Quando Cardi B revelou, no podcast Call Her Daddy, que realizou uma cirurgia para diminuir o tamanho do bumbum retirando biopolímeros, o assunto reacendeu debates importantes sobre os rumos da estética corporal. Mais do que uma curiosidade sobre celebridades, o episódio ilustra uma mudança de comportamento que tem ganhado força: a valorização da naturalidade nos procedimentos estéticos, especialmente os corporais.
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A tendência, já consolidada nos cuidados com o rosto, agora se estende ao corpo como um todo. Intervenções menos invasivas, resultados discretos e um olhar mais cuidadoso sobre os próprios limites têm pautado as escolhas de pacientes e profissionais.
A cirurgiã plástica Heloise Manfrim, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), resume bem esse novo momento:
— Hoje, ninguém tem muito interesse em mostrar para as pessoas que foi feito um procedimento estético. As pessoas querem só mostrar que elas estão bem. É o fim da estética artificial.
Segundo o cirurgião plástico Carlos Manfrim, também membro da SBCP, os pacientes estão cada vez mais conscientes e exigentes.
— Querem resultados personalizados, que realcem sua beleza sem parecerem fabricados. A busca agora é por harmonia, leveza e equilíbrio, e não por transformações evidentes. A tendência, já consolidada entre artistas, começa a pautar desejos no Brasil e, embora muitas pessoas associem isso apenas ao rosto, essa naturalidade também é buscada nas intervenções corporais.
No caso dos glúteos, por exemplo, conquistar resultados naturais exige um equilíbrio entre pele, músculos e gordura. O cirurgião plástico Romero Almeida explica que isso envolve desde bioestimuladores até enxertos de gordura estrategicamente planejados. Entre essas técnicas, a lipoenxertia (uso da gordura do próprio paciente) se destaca por oferecer um resultado mais suave e com menor risco de rejeição.
— Usamos a gordura do próprio paciente para volumizar e melhorar o formato. Mas como é um tecido autólogo, ela pode ser reabsorvida, as taxas de reabsorção giram em torno de 30% — detalha Dr. Carlos.
Para garantir resultados mais previsíveis, ele desenvolveu a técnica KA Method, uma abordagem que organiza a aplicação da gordura em porções específicas da região glútea. — Com a gordura, os resultados são excelentes e naturais, com uma vantagem adicional: a paciente ganha uma lipoaspiração, porque é necessário captar essa gordura de algum lugar, e selecionamos a área onde há maior acúmulo — pontua o médico.
Mas o segredo da naturalidade nem sempre está em uma única técnica. A combinação entre métodos, segundo os especialistas, é essencial. — Enquanto a lipoenxertia oferece resultados mais definitivos, os bioestimuladores são ideais para ajustes pontuais. Em alguns casos, ambos são usados juntos, adaptados ao histórico e objetivos do paciente. Um paciente com boa musculatura pode precisar apenas de bioestimuladores para firmeza, enquanto outro pode combinar lipoenxertia e bioestimulação para volume e harmonia — esclarece Dr. Romero, que ainda reforça que a musculação é a base para um bumbum firme e bem estruturado.
A busca por proporções equilibradas também atinge os seios. Muitas mulheres têm procurado os consultórios para trocar suas próteses por versões menores, com aparência mais leve. — Essa tendência vem ganhando espaço porque, além de conferir um resultado mais natural, evita complicações como flacidez e estrias causadas por próteses de silicone muito grandes, que ferem os tecidos da região da mama, provocando estiramento da pele. Isso sem contar alguns possíveis problemas de coluna causados pelo peso dessas próteses — diz Dr. Carlos.
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Para atender esse público, uma técnica recém-chegada ao Brasil, chamada Preservé, permite o implante de próteses menores com anestesia local, em consultório, e cicatrizes quase imperceptíveis.
— Ideal para quem deseja um aumento discreto do volume mamário, a técnica Preservé permite a inserção de próteses de silicone em consultório com anestesia local e sedação, sem a necessidade de anestesia geral. O procedimento dura cerca de 20 minutos e não exige afastamento das atividades. Além disso, as cicatrizes são extremamente discretas, com menos de 2 centímetros — acrescenta Manfrim.
Outras técnicas também foram aprimoradas para acompanhar esse novo olhar. É o caso da Lipo LAD (Lipoaspiração de Alta Definição), que inicialmente ficou famosa por realçar gominhos no abdômen. A proposta atual, no entanto, é mais contida.
— A Lipo HD evoluiu. O que antes era sinônimo de definição acentuada e músculos extremamente evidentes, hoje se adapta a um novo ideal estético, mais suave, funcional e realista — relata o especialista. A Dra. Heloise Manfrim destaca: — A nova abordagem prioriza a harmonia dos contornos com o biotipo do paciente, promovendo uma definição natural, aquela que valoriza a musculatura sem criar efeitos artificiais.
O enxerto de gordura, inclusive, voltou a ganhar protagonismo em procedimentos corporais com a técnica UGraft, que reaproveita a gordura retirada durante a lipoaspiração e injeta dentro da musculatura. — A gordura enxertada, rica em células-tronco, potencializa os resultados – até mesmo em pacientes que não têm grande desenvolvimento muscular natural. É um divisor de águas que permite que o paciente conquiste um contorno corporal harmonioso e natural, mesmo sem histórico de treino intenso — observa Dr. Romero.
A integração entre tecnologia e cirurgia também tem ajudado a sustentar os efeitos dos procedimentos e preservar a naturalidade ao longo do tempo. — As pacientes fazem a cirurgia e procuram mais os consultórios pensando nos procedimentos minimamente invasivos para manter esse resultado de forma constante. Hoje existem tecnologias como o Morpheus, uma radiofrequência microagulhada que atua na pele, melhorando sua qualidade tanto no rosto quanto no corpo — aponta Dra. Heloise.
— Lasers e Ultraformer também podem ajudar a melhorar esse aspecto. E nas cirurgias corporais menores, como em minilipoaspirações, utilizamos as células-tronco dessa gordura captada para otimizar a qualidade da pele — comenta Dr. Carlos.
No fim das contas, o grande diferencial dos procedimentos corporais modernos está na personalização. — A individualização é indispensável. O tratamento deve considerar as proporções, expectativas, características da pele e do tecido adiposo de cada paciente. O objetivo vai além da estética: trata-se de devolver autoestima com responsabilidade, respeitando os limites do corpo e valorizando sua forma natural — conclui Dr. Romero.