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Fentanil avança sem controle na América Latina

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setembro 7, 2025
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Drogas apreendidas com fentanil em Porto Rico — Foto: Saúl Martínez/El Nuevo Día/Porto Rico/GDA

As milhares de mortes que o fentanil ilegal já provocou nos Estados Unidos e no Canadá impulsionaram países latino-americanos e caribenhos a adotar medidas preventivas e punitivas para evitar cenários semelhantes. Nos últimos quatro anos, aumentaram os treinamentos policiais, foram estabelecidos protocolos de operação, atualizadas leis e regulamentos, criadas redes de cooperação, lançadas campanhas de prevenção e endurecidas as sanções.

  • Entenda: Como o fentanil se tornou a principal justificativa para as tarifas de Trump
  • Saiba mais: Congresso americano aumenta penas para tráfico de fentanil

Pablo Rossi, diretor da Fundação Manantiales, um centro de tratamento de dependências com presença na Argentina e no Uruguai, reconhece que ainda não se sabe se o fentanil será uma moda passageira na região, como a heroína, ou um fenômeno em expansão, como o ecstasy.

— Mas o importante é estar preparado para ambos os cenários — afirma.

Embora o fentanil ilegal seja a droga que mais atrai atenção nos últimos anos, especialistas entrevistados para este trabalho jornalístico do Grupo de Diários América (GDA) alertam que ele não é a única substância química de alta potência em circulação na região. Também há registros do uso de nitazenos e de xilazina.

Drogas apreendidas com fentanil em Porto Rico — Foto: Saúl Martínez/El Nuevo Día/Porto Rico/GDA

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  • Informação para prevenir
      • Fentanil avança sem controle na América Latina

Informação para prevenir

Tarcísio Otoni, delegado do Departamento de Narcóticos da Polícia Civil do Espírito Santo, liderou a equipe responsável pela primeira apreensão de frascos de fentanil no Brasil. Ele localizou a substância graças a um treinamento organizado pela Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) em El Salvador.

— Meses depois de voltar dessa formação, nos deparamos com esse fentanil em forma líquida, em ampolas. Após essa apreensão, a DEA entrou em contato conosco e passamos a receber treinamento sobre como manipular a droga. Incluiu instruções sobre o antagonista do fentanil, a naloxona, que reverte rapidamente os efeitos de uma overdose de opiáceos — afirmou em entrevista ao GLOBO.

O delegado Tarcísio Otoni durante treinamento promovido pela DEA em El Salvador — Foto: Acervo pessoal
O delegado Tarcísio Otoni durante treinamento promovido pela DEA em El Salvador — Foto: Acervo pessoal

Na Costa Rica, o vice-ministro da Segurança, Manuel Jiménez Steller, descreve o risco e a solução encontrada:

— Mesmo em baixas concentrações, o fentanil pode ser letal, gerando alto risco de intoxicação por contato. Se um agente for exposto a concentrações elevadas sem equipamento adequado, pode inalar os gases e sofrer uma crise. Por isso, implementamos protocolo especial para entrar em determinados locais, em coordenação com o Ministério da Saúde, o Organismo de Investigação Judicial, o ICD e outras entidades.

  • Leia também: Grupo de 18 brasileiros ligados ao PCC é acusado de traficar armas e fentanil nos EUA

No sul do continente, o consumo de fentanil ainda é baixo. Especialistas explicam que a droga é mais usada por profissionais de saúde, devido ao acesso durante a prática clínica. Porém, já apareceram registros de fentanil misturado à cocaína e ao LSD para potencializar os efeitos — uma estratégia lucrativa para o crime organizado.

O Relatório Mundial sobre Drogas 2025 da ONU, divulgado em 27 de junho, afirma que “o fentanil não é comum fora da América do Norte. Outros opioides sintéticos, em particular os nitazenos, que podem ser muito mais potentes, já foram relacionados a mortes em todos os continentes.”

Diante disso, Ignacio García Sigman, coordenador do projeto contra drogas sintéticas no Cone Sul da UNODC, defende a atualização das listas de substâncias proibidas na região.

— Também é necessário atualizar a regulação de precursores químicos, especialmente aqueles suscetíveis de uso na fabricação ilícita de drogas sintéticas, em particular de opioides — afirma.

  • Veja: Cartéis mexicanos testam fentanil em pessoas em situação de rua e pagam para injetarem a droga

O especialista sugere ampliar o conhecimento técnico de juízes, promotores e policiais, fortalecer os sistemas de alerta precoce e aprimorar as capacidades técnicas dos laboratórios forenses.

Em 2024, a Argentina atualizou sua lista de entorpecentes e incluiu 170 novas substâncias, 65 delas relacionadas ao fentanil. Também foi criada a Rede Federal de Laboratórios Antidrogas para reforçar a cooperação na investigação do tráfico ilícito.

Avanço do fentanil na América Latina — Foto: Arte/O GLOBO
Avanço do fentanil na América Latina — Foto: Arte/O GLOBO

Porto Rico vive um momento crítico. No fim de 2024, em apenas dois dias, dez pessoas morreram de overdose em Arecibo. O caso foi extremo, mas nos últimos três anos a ilha registrou 1.788 mortes, segundo dados oficiais.

Katheryn Olivera, diretora da Administração de Serviços de Saúde Mental e Contra a Adição (Assmca), disse que já trabalha em um plano de mitigação junto ao Departamento de Saúde:

— Há uma crise, mas queremos continuar prevenindo, orientando e mitigando.

Na Venezuela, o presidente do Colégio de Médicos do estado Aragua, Ramón Rubio, também alertou para o grave problema de saúde pública causado pela produção ilegal e pelo consumo de fentanil.

Polícia peruana apreende fentanil no país — Foto: Joseph Angeles/ El Comercio/GDA
Polícia peruana apreende fentanil no país — Foto: Joseph Angeles/ El Comercio/GDA

No Chile, a resposta tem sido endurecer as penas. Lorena Rebolledo, subdiretora de Drogas da Procuradoria Nacional, explicou que uma das medidas é aplicar punições mais severas mesmo para pequenas quantidades de drogas como o fentanil: “Não se trata como microtráfico, mas como tráfico.”

Nos países do Cone Sul, como Peru, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, o fentanil circula principalmente em ampolas desviadas de sistemas de saúde.

Segundo o delegado Fernando Santiago, em São Paulo, o criminoso Anderson Lacerda Pereira, o “Gordão”, ligado ao PCC, comprou uma Organização Social de Saúde apenas para desviar fentanil prestes a vencer em hospitais. O esquema incluía manipulação de lixo hospitalar para desviar as ampolas ao mercado clandestino.

  • Nitazeno: O que é a droga até 40 vezes mais potente que o fentanil que foi encontrada pela 1ª vez no Brasil

No Chile, só em 2024 foram apreendidas mais de 2 mil ampolas. Em fevereiro de 2025, a polícia peruana desmantelou a quadrilha “Los Facinerosos de la Medicina Ilegal”, especializada em venda clandestina de medicamentos como fentanil, morfina, tramadol e midazolam. Em março, a maior apreensão já feita no país: 6 mil ampolas, avaliadas em US$ 600 mil, com destino a EUA e Holanda.

O México vive um dilema. Acusado pelos EUA de ser o maior produtor do fentanil e epicentro da crise de overdoses, o país vê também aumentar o consumo interno, sobretudo nos estados da fronteira norte, como Baja California, Sonora e Chihuahua, além de Sinaloa — apontado como centro de fabricação.

Usuário com fentanil em Baja Califórnia, na fronteira do México com os EUA, onde o consumo disparou — Foto: VALENTE ROSAS/El Universal/GDA
Usuário com fentanil em Baja Califórnia, na fronteira do México com os EUA, onde o consumo disparou — Foto: VALENTE ROSAS/El Universal/GDA

A estratégia do governo oscila: nega a produção e o consumo, mas desmonta laboratórios clandestinos e promove campanhas de alerta com o slogan “O fentanil mata”.

Segundo César Raúl González Vaca, diretor do Instituto Médico Legal de Baja California, essa postura atrasou a contenção do problema:

— Estamos atrasados. Há drogas como a xilazina, já causando mortes, mas que sequer estamos monitorando.

Dados do serviço forense mostram que, entre 2022 e 2025, 20% dos corpos analisados em Mexicali tinham presença de fentanil — o dobro do índice em Tijuana.

Apesar disso, o governo mexicano insiste em negar o avanço do consumo.

*Este trabalho contou com contribuições dos jornalistas Emanuelle Bordallo/O Globo (Brasil), Alex Figueroa Cancel/El Nuevo Día (Porto Rico), Indira Vasquez/Listín (República Dominicana), Juan Fernando Lara/La Nación (Costa Rica), Carlos López/El Tiempo (Colômbia); Oliver Rodríguez González/El Mercurio (Chile), Camila Dolabjian/La Nación (Argentina), Agustín Carballo/El País (Uruguai), David Bernal/ La Prensa Gráfica (El Salvador), Williams Perdomo/El Nacional (Venezuela), Abby Ardiles/El Comercio (Peru) e Miriam Ramírez, Ernesto Aroche e Manuel Espino/El Universal (México).

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