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Juliette Binoche conta como seu primeiro filme surgiu por sugestão de Robert Redford, morto no mês passado

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outubro 5, 2025
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Cena de "In-I in Motion" — Foto: Divulgação

Era o final da turnê mundial da peça “In-I”, em cartaz no teatro BAM (Brooklyn Academy of Music) de Nova York, quando Juliette Binoche, que dividia o espetáculo com o dançarino britânico Akram Khan, recebeu uma visita inesperada no camarim, ao término de uma das sessões da temporada americana em 2009. A premiada atriz francesa ainda estava com a roupa de cena, saindo do palco em direção às coxias, quando ninguém menos do que Robert Redford (1936-2025), que estivera na plateia, surgiu em seu caminho, a puxou para o cubículo reservado aos artistas, fechou a porta e disse: “Você precisa fazer um filme sobre essa peça.”

— Ele repetiu a frase várias vezes, e com muita paixão. Fiquei um pouco surpresa porque estava diante do grande ator e diretor e só pude repetir: “Sim, sim, sim, eu vou fazer algo a respeito!” Alguém ignoraria uma sugestão de Robert Redford? — indaga Juliette com um sorriso, às vésperas da estreia mundial, no Festival de San Sebastián, mês passado na Espanha, do documentário “In-I in motion”, tradução em imagens daquele espetáculo, que marca o debute da estrela de “A liberdade é azul” (1993) como realizadora. — O problema é que eu não estava preparada, não tinha uma produção para isso naquele momento, e ainda tínhamos mais um mês de turnê pela frente.

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Para sorte de Juliette, sua irmã, a fotógrafa Marion Stalens, registrou os ensaios, como parte de um doc sobre a atriz encomendado pelo canal de TV franco-alemão Arte. Ela pediu que Marion filmasse os sete últimos espetáculos da turnê, mesmo sem saber o que faria com o material. As fitas ficaram esquecidas por mais de uma década, “ou porque não tinha dinheiro, ou estava filmando, ou lidando com a maternidade”, como ela observa. Até que, dois anos atrás, dois produtores noruegueses a sondaram sobre possíveis projetos, e a ideia de “In-I in motion”, que ganha première brasileira hoje no Festival do Rio com presença da estrela francesa, foi retomada.

Como ocorreu com a peça (que mistura teatro e dança, arte até então inexplorada pela atriz), construir um documentário exigiu espírito desbravador. “In-I” foi anunciado como um experimento que convida o espectador a ver o que acontece quando um ator dança e um dançarino interpreta um papel. Codirigido por Juliette e Khan, o espetáculo era uma série de vinhetas sobre as formas de amor, da paixão à luxúria, combinando movimento e palavra falada. Com o documentário, que é em parte os bastidores da peça e em parte a filmagem do espetáculo, Juliette volta a trabalhar com a cocriação artística.

— Se na peça dividi a criação com Khan, no documentário o fiz com os editores que ao longo dos anos se revezaram na descoberta da estrutura do filme — conta a vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante com “O paciente inglês” (1996). — Foram horas e horas sentada, às vezes me sentindo perdida, porque o filme se movia o tempo todo na minha cabeça. Meu desejo era acompanhar o processo de criação, mas sem a voz do criador, colocando os espectadores em um lugar que nunca estiveram antes. O que me ajudou foi tirar fotos de algumas cenas e colocá-las em grandes cartões. Ter imagens estáveis me ajudou a construir, com os editores, o caminho do filme.

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Juliette conta que o propósito de “In-I in motion” é reexaminar aquela experiência, na esperança de “inspirar as pessoas a irem a lugares que nunca foram, a ficarem abertas ao potencial de criar algo novo, ou a realizar um sonho”. A atriz, que não tinha formação prévia em dança, tomou aulas com um professor um ano antes da estreia de “In-I” em Londres, em 2008 — o mínimo de instrução necessária para improvisar com Khan.

Cena de “In-I in Motion” — Foto: Divulgação

Mesmo com tanta experiência diante das câmeras, o filme impôs problemas técnicos. Um dos desafios foi o uso de música: recriar todas as etapas da peça original, a partir de diferentes trechos, mantendo o ritmo, e sempre de olho nos direitos autorais:

— Nos vimos com 15 canções diferentes no filme, que custariam uma fortuna usar. Nosso documentário era uma coisa pequena, não tínhamos dinheiro para isso. Eu me vi escrevendo para Paul McCartney perguntando se poderíamos usar “Ebony and ivory” no meu filme. Ele foi muito generoso, nos permitiu que usássemos. Mas houve casos como o dos herdeiros do Nino Rota, o compositor preferido de (Federico) Fellini. Pediram muito dinheiro, tive que tirar. Me vi numa realidade que desconhecia, mas foi muito interessante.

“In-I in motion” fez Juliette se reencontrar consigo mesma quando tinha 45 anos: no auge de seu potencial artístico, disposta a encarar novos desafios, mas sem a cobrança que fazia no início da carreira, quando achava todas as performances “um desastre”. Ela evita rever seus filmes, mesmo os que trouxeram fama, prêmios e satisfação, porque é uma experiência “dolorosa”.

— Quando o filme é muito bom, você esquece de si mesma, é tomada por ele — diz a atriz, de 61 anos, que está em cartaz no Brasil com “O retorno”, em que retoma a parceria com Ralph Fiennes de “O paciente inglês”. — Tive muita sorte. Conheci diretores maravilhosos, e a maioria das filmagens de que participei foi prazerosa. “A liberdade é azul” (de Krzysztof Kieslowski) foi uma experiência muito forte, porque há algo de que não exigia esforço algum de minha parte, assim como aconteceu com “Cópia fiel”, do Abbas (Kiarostami). Mas também gostei de trabalhar em “High life” (2018), meu primeiro filme com Claire Denis, uma experiência dela com ficção científica que muita gente não entendeu, mas eu ri e me diverti muito.

Dirigir nunca foi uma ambição da atriz, mas a experiência com “In-I in motion” lhe abriu os olhos para outras etapas igualmente inspiradoras de um filme.

— O ator está no centro da criação, então nunca me senti frustrada por não assumir a direção — observa. — Por mais que você não participe de um roteiro, não frequente a sala de edição ou não seja convidada a dar opiniões ou sugestões, é parte do processo criativo com o diretor. A escritura do diretor está na sala de edição, ali você rescreve a história e até a performance dos atores. Isso me deu uma outra camada de interpretação sobre filmes. Nunca pensei em dirigir uma ficção, mas ainda tenho histórias que gostaria de contar.

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