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Vermelhidão, dor de cabeça, sonolência… e se você for intolerante ao vinho tinto? Saiba o que causa o problema

BRCOM by BRCOM
setembro 27, 2025
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A intolerância à histamina é um distúrbio pouco conhecido, mas relativamente comum — Foto: Freepik

Você toma uma taça de vinho tinto e, de repente, seu nariz entope, suas bochechas ficam vermelhas, a cabeça aperta ou o cansaço bate forte. Seria uma alergia? Uma reação aos sulfitos? Uma intolerância ao álcool? O que você sente pode ser… uma intolerância à histamina, um distúrbio pouco conhecido, mas relativamente comum. E não é a única causa possível.

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As reações de hipersensibilidade a bebidas alcoólicas, especialmente ao vinho tinto, são relativamente frequentes e afetam cerca de 10% da população em geral.

Conteúdo:

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  • Um caso revelador de intolerância à histamina
  • A histamina: um composto natural do vinho
  • O vinho tinto: mais risco de hipersensibilidade
  • Intolerância à histamina: uma questão de enzima
  • Alergia ou intolerância? Uma distinção essencial
  • E se não for a histamina?
  • Ainda é possível beber vinho?
      • Vermelhidão, dor de cabeça, sonolência… e se você for intolerante ao vinho tinto? Saiba o que causa o problema

Um caso revelador de intolerância à histamina

A intolerância à histamina é um distúrbio pouco conhecido, mas relativamente comum — Foto: Freepik

Vejamos o caso de Carine, de 51 anos, apreciadora de vinhos da Borgonha. Há alguns anos, cada taça de vinho tinto que ela bebe vem acompanhada de vermelhidão súbita no rosto, dores de cabeça e grande fadiga. Já os vinhos brancos não causam problema algum.

Após exames médicos, o diagnóstico foi dado: intolerância à histamina, favorecida por um déficit parcial da enzima diamina oxidase (DAO), responsável por eliminar normalmente essa molécula no intestino.

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A histamina: um composto natural do vinho

A histamina é uma molécula produzida pelo nosso corpo, principalmente durante reações alérgicas. Mas ela também está presente nos alimentos, especialmente em produtos fermentados ou envelhecidos, como queijos curados, embutidos… e vinhos.

No vinho, a histamina vem principalmente de uma segunda fermentação, chamada fermentação malolática, conduzida por bactérias lácticas. Esse processo, muito valorizado para suavizar os vinhos tintos, também favorece a produção de histamina e de outras “aminas biogênicas” (tiramina, putrescina…).

O vinho tinto: mais risco de hipersensibilidade

O vinho tinto fermenta junto com as cascas da uva, ricas em precursores de aminas — Foto: Freepik
O vinho tinto fermenta junto com as cascas da uva, ricas em precursores de aminas — Foto: Freepik

O vinho tinto apresenta maior risco de hipersensibilidade à histamina do que o branco, devido ao processo de vinificação. Ele fermenta junto com as cascas da uva, ricas em precursores de aminas. Já o branco é prensado antes da fermentação, o que limita a carga de histamina. Além disso, os vinhos tintos quase sempre passam por fermentação malolática, ao contrário de muitos vinhos brancos secos ou espumantes.

Resultado: o vinho tinto pode conter até dez vezes mais histamina que o branco. Um estudo austríaco, realizado com 100 vinhos tintos de alta qualidade, mostrou que 34% deles ultrapassavam o limite de 10 mg/l de histamina.

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Embora nenhuma política oficial tenha sido implementada, na Europa a indústria vinícola adotou limites entre 2 e 10 mg de histamina por litro de vinho. Mas, atualmente, não existe regulamentação específica sobre o teor máximo de histamina nos vinhos.

Intolerância à histamina: uma questão de enzima

Normalmente, a histamina ingerida é eliminada no intestino pela enzima chamada DAO (diamina oxidase). A DAO está presente principalmente no trato gastrointestinal (sobretudo no intestino delgado), no fígado, nos rins e nos mastócitos. A histamina também pode ser degradada pela histamina N-metiltransferase (HNMT), presente em todos os tecidos.

Mas algumas pessoas têm atividade enzimática reduzida, seja por herança genética (mutação no gene AOC1), seja por doenças digestivas crônicas (como síndrome do intestino irritável ou doença celíaca), seja devido a medicamentos (antidepressivos, anti-inflamatórios…).

Nelas, mesmo pequenas quantidades de histamina podem desencadear uma série de sintomas em até uma hora após o consumo:

  • vermelhidão no rosto, ondas de calor;
  • nariz entupido, espirros;
  • urticária, coceira;
  • dores de cabeça, enxaquecas;
  • distúrbios digestivos (cólicas, diarreia);
  • sonolência repentina, queda de pressão.

Segundo o Instituto Internacional de Deficiência em DAO, mais de 10% da população teria essa deficiência.

O álcool inibe a ação da DAO e provoca acúmulo de histamina. Ele também aumenta a permeabilidade intestinal, facilitando a passagem da histamina ingerida para o sangue e seu acúmulo no cérebro. A histamina se liga a receptores H3 nos pequenos vasos cerebrais, causando vasodilatação e dores de cabeça induzidas.

Por tudo isso, se você for intolerante à histamina e estiver diante de uma mesa com álcool e alimentos ricos em histamina, como queijos, pode passar por maus bocados.

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Alergia ou intolerância? Uma distinção essencial

Alergia ou intolerância à histamina? — Foto: Freepik
Alergia ou intolerância à histamina? — Foto: Freepik

Atenção: a intolerância à histamina não é o mesmo que uma alergia. Numa verdadeira alergia, há uma reação do sistema imunológico envolvendo anticorpos IgE — o que não ocorre na intolerância.

Mesmo assim, algumas pessoas realmente apresentam alergias ao vinho, raras, mas comprovadas:

  • Alergia à uva: a proteína Vit v 1, semelhante a alérgenos do pêssego ou da cereja, é a principal responsável;
  • Alergia a agentes de clarificação: alguns vinhos usam proteínas animais (ovo, peixe, leite) no processo de clarificação. Em pessoas alérgicas, traços residuais já podem desencadear reação;
  • Alergia a mofo ou leveduras: o fungo Botrytis cinerea, que causa a “podridão nobre” em alguns vinhos doces, também pode ser alergênico;
  • Alergia a proteínas de insetos: em casos extremos, venenos de vespas ou abelhas presentes no mosto podem causar choques anafiláticos, especialmente em vinhos jovens não filtrados.

Vale destacar que reações de hiperatividade brônquica após o consumo de álcool também são mais frequentes em pessoas asmáticas com rinite.

E se não for a histamina?

O vinho é um concentrado químico complexo. Outros componentes também podem estar envolvidos:

  • Sulfitos (conservantes), principalmente no vinho branco, podem desencadear crises de asma;
  • Etanol e seus metabólitos (como o acetaldeído) podem causar reações pseudoalérgicas;
  • Flavonoides e taninos, abundantes no vinho tinto, podem favorecer enxaquecas ao interferirem em enzimas cerebrais.

Além de dar cor ao vinho tinto, os flavonoides inibem enzimas como a catecol-O-metiltransferase (COMT) e a fenol sulfotransferase (PST). Assim, o corpo não consegue desintoxicar os fenóis que chegam ao cérebro e provocam enxaqueca, semelhantemente ao efeito da histamina. Ou seja, os polifenóis — frequentemente exaltados como benéficos à saúde — também podem ter efeitos nocivos.

  • Já os congêneres, substâncias secundárias da fermentação, intensificam os efeitos indesejáveis e a famosa “ressaca”.

Ainda é possível beber vinho?

Se você sofre de intolerância ao vinho tinto, pode optar por outros tipos de vinho… ou aproveitar para migrar para bebidas não alcoólicas. Caso escolha vinhos, saiba que o champanhe também contém mais histamina do que o rosé ou o branco.

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Também é recomendável evitar refeições que combinem muitos alimentos ricos em histamina (queijos, embutidos, frutos do mar…) com vinho tinto.

Em caso de reação de hipersensibilidade, recomenda-se retirar por alguns dias os alimentos ou bebidas alcoólicas suspeitos e reintroduzi-los gradualmente para identificar o responsável.

É possível ainda pedir ao médico um exame de dosagem de DAO (a enzima que elimina a histamina) no sangue, para investigar melhor a intolerância ao vinho tinto.

O fenômeno da intolerância já é bem conhecido em relação ao álcool e está ligado a mutações no gene da enzima que degrada o acetaldeído, metabólito tóxico do etanol.

De fato, cerca de 40% da população do Sudeste Asiático (Japão, China, Coreia) apresenta mutações no gene da ALDH2, que metaboliza o acetaldeído.

O resultado é o acúmulo dessa substância, causando náusea e vermelhidão no rosto logo nas primeiras doses — é a chamada “síndrome do rubor asiático”, uma reação intensa de intolerância ao álcool.

Existe até um medicamento, o dissulfiram (também chamado de antabuse), que inibe a degradação do acetaldeído e é usado no tratamento da dependência alcoólica, justamente porque impede a ingestão de álcool ao provocar reações fisiológicas desagradáveis.

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Não, você talvez não seja alérgico ao vinho tinto. Mas pode ser sensível à histamina, aos sulfitos, aos taninos ou a outros componentes presentes em determinados vinhos.

Graças aos avanços da pesquisa em nutrição, enologia e imunologia, compreendemos melhor essas reações… e podemos adaptar nossas escolhas. Para continuar a apreciar — com moderação — sem sofrer. Ou ainda, para ter um motivo a mais para parar de beber álcool.

*Mickael Naassila é professor de fisiologia e diretor do Grupo de Pesquisa sobre o Álcool & as Farmacodependências (GRAP) – INSERM UMR 1247, na Universidade da Picardia Jules Verne (UPJV).

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