A presença recorrente de cavalos em áreas de restinga na orla se transformou em alvo de reclamações da Associação dos Síndicos de Charitas, bairro da Zona Sul de Niterói. Segundo relatos, os animais estariam causando danos significativos à vegetação nativa em três fragmentos da Mata Atlântica ao longo da praia, além de representarem risco a motoristas e pedestres, já que algumas vezes se soltam. O problema mais grave, de acordo com a associação, ocorre no trecho ao lado da garagem subterrânea e do quiosque 13, considerado área de preservação ambiental.
Amarrados em árvores, os cavalos — levados por moradores de comunidades próximas — têm destruído espécies nativas, como as ipomeias, fundamentais para conter o avanço do mar, diz a associação. As cordas utilizadas acabam danificando os troncos e, em alguns casos, causam ferimentos aos próprios animais, que ficam presos ou enforcados. Sem pasto adequado, os cavalos também sofrem com a escassez de alimento.
Moradores reclamam de presença de cavalos na orla de Charitas
De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito, animais, isolados ou em grupos, podem circular nas vias, desde que conduzidos por um guia e que não obstruam o trânsito. Os que circulam nas faixas de rolamento devem ser mantidos junto ao bordo da pista.
A situação já foi comunicada ao Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) e à Administração Regional de São Francisco e Charitas. No entanto, segundo moradores, a Guarda Ambiental informou, por meio do Cisp, que não poderia intervir porque os animais estavam amarrados — mesmo em área ambiental. Há registros de cavalos que já teriam se soltado e atravessado a Avenida Silvio Picanço, colocando motoristas em perigo.
Diante da ausência de medidas efetivas, os moradores dizem ter solicitado o apoio de Alexandre Moraes, biólogo da Seconser e subsecretário de Arborização Urbana, que vistoriou os locais na semana passada, segundo os síndicos. Ainda de acordo com o grupo, Martins teria prometido a implantação de um “choque de ordem” na área mais afetada.
Entre as medidas discutidas com os representantes da associação, o subsecretário também teria prometido a retirada de espécies exóticas e o plantio de novas mudas nativas da Mata Atlântica; limpeza da área usada por pessoas em situação de rua; instalação de placas alertando sobre a proibição do uso da área como pasto; e reforço na adubação e poda das espécies já plantadas. A orientação também foi reforçada aos quiosques da orla para que evitem varrer folhas e amêndoas para dentro da vegetação protegida.
Procurada, a prefeitura destacou que o abandono de animais é crime e deve ser denunciado à polícia. Em nota, afirma que não possui atribuição legal para o recolhimento de animais de grande porte, embora agentes da Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal e da Defesa Civil estejam capacitados para atender esse tipo de ocorrência. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 153, do Cisp. “As equipes serão acionadas para localizar os animais e encaminhá-los a um curral consorciado, conforme necessário”, diz o texto.
A Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconser) informa que realizou ação no local atendendo a um pedido de síndicos da região, que solicitaram apoio para minimizar problemas causados pela vegetação mais densa na área de restinga.
Além da limpeza e remoção dos resíduos, foram retiradas espécies invasoras, como a leucena, e plantas exóticas, como a agave. O espaço da restinga está sendo revitalizado, com a introdução de mais espécies frutíferas nativas. As clúsias, nativas de restinga, estão sendo plantadas no canteiro de cobertura da Garagem Subterrânea (canteiro central), dando mais harmonia e verde ao espaço.
