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Vitor Hugo dos Reis Ruas e Andreza Maria da Silva, de 40 e 47 anos, respectivamente, se conheceram nas ruas. Naturais de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, os dois têm motivações distintas para estar nesta situação.
Profissional da construção civil, ele viveu uma desilusão amorosa. Após a separação, ainda perdeu o emprego e, com isso, acabou nas ruas do Rio, onde atualmente vive da venda de latinhas que recolhe na Praia de Ipanema. Já Andreza, que trabalhava com reciclagem, contou que não quer depender da filha para sobreviver. Segundo eles, viviam naquele local há três anos.
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Cercada por grades, a mais de um metro abaixo do nível da rua, a antiga sala de exposições foi coberta pelo casal com lonas e tapumes, que eram mantidas presas com pedras e pedaços de madeiras. Há três anos, Vitor e Andreza contam que viviam no espaço, próximo à Avenida Rui Barbosa, um dos endereços mais caros do Rio.
— Escolhi ficar aqui porque é mais calmo. Mais distante do movimento lá de fora, que é muito perigoso. Lá, o pessoal usa droga, e eu só fumo cigarro. Não tenho vício, graças a Deus. Fico sozinho no meu canto, que é melhor — relatou Vitor na última sexta-feira.
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As grades serviam de varal. Os panos, de cama. Restos de galhos, por outro lado, eram usados como lenha para fazer comida numa lata de tinta. Agora, os sinais de que alguém buscava abrigo no local são apenas marcas de fogo na parede próximo à parte em que faziam comida e um pedaço da lona que foi retirada, ainda amarrado à grade.
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Segundo um comerciante que trabalha no local, uma equipe da prefeitura esteve no monumento no sábado, e retirou o casal. Ainda de acordo com o relato, Vitor e Andreza chegaram a dobrar seus pertences e mantê-los numa árvore próxima, para retornar quando os agentes públicos fossem embora. Mas, quando tentaram voltar à sala de exposição, outra equipe da prefeitura retornou e os retirou novamente. Desde então, não foram mais vistos.
A Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) informa que realizou uma operação especial na orla do Rio no fim de semana, com 393 pessoas em situação de rua abordadas. Entre elas, estavam Vitor e Andreza, que não aceitaram o acolhimento para abrigos, informa a pasta. “Especificamente sobre o Monumento a Estácio de Sá, a Seop esclarece que o local não pode ser utilizado por moradores de rua”, diz a secretaria. Na ação na cidade, 69 objetos perfurocortantes foram apreendidos, ao todo.