Banksy voltou a causar impacto com uma nova obra nesta semana. O grafite, feito em um dos prédios judiciais mais prestigiados da Grã-Bretanha, retratava um juiz atacando um manifestante com um martelo.
A imagem, em preto e branco, com exceção de um respingo vermelho na placa do manifestante, apareceu em uma parede externa do Royal Courts of Justice, um imponente complexo londrino que abriga a Suprema Corte e o Tribunal de Apelação da Inglaterra e do País de Gales e é considerado um dos locais mais seguros da Grã-Bretanha. Agora, apenas dois dias depois, a obra mais recente de Banksy desapareceu.
O complexo rapidamente se mobilizou para bloquear a obra de arte da vista do público, colocando grandes telas de metal em frente já na segunda-feira. Então, na manhã de quarta, visitantes do mural filmaram um homem, usando máscara, removendo a imagem das paredes, com dois policiais por perto.
Um porta-voz do Ministério da Justiça britânico informou por e-mail que a obra havia sido destruída. O Royal Courts of Justice é um edifício protegido pelas leis de patrimônio britânico, disse o porta-voz, portanto o serviço do tribunal é “obrigado a manter seu caráter original”.
O Historic England, instituto que regulamenta essas proteções de edifícios, afirma em seu site que os prédios judiciais do século XIX são “um dos principais exemplos de design neogótico vitoriano” no país.
Um porta-voz de Banksy não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O artista postou uma imagem da obra no Instagram na segunda-feira, que é a forma habitual como ele anuncia novos trabalhos.
Seus fãs interpretaram a obra como um comentário sobre o tratamento dado aos apoiadores da Ação Palestina, um grupo ativista que o governo britânico baniu como organização terrorista em julho. Desde que a proibição entrou em vigor, a polícia prendeu centenas de pessoas em manifestações por exibirem mensagens de apoio ao grupo.
Embora algumas obras de Banksy tenham sido cuidadosamente removidas de paredes e estruturas, grandes casas de leilão como Sotheby’s e Christie’s não as vendem, e o artista se recusa a fornecer certificados de autenticidade.
Ainda assim, a decisão de apagar a imagem da parede deixou alguns negociantes de arte de rua perplexos. John Brandler, galerista que já negociou vários murais de Banksy, disse em uma entrevista que não conseguia entender por que o tribunal não o havia contratado, ou a outro negociante, para remover cuidadosamente a pintura das paredes do prédio para que ela pudesse ser vendida e arrecadar fundos para caridade.
“Sim, foi um dano criminoso”, disse Brandler. “Mas por que não usar esse dano criminoso para beneficiar a comunidade?” Brandler disse acreditar que a obra poderia ter arrecadado até 5 milhões de libras esterlinas.
Jo Maugham, fundadora do Good Law Project, a organização jurídica que filmou a remoção do mural e que se opôs à proibição da Palestine Action, disse em um comunicado que o governo britânico não deveria destruir uma obra de “um artista importante” que havia criticado as políticas governamentais.