, mas tem gente que chora para R$ 70”, diz ela), copos (R$ 20 cada) e doleiras (R$ 25) para os poucos fãs que passavam àquela hora.
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— Eu trabalho aqui o ano todo, não é só em evento, não. Vendo coisas para turistas, mas, desde segunda, estou vendendo produtos da Lady Gaga. Está fluindo bem.
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Sabrina fez esquema semelhante na época da apresentação de Madonna, no ano passado, e dá o veredito sobre quem movimentou mais sua economia particular no mesmo período de tempo:
— Madonna, sem dúvida nenhuma.
O carioca Jorge André, que também estava desde cedo em Copacabana, vendendo leques, copos e faixas, discorda. Para ele, está dando empate entre as divas. Diferentemente de Sabrina, Jorge não é ambulante do bairro, é profissional de show. Onde tem multidão musical, lá está ele. O último grande evento do qual participou foi no Engenhão, no show da banda de k-pop Stray Kids, há cerca de um mês.
— Vendi muita capa de chuva lá — diz Jorge, que, nesta sexta, tinha os leques como campeões de venda até quase a hora do almoço.
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Profissionais como Jorge são bem comuns nesse tipo de evento que envolve idolatria e milhares de pessoas. Sejam jogos de futebol ou megashows, lá estão eles, com blusas, copos, faixas, capas ou guarda-chuvas disputando os corações balançados de fãs. Eles chegam a viajar o Brasil tal qual os artistas. É o caso de Marcos Guimarães, de Belo Horizonte, que seguiu Bruno Mars no ano passado por todas as cidades que o americano passou vendendo souvenirs do músico. O saldo da turnê, no fim, foi positivo, mas essa profissão é “um jogo”, diz Marcos, que preferiu não ser fotografado.
— Tem hora que você vende, tem hora que não vende. É apostar na sorte.
Para o show de Lady Gaga, ele investiu R$ 20 mil, entre mercadorias, alimentação, transporte. A hospedagem é na casa de amigos.
— Cariocas vendedores também. Tem um intercâmbio entre nós. Um ajuda o outro.
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Henrique Gomes, de São Paulo, não tem esse esquema de ajuda e está na mesma de Sabrina: dormindo no carro e trabalhando até altas horas. Ele já também já rodou o Brasil com souvenirs, e sua última passagem pelo Rio foi no show da Shakira, no Engenhão, em fevereiro.
— Na Shakira foi meio fraco. Mas esse aqui está vendendo — diz Henrique, que chegou nesta sexta-feira, mas ficou animado com o movimento. Mal chegou e vendeu cinco camisetas. — Trouxe 200 blusas. Um amigo meu faz e eu vendo. Investi R$ 6 mil em camisa. Aceito débito, crédito e pix.
Mais longe da praia, com um “varal” armado na esquina entre duas ruas, estava Carlos Augusto, morador de Cascadura, que trabalha como ambulante há 30 anos em Copacabana.
— Eu trabalhei em todos os eventos que tem na praia, mas não gosto de trabalhar lá (no calçadão), muito tumulto – confessa, Carlos, que vende bolsas também a R$ 30 e blusas a R$ 50 e R$ 60 e pretende ficar nesse ponto até a hora que “os guardas deixarem”. — Eles passam, voltam. Eu vou para a rua do lado. Onde puder, eu boto (o varal). Não coloco em frente de loja, nem em porta de edifício. Mas aqui o pessoal já me conhece nos eventos. Botei na Madonna uns quatro dias antes.