Palco das maiores transformações urbanísticas experimentadas pela cidade na última década, a região portuária da cidade vai ganhar mais um espaço dedicado à cultura: a Biblioteca do Saber. Os detalhes do projeto — anunciado bem a tempo de dialogar com o título de Capital Mundial do Livro, concedido pela Unesco, este ano, ao Rio — ainda não são conhecidos. O que se sabe por enquanto é que será assinado por um nome de peso: Francis Kéré, arquiteto vencedor, em 2022, do Prêmio Pritzker, considerado a maior honraria da arquitetura mundial.
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— Será um espaço público, um símbolo da cultura, da transformação e do conhecimento, um lugar de saberes plurais, de reflexão sobre o presente e o futuro(…) um novo marco turístico e arquitetônico e se juntará ao Cais do Valongo para reforçar a importância de se preservar a memória na cidade do Rio — disse o vice-prefeito Eduardo Cavaliere.
Nascido em Gando, uma pequena vila de cerca de três mil habitantes em Burkina Faso, na África Ocidental, Francis Kéré iniciou sua trajetória profissional a partir de uma bolsa para estudar carpintaria na Alemanha. Na sequência, se formou em arquitetura e fez história. Dono de um estilo considerado pioneiro e único, focado nos modos sustentáveis de construção, é reconhecido por manter profunda conexão com sua origem burquinense.
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Esta semana, o arquiteto desembarcou no Rio e foi ciceroneado por autoridades locais em um verdadeiro mergulho na cultura carioca: na Pedra do Sal, assistiu, anteontem, a uma apresentação de Teresa Cristina e da Velha Guarda da Portela. Tirou fotos, trocou abraços, ouviu com atenção o melhor que o samba tem a oferecer e experimentou caipirinha — claro, que ninguém é de ferro.
Uma das visitas mais significativas feitas por Kéré foi à Casa Escrevivência, no Largo da Prainha, no bairro da Saúde, onde foi recebido pela escritora Conceição Evaristo. O momento foi registrado em fotos postadas na página do espaço cultural. Na legenda, o registro de que o encontro “foi uma manhã de várias trocas de experiências, de celebração das memórias africanas e afro-diaspóricas”.
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Em um dos vídeos publicados nas redes sociais, o premiado arquiteto discorre, em inglês, sobre suas impressões a respeito da cidade: “Uau, Rio de Janeiro… o que eu penso sobre o Rio de Janeiro? É o lugar mais incrível para estar, para ir, e para passar o tempo, sair e descobrir. Eu amo o Rio”, derrete-se.
O tour de Kéré pela cidade incluiu ainda o Cais do Valongo, o Real Gabinete Português de Leitura, o Museu do Amanhã, o Palácio Capanema, com direito a vista panorâmica do Centro a partir do terraço, e a Academia Brasileira de Letras, onde fez questão de ser fotografado ao lado da estátua de Machado de Assis. Tudo captado e postado por seus anfitriões.
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— O projeto arquitetônico, bibliográfico, museológico, da Biblioteca oferecerá novas oportunidades culturais para uma cidade que continua linda e continua lendo — disse Lucas Padilha, secretário municipal de Cultura, fazendo menção ao slogan do Rio Capital Mundial do Livro.
De acordo com Eduardo Cavaliere, as referências para a criação da nova biblioteca são projetos de espaços culturais inaugurados neste século, entre os quais a Biblioteca e Centro Cultural House of Wisdom, em Sharjah, Emirados Árabes Unidos; a Bibliotheca Alexandrina, no Egito; e a Biblioteca de Pequim, na China.
Perguntada, a prefeitura não informou quais os prazos pretendidos para início e conclusão das obras nem o investimento previsto.
