Comprar a casa própria continua sendo o maior sonho dos brasileiros. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em janeiro de 2025, nove em cada dez pessoas que vivem de aluguel visam a esse objetivo. Entre os jovens de 16 a 34 anos, o índice chega a 97%. Já entre os que têm mais de 60 anos, o desejo ainda é prioridade para 83%.
Mais de 1,2 mil famílias de São Paulo conquistaram, neste mês de setembro, o direito à moradia definitiva. Entre elas estão os moradores dos conjuntos habitacionais Domênico Martinelli, no Butantã, e Nossa Senhora de Fátima, na Penha, entregues nesta quarta-feira (24), além de 954 famílias de Paraisópolis, na zona sul, que receberam títulos de propriedade pela primeira vez.
As entregas integram o Pode Entrar, maior programa habitacional da história da cidade, que garante moradia digna para famílias em situação de vulnerabilidade. No Butantã, foram beneficiadas famílias que viviam em áreas de risco na comunidade do Sapé e recebiam auxílio-aluguel. Na zona leste, o Residencial Nossa Senhora de Fátima foi viabilizado pela modalidade Entidades do programa. Em Paraisópolis, a cessão de títulos de propriedade reforça o alcance das ações de regularização fundiária promovidas pela gestão municipal.
A técnica de enfermagem Elessandra Tatiana Carrinho, de 45 anos, e o marido, Alaílson Pereira de Andrade, 67, aposentado, comemoraram juntos a conquista da casa própria ao receber a chave do novo apartamento no Conjunto Habitacional Nossa Senhora de Fátima, na Penha, zona leste. O residencial, com 147 unidades, foi viabilizado pelo programa Pode Entrar e contou com investimento de R$ 29,4 milhões da Prefeitura de São Paulo.
— Agora vou ter a minha casa e fazer tudo do jeito que sempre sonhei. É difícil conseguir financiamento porque os juros são altos. Esse programa facilita, porque o valor é compatível com a realidade da gente. Além disso, vou poder concluir minha graduação em enfermagem — contou Elessandra.
Outros novos proprietários também comemoraram. A dona de casa Ana Lúcia Pereira do Nascimento Silva, 36, e o motorista Rodrigo Bento da Silva, 45, viveram por 13 anos na casa do sogro até conquistar o novo imóvel. Já a aposentada Francisca Maria dos Santos, 70, celebrou o fim de mais de duas décadas de aluguel:
— Meu coração está quase saindo do peito. Estou maravilhada com tudo — disse Francisca.
O residencial conta com três torres e estrutura de condomínio, incluindo salões de festa, playground, quadra esportiva, elevadores, guarita, áreas verdes e reservatório para reúso da água.
Poucos dias depois, em 24 de setembro, a prefeitura entregou 161 apartamentos no Conjunto Habitacional Domênico Martinelli, no Butantã, zona oeste. O investimento de R$ 35 milhões foi viabilizado pelo Programa de Urbanização de Favelas, beneficiando famílias que viviam em áreas de risco na comunidade do Sapé.
— Moramos de aluguel por 17 anos e a nova moradia foi uma grande conquista. Além de ser próxima ao bairro onde sempre vivemos, estamos muito felizes por ter um bom padrão, que vai nos proporcionar melhor qualidade de vida — contou a enfermeira Ana Jaqueline, 33 anos, nova moradora do conjunto.
Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, desde 2021 já foram entregues 13 mil unidades habitacionais, 2 mil apenas em 2025. O Pode Entrar atua por meio de mecanismos de incentivo à construção de habitações de interesse social, requalificação ou aquisição de imóveis privados, com uma política de financiamento de facilidade de acesso ao crédito .
Entre os mecanismos estão a carta de crédito (subsídio que funciona como uma entrada para a aquisição), além da compra pela prefeitura de imóveis privados para habitação de interesse social.
No dia 16 de setembro, 954 famílias de Paraisópolis, na zona sul, receberam títulos de propriedade pela primeira vez. No total, desde 2021, foram entregues 58 mil títulos, sendo 8 mil apenas neste ano.
A moradora Fiama do Nascimento Barros, 33, resumiu a conquista:
— Esse título tem uma importância muito grande, pois hoje eu tenho uma casa de verdade que ninguém vai tirar de mim e da minha filha.