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A foto na Passeata dos Cem Mil, a prisão e o exílio na ditadura

BRCOM by BRCOM
setembro 22, 2025
in News
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Caetano, Djavan, Chico e Gil durante ato contra anistia em Copacabana — Foto: Bruno Kaiuca/AFP

Desde o anúncio de que Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque estariam juntos para cantar em um ato de protesto no Rio, uma foto antiga dos três compositores de braços dados com várias outras personalidades da cultura durante uma passeata na capital fluminense começou a circular nas redes sociais até se tornar viral. Mas você conhece o contexto da imagem?

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As manifestações contra a chamada PEC da Blindagem e a anistia para os golpistas liderados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro aconteceram neste domingo, em diversas capitais. Na orla de Copacabana, no Rio, o ato contou com Gil, Caetano e Chico, entre outros artistas. Diante das imagens dos três juntos em cima do carro de som, fica inevitável a alusão às fotos dos compositores feitas no dia 26 de junho de 1968, quando eles participaram da Passeata dos Cem Mil, no Centro do Rio.

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Aquele ano foi marcado pela intensificação de protestos contra a ditadura militar, desde o assassinato do estudante Edson Luís de Lima Souto, morto por um PM durante a preparação para um ato no Rio, em 28 de março. A tensão ganhou volume até que, em junho, a cidade virou uma panela de pressão.

Caetano, Djavan, Chico e Gil durante ato contra anistia em Copacabana — Foto: Bruno Kaiuca/AFP

No dia 19 daquele mês, houve enfrentamento entre PMs e estudantes no Palácio Gustavo Capanema, então sede do Ministério da Educação e Cultura (MEC). No dia seguinte, mais de 300 estudantes da UFRJ foram levados para o campo do Botafogo, na Zona Sul, onde sofreram agressões e humilhações. E, no dia 21, ocorreu um grande conflito entre o movimento estudantil e o governo militar no Centro do Rio. O episódio entrou para a História como a “sexta-feira sangrenta”, com dezenas de feridos, cerca de mil presos e um número desconhecido, além de muitas depredações.

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No mesmo período, a intolerância popular com os desmandos da ditadura, mais de quatro anos após o golpe militar, levou milhares de pessoas para as ruas em outras capitais, como Belo Horizonte e São Paulo, onde os estudantes também foram reprimidos com violência pelas forças policiais.

Depois de uma reunião de cerca de 150 artistas com o então governador da Guanabara, Negrão de Lima, ficou acertado que o movimento estudantil teria liberdade para realizar manifestações. Então, foi marcada para o dia 26 de junho um grande ato de protesto, que teria início às 11h30 na Cinelândia, no Centro do Rio. Em um encontro no Teatro Glaucio Gil, em Copacabana, personalidades como Vinicius de Moraes, Djanira e Paulinho da Viola combinaram que a classe cultural participaria do evento.

A Passeata dos Cem Mil, em 26 de junho de 1968 — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO
A Passeata dos Cem Mil, em 26 de junho de 1968 — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO

No dia 26, então, Chico, Gil e Caetano se juntaram a dezenas de outros artistas na linha de frente do ato que lotou as ruas do Centro e ficou conhecido como a Passeata dos Cem Mil. José Celso Martinez, Ítala Nandi, Nana Caymmi, Paulo Autran e vários outros também estavam lá. O protesto ocorreu sem repressão da polícia, como descreveu o Jornal O GLOBO no dia seguinte à manifestação:

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“Intelectuais, representantes do clero, artistas e mães juntaram-se aos estudantes em uma grande manifestação pública, que começou às 11h na Cinelândia, e viria a terminar cinco horas depois, após a passeata que desceu a Avenida Rio Branco até a Candelária”, noticiou o jornal. “Líderes estudantis falaram na Cinelândia e na Candelária, reiterando ‘slogans’ pela reforma do ensino e atacando o governo”. Vladimir Palmeira pediu um minuto de silêncio pelas “vítimas do último movimento”.

O ano de 1968 continuou muito tenso. Em agosto, a Universidade de Brasília (UnB) foi ocupada por militares com o objetivo de prender o líder estudantil Honestino Guimarães. Alunos e deputados chamados por seus filhos estudantes foram agredidos no campus. Em setembro, um discurso do parlamentar Márcio Moreira Alves no Congresso, criticando o regime, enfureceu o governo.

Estudantes presos após invasão do Exército na UnB, em 1968 — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO
Estudantes presos após invasão do Exército na UnB, em 1968 — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO

Em outubro, estudantes da USP críticos da ditadura e alunos da Universidade Mackenzie a favor do regime se enfrentaram na Batalha da Maria Antônia, em São Paulo. Um adolescente que estava do lado dos universitários da USP foi morto com um disparo. No mesmo mês, o exército invadiu um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP) e prendeu quase mil pessoas.

E, em dezembro, a Câmara dos Deputados, em votação, decidiu não autorizar o governo a abrir um processo de cassação contra Márcio Moreira Alves devido ao discurso feito em setembro.

A rejeição do pedido de cassação foi a gota que faltava para os militares. No dia 13 de dezembro de 1968, o então presidente general Artur da Costa e Silva assinou o Ato Institucional de número (AI-5), determinando o fechamento do Congresso e dando poderes plenos para o governo cassar mandatos e suspender direitos políticos de qualquer cidadão considerado subversivo. O decreto também acabou com o habeas corpus para presos políticos e estabeleceu a censura prévia da imprensa.

O AI-5 foi considerado o golpe dentro do golpe porque abriu o período mais repressivo da ditadura. No mesmo mês de sua edição, Caetano e Gil foram presos serem considerados subversivos. Em janeiro de 1969, Chico Buarque, temendo ser preso, exilou-se na Itália. Depois de meses na cadeia, Caetano e Gil foram soltos e buscaram o exílio em Londres, no Reino Unido. Os álbuns “Transa”, de Caetano, e “Gilberto Gil” foram gravados durante o período de ambos os músicos na capital britânica.

Caetano Veloso em setembro de 1968, três meses antes da prisão — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO
Caetano Veloso em setembro de 1968, três meses antes da prisão — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO


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