A Confraria do Pasmado, tradicional Cordão Carnavalesco da cidade de São Paulo, divulgou uma nota lamentando a morte do cineasta Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, que estava no avião que caiu em Aquidauana, no Pantanal do Mato Grosso do Sul, na noite desta terça-feira. Ferraz foi um dos fundadores da roda de samba que deu origem ao grupo. Além dele, segundo a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, as vítimas foram identificadas como o piloto Marcelo Pereira de Barros; o arquiteto chinês Kongjian Yu; e o documentarista Rubens Crispim Jr.
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“Cineasta documentarista talentoso e um dos fundadores do bloco, Luizão (como era chamado o cineasta) não apenas participou da criação do Pasmado: ele encarnava, como poucos, a alma da Confraria, que há mais de 20 anos leva música, alegria e resistência às ruas de São Paulo”, publicou a Confraria, na tarde desta quarta-feira, nas redes sociais.
De acordo com a nota, o cineasta “sempre esteve presente como símbolo do espírito coletivo” que move o grupo. A Confraria também definiu Ferraz como um “documentarista talentoso”, de “energia sempre intensa, generosa e contagiante”.
“Seu trabalho e sua paixão ajudaram a moldar não só o nosso bloco, mas também o carnaval de rua paulistano, que hoje pulsa forte e diverso graças, em parte, à sua dedicação”, diz outro trecho. “Fica a certeza de que Luizão seguirá conosco, no batuque, nas canções, na memória e no coração de cada integrante da Confraria”.
O acidente aconteceu na noite de terça-feira, e os bombeiros foram acionados para atender a ocorrência por volta de 20h10. No local, encontraram as quatro vítimas.
“A operação de busca e resgate durou cerca de 9 horas, devido a distância e as condições de acesso ao local, envolvendo 3 militares e uma viatura”, acrescentou o Corpo de Bombeiros.
Em nota, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (PCMS), por intermédio do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO) e da Delegacia de Polícia de Aquidauana, disse que equipes foram enviadas para a realização dos procedimentos de praxe e o levantamento de dados preliminares.
Luiz Ferraz e Rubens Crispim Jr. filmavam Yu para um documentário sobre o trabalho do arquiteto, que é criador do conceito de cidades-esponja e um nome importante no campo do desenvolvimento sustentável. O trabalho era uma produção da Olé Produções, empresa da qual Ferraz era um dos sócios.
O conceito diz respeito à implementação de espaços de amortecimento, absorção e reaproveitamento das águas da chuva para minimizar danos causados pelas enchentes. Em maio do ano passado, após as inundações que atingiram o Rio Grande do Sul, o arquiteto deu uma entrevista ao GLOBO e ressaltou a importância de conter o desmatamento.
Em março deste ano, Luiz Ferraz esteve no Festival de Documentário da Rota da Seda Marítima, na cidade chinesa de Fuzhou, onde falou sobre o projeto em entrevista ao portal Hola Fujian:
‘Esse filme é um pouco diferente de outros sobre mudanças climáticas, pois não é um filme sobre o fim do mundo. A ideia aqui é propor soluções. É entender que existe um caminho em relação às mudanças climáticas. Não é apenas uma situação de desastre’, afirmou.
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