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O episódio levou ao desvio ou cancelamento de dezenas de voos.
A líder dinamarquesa, Mette Frederiksen, relacionou o fato às recentes incursões de drones e aviões supostamente russos em espaços aéreos de países da Otan, além de ciberataques contra aeroportos europeus registrados no fim de semana.
“O que vimos na noite passada é o ataque mais grave contra uma infraestrutura crítica até hoje”, afirmou em comunicado enviado à AFP: “Isto faz parte da evolução que pudemos observar ultimamente com outros ataques de drones, violações do espaço aéreo e ciberataques contra aeroportos europeus”, acrescentou.
Em entrevista à televisão DR, Frederiksen disse não poder descartar a implicação da Rússia — hipótese negada rapidamente por Moscou. “Escutamos acusações infundadas vindas de lá o tempo todo”, reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O caso ocorre no mesmo dia em que embaixadores da Otan se reúnem a pedido da Estônia, que denunciou na semana passada a intrusão de três caças russos em seu espaço aéreo, interceptados por aviões da Aliança.
Polônia e Romênia também acusaram Moscou de violações semelhantes. No caso polonês, as defesas da Otan foram mobilizadas para abater drones. O Kremlin respondeu que as acusações eram “infundadas” e parte de uma estratégia para “alimentar tensões e provocar um clima de confrontação”.
Antes das declarações de Frederiksen, os serviços de inteligência dinamarqueses já haviam alertado para uma “ameaça elevada de sabotagem”.
— Talvez não venham para nos atacar, mas sim para nos pressionar e ver como reagimos — disse Flemming Drejer, diretor de operações do serviço, em entrevista coletiva.
A polícia afirmou não ter identificado o operador dos drones. Pelo “número” de aparelhos, seu porte, as “rotas de voo” e “o tempo sobre o aeroporto”, tratava-se de “um ator com capacidade”, disse o inspetor Jens Jespersen, de Copenhague.
“Era um ator que tinha capacidade, vontade e as ferramentas para marcar presença (…) Quem exatamente, ainda não sabemos”, completou.
Os drones sobrevoaram o aeroporto de Copenhague por mais de três horas, vindos de diferentes direções, e forçaram um forte esquema policial. A polícia trabalha com o Exército, os serviços de inteligência e autoridades norueguesas, após Oslo também registrar o sobrevoo de dois drones.
Jespersen explicou que derrubar os aparelhos foi descartado por risco à segurança.
— Há aviões com passageiros, combustível e também residências em vários lados do aeroporto — disse.
O aeroporto retomou as operações na madrugada de terça-feira, mas o incidente afetou 20 mil passageiros, com 31 voos desviados e mais de 100 cancelados. Houve longas filas para remarcação de bilhetes.
— Não tenho medo (…). Mas percebo que a guerra híbrida da Rússia se expande sem parar — afirmou o passageiro alemão Eckart Nikolai Bierduempel.
Em Oslo, os drones provocaram o desvio de 14 aviões, segundo a porta-voz Monica Fasting.
No fim de semana, aeroportos de Bruxelas, Berlim, Londres e Dublin já haviam sido atingidos por um ciberataque que comprometeu sistemas de check-in e afetou o tráfego aéreo europeu.