Após o fim do lockdown da pandemia de Covid-19, em 2021, Niterói registrou crescimento em casos de sífilis, HIV e hepatites B e C em pessoas com mais de 60 anos moradoras da cidade. Os dados da Secretaria de Saúde, que trazem números de 2015 até 2024, totalizam 912 casos, quando se soma registros de todas as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) acima.
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Entre 2015 e 2024 foram registrados 400 casos de sífilis nessa faixa etária na cidade. O crescimento foi expressivo a partir de 2018, caindo durante a pandemia e alcançando o pico em 2022, quando houve 74 notificações, o maior número da série histórica.
Já em relação ao HIV, a cidade contabilizou 56 casos em idosos no mesmo período, com uma relativa estabilidade até 2021, variando de três a seis registros anuais. Mas, a partir de 2022, os dados passaram a mostrar tendência de alta, atingindo dez ocorrências em 2023, antes de uma ligeira queda no ano seguinte, que fechou com sete casos.
Outro dado que preocupa é o das hepatites B e C. Foram 456 registros em idosos nos últimos dez anos, com oscilações marcantes ao longo do período. Entre 2015 e 2017, as notificações saltaram de 37 para 74, mas em 2018 houve queda para 25 casos. O número voltou a subir em 2019, quando 65 idosos foram diagnosticados. Durante os dois anos da pandemia, 2020 e 2021, as ocorrências caíram novamente, repetindo patamares semelhantes aos de 2018. Mas, a partir de 2022, a curva voltou a subir, encerrando 2024 com 50 novos registros.
Para discutir os números e buscar soluções, Niterói vai sediar, na próxima terça-feira, o 1º Simpósio de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) para Pessoas Idosas, um evento inédito na cidade, que acontecerá na Sala Nelson Pereira dos Santos, no Reserva Cultural, a partir das 9h. A iniciativa é da prefeitura, por meio da Secretaria municipal do Idoso, e busca abrir um espaço de diálogo sobre um tema ainda cercado de tabus: a sexualidade na terceira idade.
O simpósio vai contar com palestras de especialistas, como a médica infectologista Márcia Almeida e a sexóloga Vanessa Peres, que vão abordar a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do autocuidado nas relações afetivas e sexuais a partir dos 60 anos.
De acordo com a secretaria, a programação foi pensada em formato multidisciplinar, com apresentações diversas sobre a vivência da sexualidade na terceira idade e seus impactos na saúde pública. Autoridades municipais também devem estar presentes para reforçar a relevância do debate em um cenário de envelhecimento populacional acelerado e de novos desafios para a saúde.
Segundo o secretário municipal do Idoso, José Antonio Fernandez , o Zaf, a proposta é combater preconceitos e promover informação de forma acessível.
— Falar sobre sexualidade na longevidade é fundamental. O aumento da expectativa de vida também trouxe novos desafios, e um deles é garantir que as pessoas idosas possam viver sua afetividade de forma segura, livre de preconceitos e com acesso à informação. Nosso objetivo é abrir esse diálogo, combater estigmas e promover saúde e qualidade de vida para quem vive essa fase tão importante da vida — disse o secretário.
O encontro é aberto ao público, mediante compra de ingressos. As inscrições para o simpósio podem ser feitas nos núcleos de ginástica do projeto Niterói 60Up ou pelo site simposiodapessoaidosa.com.br. Haverá entrada social para os participantes do projeto.
Procurada, a Secretaria municipal de Saúde de Niterói informou que tem uma Assessoria Técnica de IST/Aids e Hepatites Virais, responsável por desenvolver programas de prevenção, diagnóstico e acompanhamento dos casos nas 12 unidades de Serviço de Assistência Especializada HIV/Aids da cidade.
*Esta matéria foi publicada no especial Saúde do GLOBO-Niterói em 31/08