Mais de 50 mil pessoas foram às ruas de Berlim, na Alemanha, neste sábado para protestar contra a guerra na Faixa de Gaza, no que organizadores afirmam ter sido a maior manifestação do tipo já registrada na capital. A marcha percorreu o centro de Berlim, passando pelo parque Tiergarten, com palavras de ordem como “Palestina livre” e cartazes exigindo o fim da guerra entre Israel e o Hamas, além da suspensão das exportações de armas alemãs para Tel Aviv.
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Segundo a polícia, cerca de 50 mil pessoas participaram do ato, monitorado por aproximadamente 1.800 agentes. Já os organizadores falam em mais de 100 mil manifestantes, reunidos em torno do movimento “Todos os Olhos em Gaza”, que contou com apoio de cerca de 50 entidades, incluindo o Partido de Esquerda.
“As ações do governo israelense têm sido descritas como genocídio por especialistas e organizações internacionais, e a Corte Internacional de Justiça as está investigando. Embora todos possam ver como o Exército israelense está cometendo atrocidades em massa em Gaza, o governo alemão nega a violência sistemática”, disseram os organizadores em um comunicado.
“Os manifestantes pediram a suspensão das exportações de armas alemãs para Israel e exigiram sanções da União Europeia contra Israel”, informou a agência de notícias alemã DPA.
No mês passado, o chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou que a Alemanha não autorizaria nenhuma exportação de equipamento militar para Israel que pudesse ser usado em Gaza “até novo aviso”. Apesar disso, Berlim se recusa a apoiar sanções contra o governo israelense.
A Alemanha é vista como uma das maiores apoiadoras de Israel. O país mantém a postura há décadas, em grande parte devido à sua responsabilidade histórica no Holocausto, o que moldou sua política externa do pós-guerra em torno da garantia da segurança de Israel e do combate ao antissemitismo.
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Enquanto a maioria se manifestava contra a ação militar israelense, um grupo de cerca de 100 pessoas protestou a favor de Israel e “contra todas as formas de antissemitismo”, segundo a emissora pública alemã RBB. Houve confrontos isolados quando os dois grupos se encontraram, mas não ficou claro se ocorreram entre manifestantes rivais ou com a polícia.
Além da capital, milhares de pessoas também protestaram em Düsseldorf, no oeste do país, sob o lema “não esqueceremos Gaza — liberdade para a Palestina e todos os povos oprimidos”. Em Genebra, na Suíça, cerca de 6 mil pessoas marcharam pelo fim da guerra, de acordo com a emissora suíça SRF.
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Uma nova pesquisa divulgada na última terça-feira mostrou que 62% dos eleitores alemães acreditam que as ações israelenses em Gaza constituem genocídio, aumentando a pressão sobre o governo de centro-direita para reavaliar sua posição em relação a Israel.
A pesquisa representativa realizada pela YouGov mostrou que o sentimento transcende fronteiras políticas, com 60% dos eleitores do bloco conservador de Merz considerando a campanha militar de Israel como um genocídio contra os palestinos. Entre os eleitores do Partido Social-Democrata (SPD), parceiro de coalizão, o número foi ainda maior, 71%.
Embora Merz e o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, tenham recentemente intensificado suas críticas à ofensiva militar de Israel e ao bloqueio da ajuda humanitária a Gaza, eles evitaram usar o termo “genocídio”.