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Saiba quem é Rita Baroud, a jornalista citada por Macron no discurso em que reconheceu o Estado Palestino na ONU

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setembro 23, 2025
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Rita Baroud, jovem palestina que virou jornalista após a guerra em Gaza — Foto: Arquivo pessoal

— Uma vida vale uma vida. E nosso dever coletivo é proteger uns aos outros, um dever indivisível, assim como nossa humanidade comum — afirmou o presidente francês.

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Em julho, Baroud, de 22 anos, contou sua história em depoimento ao GLOBO, relatando, em primeira pessoa, as mudanças bruscas em Gaza, o desmantelamento de sonhos, sua entrada quase forçada no jornalismo e o momento em que deixou o enclave rumo à França com a família, formada por outras quatro pessoas.

— Tenho 22 anos, mas sinto como se fosse muito mais. Tenho um rosto jovem com alma idosa. Antes, saía com os amigos, vivia a vida com minha família. Gaza é um lugar tão pequeno e simples, não dá para fazer de tudo. Mas era o bastante. Estudava francês, porque queria ser empreendedora e trabalhadora humanitária, ajudar os outros. Também quis ser diplomata e mudar o mundo.

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Mas vieram os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, uma ação que a deixou chocada, e que levou a todos o sentimento de cansaço de guerras e conflitos passados, que tinham provocado morte e destruição. No terceiro dia de conflito, o prédio onde morava com sua família foi atingido, e rapidamente veio a ordem para que deixassem tudo para trás.

— Ainda achávamos que, no máximo, janelas seriam quebradas, ou as portas, queimadas. Saímos, e veio o primeiro ataque. Vi o prédio pegar fogo, metade desmoronou. Corri de volta para buscar meus gatos e agradeci que só metade tinha sido destruída: poderíamos reconstruí-lo — afirmou. — O segundo ataque pôs o prédio inteiro no chão. Viramos desalojados. A partir daquele dia, entendi que a guerra não era apenas sobre o Hamas. Esta guerra também incluía civis.

Rita Baroud, jovem palestina que virou jornalista após a guerra em Gaza — Foto: Arquivo pessoal

Sem um teto, ela e seus parentes rumaram ao sul de Gaza, então um bolsão relativamente seguro, apenas com um carro e passaportes. Nos dias seguintes, peregrinaram por várias cidades, e foram desalojados 17 vezes. Além de perder bens, todos os dias recebia informações sobre pessoas próximas mortas em bombardeios e operações terrestres. Achar alimentos, relata, era cada vez mais difícil, e com frequência comia apenas uma vez por dia. Neste momento de dificuldade, o jornalismo surgiu quase que por acaso.

— Não estudei jornalismo, virei jornalista sozinha. O jornal italiano La Repubblica me chamou para trabalhar porque eu falava inglês. Eles me chamaram no primeiro dia, mas eu estava em choque e não esperava que a guerra fosse durar dois anos. Depois de três meses, pensei: estou pronta — declarou.

Sua primeira reportagem foi sobre a retirada de civis de Rafah e o fechamento da fronteira com o Egito, em 2023. Nos meses seguintes, se tornou correspondente de uma das guerras mais brutais de nossos tempos, mas não como um olhar externo: as pessoas mortas, as casas destruídas e vidas despedaçadas eram de palestinos que, como ela, tentavam sobreviver aos mísseis e tiros.

— Reprimi meus sentimentos para terminar o trabalho. Isso me salvou. Se me importasse com minhas emoções enquanto há um genocídio em Gaza, não iria me curar. Quero me curar quando tudo terminar. Escolhi trabalhar — relata

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Continuar, contudo, não era fácil. Ela disse que pensou em desistir do jornalismo em vários momentos, como durante o cerco ao norte de Gaza, em 2024, quando os relatos de fome extrema se multiplicaram, ou após o ataque ao Hospital al-Aqsa, em Deir al-Balah, quando houve relatos de pessoas queimadas vivas em tendas após os bombardeios.

Em agosto, cobriu o ataque ao Hospital Nasser, em Khan Younis, e novamente pensou em desistir ao ser informada da morte de cinco jornalistas — segundo o Comitê para a Proteção de Jornalistas, 235 profissionais da imprensa morreram em Gaza em quase dois anos.

— Pensei: por quê? Quis desistir muitas vezes. Só não desisti porque sou responsável pelo que escolho. Escolhi ser jornalista. Mesmo que as consequências sejam difíceis, meu dever é claro: relatar o que acontece em Gaza — afirmou. — Não quero me tornar famosa, só quero reportar o que acontece com dois milhões de pessoas. É minha responsabilidade. Não vou parar de fazer o que faço até que a guerra e o genocídio terminem.

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Apesar dos horrores da guerra, deixar para trás sua terra e de seus antepassados não era simples. Hoje, meses depois de ter deixado Gaza através do posto de controle de Kerem Shalom, seguido pela Jordânia e chegado à França, diz se sentir culpada todos os dias. Que sente ter levado Gaza à sua nova casa, em Marselha. E que sente que, mesmo tendo sobrevivido ao conflito, deixar o território foi “um outro tipo de morte”.

— Sou muito apegada ao mar. Por isso, amava Gaza. A praia sempre foi meu lugar preferido. Foi a última coisa que vi. No último dia, estava trabalhando. Quando terminamos, disse: podemos ir para a praia? Quero ver antes de ir embora. Fiquei lá, chorando. Chorava porque estávamos deixando Gaza, e eu não sabia se um dia poderia ver Gaza de novo.

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