Morreu nesta quarta-feira, aos 95 anos, a americana Sara Jane Moore, que em 1975 tentou assassinar o então presidente dos Estados Unidos, Gerald R. Ford. Ela estava em um asilo na cidade de Franklin, no Tennessee. A morte foi confirmada pela jornalista Demetria Kalodimos.
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Em 22 de setembro de 1975, Moore, então com 45 anos, disparou contra Ford em frente ao St. Francis Hotel, em San Francisco. O primeiro tiro errou o alvo. Quando ela se preparava para atirar novamente, o ex-fuzileiro naval Oliver W. Sipple desviou a arma, fazendo com que o segundo disparo ricocheteasse e atingisse um transeunte de raspão. O presidente saiu ileso, retirado às pressas pelo Serviço Secreto.
O episódio ocorreu apenas 17 dias após outra mulher, Lynette “Squeaky” Fromme, seguidora de Charles Manson, tentar matar Ford em Sacramento.
Na véspera do atentado de Moore, agentes do Serviço Secreto chegaram a apreender uma arma que estava em sua posse, mas a liberaram por não considerá-la uma ameaça. Poucas horas depois, ela comprou o revólver calibre .38 usado no ataque. Em depoimentos, afirmou acreditar que a morte de Ford poderia desencadear uma “revolução violenta” nos EUA.
Presos em flagrante, seus vínculos com grupos radicais se revelaram superficiais. Médicos concluíram que Moore era legalmente sã, embora tivesse histórico de instabilidade emocional. Em dezembro de 1975, declarou-se culpada e foi condenada à prisão perpétua.
Em carta enviada ao presidente, pediu desculpas, mas não teve resposta. Anos mais tarde, Ford comentou: “Só porque o presidente sobreviveu pode ter sido questão de sorte, mas a malícia foi a mesma e a intenção era matar.”
Moore passou 32 anos encarcerada. Em 1979, chegou a fugir de um presídio, mas foi recapturada horas depois. Converteu-se ao judaísmo em 1986 e foi libertada em 31 de dezembro de 2007, um ano após a morte de Ford. Mudou-se para a Costa Leste sob outra identidade e raramente falava à imprensa.
Em uma rara entrevista ao programa Today, da NBC, em 2009, afirmou acreditar, quando mais jovem, que o país “precisava mudar”.
— Nós dizíamos que o país precisava mudar. A única maneira seria uma revolução violenta. Eu realmente achei que isso poderia desencadear uma nova revolução aqui.
Casou-se com o psicólogo Philip Chase e viveu em uma comunidade de aposentados até a morte dele, em 2018, quando se mudou para o Tennessee.
A história de Moore inspirou obras culturais. Ela foi retratada como “uma verdadeira desmiolada” no musical Assassins (1990), de Stephen Sondheim e John Wideman, e teve a vida narrada pela jornalista Geri Spieler em Taking Aim at the President (2009), resultado de anos de correspondência.
De figura secundária nos movimentos radicais dos anos 1970 a protagonista de um dos atentados mais inusitados da política americana, Sara Jane Moore morreu longe dos holofotes.
