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Para quem está na reta final do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ou do Concurso Nacional Unificado (CNU), estudar com textos mastigados por uma inteligência artificial pode soar pouco atraente — e, na prática, não muito efetivo.
Nos últimos meses, porém, essas ferramentas começaram a oferecer alternativas mais úteis para quem realmente precisa aprender. A principal mudança é a criação do chamado “modo estudo”, que transforma a IA em algo próximo de uma instrutora. Em vez de entregar a resposta pronta, ela faz perguntas, propõe exercícios e cria diálogos que ajudam o usuário a fixar o conteúdo em debate.
As novas funções chegam quase três anos depois do lançamento do ChatGPT e da onda de IAs que vieram na sequência. De lá para cá, professores e educadores vêm alertando para o risco de a tecnologia fazer todo o trabalho pelos alunos. Com essas funcionalidades, a proposta é justamente a contrária.
No ChatGPT, o recurso aparece como “Estudar e Aprender”. No concorrente Gemini, do Google, o nome é “Aprendizado Guiado”. A proposta é a mesma: que o usuário participe de um processo ativo de aprendizagem ou revisão de um conteúdo.
- Pesquisas aprofundadas: Como usar o modo ‘investigação’ das IAs para ter respostas mais confiáveis
Essas funcionalidades ainda se somam a outras aplicações de IA que podem ser úteis para quem vai encarar o ENEM ou o CNU — de transformar um material didático em podcast a montar um plano de estudos com o tempo que resta até a prova ou ajuda a avaliar redações.
A seguir, um guia prático de como usar o “modo estudo”, os cuidados que valem ser considerados e uma lista final com três outras sugestões rápidas de IA para estudar.
O lançamento dos recursos de estudo veio semanas depois de uma pesquisa do Massachusetts Institute of Technology (MIT) acender o debate sobre os efeitos da IA no engajamento cognitivo, como lembra a pesquisadora Denise da Vinha, consultora de tecnologia em educação. O estudo, com 54 adultos, apontou menor desempenho cerebral entre aqueles que usavam o ChatGPT de modo passivo.
— Eles mostraram que o uso passivo, só copiar e colar, é ruim. Mas quando o aluno interage, questiona e reflete, o efeito é outro. E é exatamente aí que esse modo estudo entrou —lembra ela.
Ao apresentar a funcionalidade de aprendizagem, a OpenAI, dona do ChatGPT, explicou que a interação reproduzia o modelo socrático. Ou seja, o usuário, ao fazer um pedido sobre um tema, é conduzido por perguntas sucessivas da IA, que guia o diálogo a partir da interação com o usuário.
É como se a IA trocasse o papel de “oráculo” pelo de tutor. Primeiro ela pede sua hipótese, depois confronta com fatos, em seguida lança uma pergunta curta para checar se você entendeu, e aí só então avança. Para ativar esse modo, basta acioná-lo na barra de conversa (no ChatGPT, fica no “+”. No Gemini, está na própria aba). A funcionalidade é gratuita.
O recurso pode funcionar melhor em três situações: revisar conteúdos já estudados, destrinchar assuntos densos em blocos menores e treinar memória com exercícios no estilo pergunta-resposta. Para quem está se preparando para provas longas como o ENEM ou CNU, é uma forma de transformar a revisão, por exemplo, em uma atividade mais interativa.
2. Aprendizado com IA: como usar
Para usar o “Modo Estudo”, é possível fazer uma pergunta simples (algo como “estou estudando para o Enem e preciso de ajuda para entender melhor o trovadorismo”). Na resposta, a IA fará uma pergunta para então sugerir a condução da conversa. No ChatGPT, a interação costuma trazer maior diversidade de recursos (como perguntas de múltipla escolha e dissertativas).
Denise da Vinha diz que uma boa prática é sempre declarar seu objetivo com detalhes antes de começar, o que incluí seu nível de conhecimento sobre o tema e o objetivo do estudo (uma prova, por exemplo).
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Também vale confrontar a resposta da IA com suas anotações de aula ou resumos. Se notar diferença, peça que explique onde está a divergência. Esse processo fortalece o entendimento e ajuda a detectar possíveis erros.
— Lembre-se, o modo estudo e o modo aprendizado dirigido, ele é um tutor de paciência infinita. A paciência dele nunca vai acabar. Então você pode perguntar as mesmas coisas mil vezes — lembra a pesquisadora.
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Outra possibilidade ainda é anexar arquivos de apostilas, materiais didáticos ou leis e documentos públicos (no caso de quem estuda para o CNU, pode exemplo) e pedir para que a IA trabalhe com base neles. Um exemplo: anexar a íntegra do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) e pedir perguntas simuladas, resumos e explicações encadeadas.
3. Opções extras para testar
Além do “modo estudo”, outras ferramentas e recursos de IA podem ter espaço na rotina de quem se prepara para provas. Veja algumas:
“Caderno” digital: Uma das mais interessantes é o Notebook LM, do Google, que também é gratuita. Ele funciona como um caderno digital: é possível subir apostilas, resumos ou provas antigas em PDF. A partir dele, a IA gera resumos, ajuda a localizar informações e responde a perguntas sobre o conteúdo.
Podcast para estudar: Para quem gosta de estudar com áudio, um dos usos mais interessantes do NotebookLM é transformar arquivos em podcasts curtos, que podem ser ouvidos enquanto você está no trânsito ou na academia. Também dá para criar mapas mentais, relatórios testes e até resumos em vídeos.
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Revisão de redação: Para quem vai prestar o ENEM, uma possibilidade é usar a IA (ChatGPT, Gemini ou Claude, por exemplo) para auxiliar na avaliação de redações. Para isso, vale a pena anexar o arquivo com a cartilha de critérios do ENEM e, então, o seu rascunho do texto. Peça para a ferramenta pode analisar ponto a ponto e sugerir ajustes, a partir dos critérios oficiais. Comparar a resposta das IAs também pode ser interessante.
Planejamento de estudo: Outra função útil é montar um plano de estudo e um cronograma a partir de editais (como o CNU). Você pode subir o documento, informar quantas horas por semana tem disponíveis, quanto tempo tem até a prova e quais os conteúdos que precisa estudar ou revistar. Então, é possível para a IA (como o ChatGPT) criar um plano de estudos até lá.