BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result
No Result
View All Result
BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result

Caro ou justo? Preço das corridas está atrelado à experiência e à estrutura, não somente ao kit; entenda

BRCOM by BRCOM
maio 3, 2025
in News
0
Douglas Caloço na Maratona da Fila, em São Paulo: planejamento para correr principais provas — Foto: Arquivo pessoal

Douglas Colaço, de 43 anos, pegou todo o bônus que recebeu no final do ano de 2023, referente a horas extras no trabalho em uma montadora de carros, e saiu comprando inscrições para corridas de rua para o ano seguinte. Resultado: correu 16 provas em 2024, mais de uma por mês. Gastou cerca de R$ 2.800 (valor apenas das inscrições) com distâncias variadas, entre 5k e 42k, em São Paulo, Santos, Brasília e Curitiba.

Para 2025, sem o extra no salário, ele teve de segurar o pace. Já pagou três corridas e quer fazer “apenas” quatro. Explicou que vai priorizar as de maior quilometragem e o trabalho de fortalecimento muscular.

— Compro com antecedência na pré-venda ou no primeiro lote, quando os preços são mais baratos. Igual a passagem área e show — explica Douglas, expert em macetes para economizar. — Tem provas que abrem inscrições um ano antes e ainda dão bônus para quem comprar a da vez e a do ano seguinte.

Douglas tem priorizado as provas no Brasil, mas se programa para correr no exterior a partir do ano que vem, começando pela América do Sul. Vai para a Maratona da Argentina no segundo semestre e emendar com férias.

Douglas Caloço na Maratona da Fila, em São Paulo: planejamento para correr principais provas — Foto: Arquivo pessoal

Ele diz que além do custo das inscrições — e em alguns casos da passagem aérea e hospedagem — tem ainda o gasto com a preparação, o “pré-prova”. Por isso, planilha tudo desde o tênis novo ao consumo de proteína.

— Se deixar de comer fora duas vezes por mês, dá para viajar pelo menos uma vez por ano para fazer uma prova no Brasil. É preciso programação — opina Douglas, para quem os valores das inscrições são justos. — Não trabalho com eventos mas sei o custo das coisas. Teve uma corrida em São Paulo, por exemplo, que eu socorri uma corredora que passava mal. Em instantes o estafe da organização já a levava para uma ambulância. A estrutura é complexa.

Que o diga João Traven, diretor da Spiridon e fundador da Maratona do Rio, a maior do país. Ele conta que não é simples botar uma corrida de pé e que muitas vezes empresas grandes o procuram para realizar corridas proprietárias e se surpreendem com esta lista.

— Não é só o kit, a medalha e a banana. Tem as autorizações, taxas, estrutura da corrida e do pós-prova, serviços, despesas com o estafe, ambulâncias, transporte dos itens, segurança, limpeza… E muitas vezes o grande público não se dá conta do que entra nesse cálculo — explica Traven, que afirma que o preço médio das corridas de rua que não têm incentivo de patrocinadores gira em torno de R$ 80 a R$ 100. — Com mais inscritos, dá para colocar o valor mais baixo das inscrições. Mas, as corridas de marca acabam sendo mais caras porque muitas vezes as empresas colocam produtos e brindes nos kits, além das ativações e atividades.

Traven lembra que há provas com inscrições mais baratas — e menos serviços. E até corridas gratuitas. Conta que em março realizou a Corrida e Caminhada Rio Bossa Nossa e a Corrida do Consumidor, ambas na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, com inscrições gratuitas. E no feriado de 1.º de maio, entregou o 1º Circuito Cury – Porto Maravilha com inscrição a R$ 40.

No caso da Maratona do Rio, que será realizada em junho, os preços variaram de R$ 129 (5k, kit sem camisa) a R$ 558 (Desafio 21k + 42k, com camisa).

— Tem corrida de tudo quanto é tipo, preço e até de graça. No caso da Cury só o valor do kit (com camisa, viseira, número de peito e chip, além da medalha) e o pós-prova ficou mais caro do que o cobrando com as inscrições. Mas nem todas têm patrocínio — comenta Traven, que diz que a Maratona do Rio, para 60 mil pessoas, tem custo altíssimo — E neste caso não é só a corrida, tem toda uma entrega de entretenimento e pós-prova que faz com que a procura seja muito grande. O custo acompanha a experiência. A Maratona do Rio é um Rock in Rio.

Para Rafael da Cruz Oliveira, de 41 anos, proprietário da assessoria TFF, há sete anos no Aterro do Flamengo, é justamente a experiência que “fisga” o corredor. O clima da corrida, pontos de hidratação suficientes, e o pós-prova são valorizados pelos corredores.

Mas afirma que não tem sido fácil juntá-los para as provas. Isso porque muitos eventos mal oferecem o básico. Não à toa, ele diz, há reclamações sobre os valores cobrados. Afirma que os corredores querem outros benefícios, além é claro, da estrutura que precisa ser boa.

— O valor é alto quando a experiência não é satisfatória. Já participamos de prova que até a hidratação foi difícil, por exemplo. Às vezes nem água e banana os corredores conseguem ter no final — lamenta Rafael. — As reclamações que mais escuto e que vejo que outras assessorias também são referentes aos valores dos kits e a falta de atenção às ações e ao “social”. O kits são sempre os mesmos, mudam apenas a cor da camisa. Alguns até tentam variar mas erram na proposta. Teve uma prova que incluiu na sacola um relógio de parede.

Rafael comenta que, em geral, as assessorias esportivas conseguem firmar parcerias com os organizadores de prova. E que no seu caso, os descontos nas inscrições são revertidos em estrutura própria para atrair os corredores. A TFF pega os kits da galera, monta tenda com café da manhã generoso, coloca professores à disposição tanto para o aquecimento, antes do evento, como para o alongamento e o recovery, no final.

— Eu ofereço a experiência que as algumas empresas não dão. Sem esse suporte a grande maioria não faria a prova.

Conteúdo:

Toggle
  • Trilhas: segurança e arenas
      • Caro ou justo? Preço das corridas está atrelado à experiência e à estrutura, não somente ao kit; entenda

Trilhas: segurança e arenas

No caso das corridas de trilha, as experiências são mais caprichadas e evidentes — e os preços também. Isso porque os eventos, geralmente, acontecem fora das grandes cidades e os organizadores montam estruturas complexas.

A TUTAN (Transmantiqueira Ultra Trail Agulhas Negras) que começou nesta quinta-feira e vai até domingo, tem área de convivência com cerca de 9 mil metros quadrados e 20 horas shows, durante os quatro dias de evento. As provas vão de 12k a 100k. Marcos Campos, um dos organizadores e diretor de prova, diz que este a TUTAN vai além do esporte, é programa para toda a família.

— A corrida de montanha é mais cara do que a de asfalto. A estrutura é mais robusta, a corrida passa por áreas distintas, é preciso negociar com vários proprietários, nossa equipe de resgate é muito mais treinada, a ambulância tem de ser 4×4… Demanda um custo muito maior — explica Marcos, que destaca ainda a área de convivência e shows e o Festival de churrasco e cerveja artesanal.

Ele diz que ainda assim abaixou o ticket médio das provas, uma vez que dobrou o número de participantes. Em 2024, o ticket médio para a TUTAN foi R$ 570 e este ano, R$ 450.

WTR em Nova Lima: corrida de trilha ganha novos adeptos que querem estar em meio à natureza — Foto: Felipe Almeida/Divulgação
WTR em Nova Lima: corrida de trilha ganha novos adeptos que querem estar em meio à natureza — Foto: Felipe Almeida/Divulgação

Gabriela Corrêa, diretora da World Trail Races, comenta que segurou os valores dos ingressos para as provas de trilha do circuito, que este ano terá seis etapas. Afirma que o ticket médio para o circuito ficou entre R$ 200 e R$ 250.

Ela afirma que a prova ultra, de 60k, que acontece nas duas últimas etapas do ano, custa no último lote R$ 540 (kit com camisa) e R$ 690 (kit com camisa e garrafa térmica). Teve pequeno aumento porque o kit ganhou um novo item. Já a prova longa que chega a 30k começa com R$ 330 (kit com camisa) e R$ 480 (kit com camisa e garrafa).

— A gente sabe o quanto o atleta gasta na logística. A gente tenta repassar o mínimo mas tem de ser uma conta saudável para a gente. Estamos muito no limite — comenta Gabriela, para quem o ticket ser caro ou barato está ligado também à expectativa e à entrega.

Fato é que os valores praticados tanto na trilha quanto no asfalto parecem não assustar a grande maioria. Isso porque a procura pelas corridas aumentaram.

Em 2024, a Ticket Sports, a maior plataforma de inscrições para eventos esportivos da América Latina, realizou 3.100 eventos, destes, 87,3% foram corridas, ou seja, 2.706. E, segundo Daniel Krutman, publicitário e CEO do Ticket Sports, a plataforma teve aumento de 15% em número de eventos ao ar livre no primeiro trimestre de 2025 se comparado com o mesmo período de 2024. Ele trabalha com projeção anula de crescimento de 26% em relação a 2024.

— A tendência não é abaixar o valor dos kits. As inscrições ainda são a principal fonte de receita para a grande maioria dos organizadores. Na minha opinião, acho até o valor defasado — opina Daniel.

Segundo dados da Tickets Sports, os preços das inscrições tiveram aumento tímido de 2023 para 2024. O ticket médio das corridas no Estado do Rio de Janeiro foi de R$ 92,35 (2023) para R$ 94,95 (2024). Em São Paulo, os valores foram de R$ 112,49 (2023) para R$ 130,43 (2024).

A plataforma divulgou pesquisa recente que mostra que a geração dos Baby Boomers (61 a 79 anos) é a que mais gasta com corrida de rua: 30% dos que responderam ao questionário disseram que participaram de mais de 12 eventos em 2024. Já Geração Z (13 a 28 anos) correu de 1 a 3 eventos (28,9%). A maioria, 27,9%, tem renda familiar de 9 salários mínimos (R$ 9.108).

Caro ou justo? Preço das corridas está atrelado à experiência e à estrutura, não somente ao kit; entenda

Previous Post

Após 'Garota do momento', Cauê Campos fará filme com Mel Maia. Saiba quando termina a gravação da novela

Next Post

Em homenagem a Cacá Diegues, Festival de Cinema de Veneza deve ser palco da estreia de 'Deus ainda é brasileiro'

Next Post
Em homenagem a Cacá Diegues, Festival de Cinema de Veneza deve ser palco da estreia de 'Deus ainda é brasileiro'

Em homenagem a Cacá Diegues, Festival de Cinema de Veneza deve ser palco da estreia de 'Deus ainda é brasileiro'

  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.

No Result
View All Result
  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.