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os avanços da ciência para tratar pacientes com leucemia

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setembro 28, 2025
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Betina Nogueira, de 31 anos, passou a manifestar dor de garganta, dores no corpo e uma febre que não baixava — Foto: Maria Isabel Oliveira

Uma das tramas inéditas do remake de Vale Tudo, no ar atualmente na TV Globo, é o quadro de leucemia mieloide vivido por Afonso Roitman (Humberto Carrão). Na história, o triatleta, filho da vilã Odete Roitman, é surpreendido por uma vertente bastante agressiva da doença e precisará passar por um transplante, além de sessões de quimioterapia.

Assim como Afonso, cerca de 11,5 mil brasileiros são anualmente diagnosticados com algum tipo de leucemia, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para essas pessoas, a ciência avança numa esperada revolução que passa por transplantes e novas drogas, mas que ainda tem muito a caminhar.

O transplante de medula, que é na verdade um transplante de células-tronco, figura como um dos pontos centrais desse tratamento e é geralmente indicado para pacientes com análise de risco de moderada a alta. Assim como a doação de outros tipos de órgãos e tecidos, encontrar um doador é peça fundamental para o procedimento. Felizmente, o caminho encontrar até alguém compatível tornou-se mais facilitado nas últimas décadas.

— Quando há uma leucemia mieloide aguda de risco intermediário ou de alto risco, primeiro é feita a quimioterapia. Com isso, queremos que a pessoa entre em remissão, zerada das células do câncer. Depois disso, levamos esse paciente ao transplante para que a doença não volte — afirma Vanderson Rocha professor de hematologia e terapia celular da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador de terapia celular na Rede D’Or. — Atualmente são possíveis dois tipos de doadores. Há o HLA (nome do sistema de análise) compatível, que é geralmente um irmão. Se não houver, podemos ir ao banco de doadores. Existe, porém, um outro tipo de transplante com resultados muito semelhantes, que se chama haploidêntico, que é 50% compatível, que pode ser com irmãos, pai ou mãe. E até mesmo primos.

Esse tipo de transplante, parcialmente compatível, ocorre no país há pouco mais de uma década. Embora o nome possa sugerir que seja um ajuste inferior ao transplante tido como “100% compatível”, os especialistas explicam que a técnica é bem tolerada pelos pacientes e pode igualmente levar à cura da doença.

— Quando comecei a trabalhar, não tínhamos esse tipo de doador, de técnica. A gente lançava a mão de transplante de sangue de cordão umbilical, que é uma possibilidade. Com essa nova técnica melhorou muito. É uma revolução — afirma Vanderson.

Até a possibilidade de pesquisar um doador num banco de medula é uma novidade das últimas décadas. Danielli Oliveira, coordenadora do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) ligado ao SUS, é quem lembra da mudança de paradigma promovida pelo banco.

— Se o primeiro Afonso Roitman, da novela de 1988, tivesse tido leucemia, ele não teria (acesso) a um registro de doadores. Nos anos 80 e 90, os registros ainda estavam começando. O registro brasileiro começou em 1993, em São Paulo. Cinco anos depois, ele passou para o Ministério da Saúde e começa a integrar a política de transplante no Brasil. Temos um único registro e público. Em nem todos lugares são assim, em alguns países há registros do terceiro setor, por exemplo. — explica.

Atualmente, o registro brasileiro conta com cerca de 6 milhões de doadores. De acordo com a própria organização, é o terceiro maior banco do tipo em todo o mundo. Há, porém, um trunfo em relação a registros de medulas internacionais. Justamente a miscigenação da população brasileira, que permite que pessoas de diferentes origens consigam encontrar doadores compatíveis com mais facilidade.

— Eu ousaria dizer que o Afonso encontraria um potencial doador no Brasil! — sugere Danieli, ao comentar a trama da novela, em que o personagem não consegue achar um doador compatível no país e parte para busca no exterior.

Uma vez encontrado uma pessoa com potencial de doador no banco, alguns passos são necessários para que a doação efetivamente aconteça. É fundamental que os dados de quem planeja doar a medula estejam atualizados no sistema do Redome e que a pessoa esteja em boas condições de saúde. A chance de encontrar um doador, ressalta Danielli, é bem alta. A estimativa é que 90% dos que precisam consigam achar os doadores.

A quimioterapia, responsável por “matar” a medula cancerosa ainda é fundamental para o controle do quadro de saúde e para devolver qualidade de vida ao paciente. O tratamento, explicam os médicos, é bastante agressivo e requer internação por muitas semanas. Nesse sentido, é muito bem-vindo o desenvolvimento de novas terapias-alvo — que atacam aspectos vitais das células cancerosas — e causam menos efeitos colaterais.

— Em 70% dos casos de leucemia mieloide aguda (como a do Afonso Roitman) precisam de quimioterapia, outros 30% já podem usar drogas alvo. Isso há 10 anos era uma taxa de 5%. É uma doença potencialmente tratável, mas com alta taxa de letalidade se não diagnosticar cedo — afirma Otávio Baiocchi, líder do Centro Especializado em Linfoma e Mieloma do Hospital Oswaldo Cruz.

Apesar de todo o avanço científico, ainda é difícil determinar porque pacientes desenvolvem esse tipo de câncer. Em Vale Tudo, por exemplo, a doença acomete um homem jovem de hábitos invejáveis: triatleta que cuida da alimentação de maneira regrada. Fora das telas, o câncer costuma ocorrer em pessoas de mais idade, mas é difícil determinar as razões de seu aparecimento.

— Toda leucemia mieloide aguda vem de uma mutação genética. Algum gene mutou, geralmente da medula óssea e esse gene na célula-tronco começa a produzir um clone errado, que acaba sendo preponderante e com isso a doença se manifesta — conta Nelson Hamerschlak, coordenador do departamento de Hematologia no Einstein. — Existem casos em que esse clone(errado) é hereditário, o que é raro. Outros acontecem após à exposição a gases químicos, como o benzeno, em doses altas, como aconteceu na bomba atômica. Mas na grande maioria das vezes não se descobre porque isso aconteceu.

Outro desafio ao redor da doença é identificá-la por meio de sintomas que os médicos chamam de “inespecíficos”, comuns à infecções virais por exemplo. No caso da dermatologista Betina Nogueira, de 31 anos, a leucemia passou a se manifestar por meio de dor de garganta, dores no corpo e uma febre que não baixava. O diagnóstico inicial da doença veio após o exame de sangue.

Betina Nogueira, de 31 anos, passou a manifestar dor de garganta, dores no corpo e uma febre que não baixava — Foto: Maria Isabel Oliveira

— Os médicos não deixam você voltar para casa e o começo da químio é pra ontem — lembra. — Soube que minha irmã era 100%compatível para transplante no mesmo dia em que soube que a químio tinha pegado (funcionado). Gritamos tanto dentro do hospital que pensaram que eu estava tendo uma parada cardíaca. Esse é um dos momentos mais felizes, encontrar seu doador. Sempre fui muito positiva, pensava que o que precisava ser, seria.

Betina passou pelo transplante e felizmente está em remissão da doença.Voltou a atender pacientes no Hospital das Clínicas da USP. A rotina, contudo, pede adaptações para o bem-estar. Após o transplante, que foi um sucesso, a dermatologista passou a lidar com efeitos da doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH ou GVHD, em inglês). Esse quadro ocorre quando as células de defesa transplantadas começam a atacar quem recebeu o transplante. Os efeitos podem ser diversos, como secura nos olhos, falta de saliva, alterações cutâneas e gastrointestinais. Há, porém, casos mais graves com risco de morte.

— Estou sempre com minha garrafinha de água, porque não produzo mais saliva. Também estou sempre junto do meu colírio. Existe hoje uma vontade de informar o paciente e os médicos sobre o GVHD, que ele existe — projeta.

Mesmo diante desse cenário desafiador, conta Luciana Tucunduva oncohematologista do Hospital Sírio-Libanês, há grandes avanços à vista.

— Hoje temos estratégias para minimizar esses riscos, que chamamos de profilaxia do GVHD. Fazer transplante 20 anos atrás ou agora é muito diferente. O suporte nos hospitais faz muita diferença e as novas drogas também. Não basta ter um médico que saiba fazer o transplante — explica .

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