A nova diretoria eleita da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que terá como presidente o empresário Paulo Skaf, no mandato que se inicia em 2026 e termina em 2029, sucedendo o empresário Josué Gomes da Silva, apresentou nesta quinta-feira seu “Conselhão”, um grupo de 16 especialistas em suas áreas, com o objetivo de discutir os desafios do país e elaborar propostas a esses problemas.
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O grupo se propõe a ser um ‘verdadeiro ministério da sociedade”, e tem nomes como o ex-presidente Michel Temer, o senador Sergio Moro, a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, o ex-diretor da organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, e a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
A ideia de trazer nomes importantes para o Conselhão, é fortalecer o setor privado, especialmente a indústria, que vem perdendo participação no Produto Interno Bruto. Mas a nova diretoria acredita que isso só acontecerá se o país estiver ‘saudável’, o que na visão dos conselheiros e diretores significa segurança jurídica, juros mais baixos, educação com qualidade, busca de inovação constante.
— Todos estão muito animados, a servir o Brasil e a gente precisa de mais equilíbrio, mais paz e solução para os velhos problemas. Precisamos buscar a qualidade da educação, a segurança pública, a segurança jurídica, enfim, o estímulo, a produção, o emprego, a tecnologia, nós estamos na era da inteligência artificial — disse Skaf sobre o “Conselhão”.
O grupo foi definido pela ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie, como um ‘ verdadeiro ministério’. Ela fará parte do grupo, presidindo o Conselho Superior de Assuntos Jurídicos. Os conselhos superiores da Fiesp são órgãos técnicos, que se propõem a discutir os desafios do país — e apresentar propostas.
— Skaf formou um conselho que é um verdadeiro ministério — reforçou Gracie em seu discurso de abertura.
O perfil político-econômico dos integrantes do “Conselhão de Skaf” é de centro direita e liberal, como o próprio Skaf, que sempre se posicionou politicamente durante seus mandatos na Fiesp como oposição aos governos de esquerda do país. Entre os 16 integrantes do conselho, há três mulheres. Alguns fizeram parte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, como por exemplo, a senadora e ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, Tereza Cristina. Ela disse que o conselho “reúne boas cabeças que pensam no país”.
— Podemos entregar um projeto de longo prazo. O setor agro, que tem produzido safras recordes, não vai bem apesar disso, com juros altos, burocracia e entraves ambientais. Não precisamos de um Fla X Flu, precisamos de harmonia, gente que pense o país — afirmou ela, que presidirá o Conselho Superior do Agronegócio.
Ao seu lado estava o ex-presidente do Banco Central no governo Bolsonaro, Roberto Campos Neto, que vai presidir o Conselho Superior de Economia. Campos Neto disse que há um problema de aumento da dívida pública global, o que significa taxas de juros elevadas e alto custo para rolar esses débitos. Isso, segundo ele, retira a liquidez do setor privado.
— Temos que enfrentar o problema da dívida com corte de gastos. Não se pode consertar o fiscal cobrando mais impostos do setor privado, o que significa baixar a sua competitividae — afirmou.
Sobre o fato de alguns conselheiros terem participado do governo Bolsonaro, Skaf afirmou que isso não influirá no trabalho deles, que são voluntários.
— São pessoas brilhantes nas suas áreas. A visão da Fiesp, a minha própria de todos eles é uma visão liberal, de centro-direita. Não importa se participou de governo aqui ou ali. E também não é nenhum demérito ter sido ministro de qualquer governo que seja. Se é um ministro, é porque teve qualidades para ser — disse, justificando a escolha dos nomes.
O ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, presidirá o Conselho de Comércio Exterior. Azevedo mora em Nova York e, segundo Skaf, poderá constribuir com os debates com uma visão internacional.
— Muito poucos setores da economia nacional estão presentes no exterior, e especialmente nos EUA. Essas crises (comerciais) vão acontecer cada vez com mais frequência e não temos estrutura e canais adequados para atuar — disse Azevedo.
Fazem parte ainda do grupo, o senador Sergio Moro, Conselho de Segurança, e o ex-presidente Michel Temer, que cuidará do Conselho de Estudos Nacionais e Políca. Ambos não estavam presentes na apresentação do conselho por conta de compromissos. O conselho de Segurança é uma novidade, assim como o de Educação, que será presidido pelo ex-ministro da Educação (no governo de Michel Tener) e deputado federal, José Mendonça Bezerra Filho.
— O país não tem um plano estratégico, fica apagando os incêndios do dia a dia — disse
Também integram o grupo, o empresário Marcos Lutz (presidente do grupo Ultra, que presidiráro o Conselhi de Infraestrutura, o ex-superintendente do Sebrae e empresário, Wilson Poit e o médico e ex-secretário de de Saúde da cidade de São Paulo, Raul Cotait (no Conselho de Responsabilidade Social).
Skaf disse que a nova gestão da Fiesp, que terá 132 diretores que representam os diversos setores da indústria, quer aplicar a diplomacia empresarial.
— A diplomacia empresarial nada mais é do que temos através do nosso conselho do comércio exterior e através do departamento do comércio exterior, um trabalho feito de forma permanente com o mundo — disse, afiremando que os Estados Unidos são prioritários, já que o país é um dos maiores investidores estrangeiros no Brasil e o maior cliente de manufaturas brasileiras.
Skaf defendeu que o Brasil mantenha diálogo com o mundo inteiro e principalmente com a maior nação do mundo.
— Nós não podemos aceitar a ideia do governo brasileiro não ter diálogo com o governo americano, isso não existe. A história entre o Brasil e o Estados Unidos está na cultura, nos investimentos, nos negócios. Fiquei muito feliz dessa oportunidade que o encontro da ONU propiciou e desejo que tenha o maior sucesso diálogo entre os nossos presidentes — disse.