A enóloga Ana Paula Bartolucci pensava que ia elaborar espumantes quando foi contratada pela Chandon Argentina, em 2017. Primeira mulher enóloga-chefe da marca naquele país, ela recebeu outro desafio, também com borbulhas: criar um produto voltado para o público jovem, que “rompesse rituais’. Foram quatro anos de pesquisa e 64 ensaios. Um trabalho que exigiu fôlego dessa maratonista que ama correr nas montanhas de Mendoza, sua terra natal.
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— Quando comecei, me disseram que queriam algo diferente, com outros ingredientes. “Este projeto é difícil, nem tenho ideia de como começar”, pensei. Ao ser contratada, achei que tinha entrado num mundo super tradicional, com toda aquela herança de Champagne. Mas vi que estavam fazendo coisas fora do comum. Isso me fascinou. Posso continuar criando infinitamente e também vivenciar toda a outra parte, o legado francês — avalia.
Ela conta que, no início do projeto, saía com os amigos e via o que estava sendo consumido nos bares:
— Era o boom do Aperol, Campari, todos aqueles drinques, os aperitivos depois do expediente. O que todos tinham em comum? E os bitters? Tem algum cítrico? São todos bons? São bebidas bastante generosas, porque oferecem muitos aromas e sabores. Fomos nessa direção, em algo além da uva — revelou.
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A receita do Chandon Garden Spritz tem como base o espumante Chandon Brut, feito com as uvas Chardonnay, Pinot Noir e Semillón, cultivadas aos pés da Cordilheira dos Andes; além de uma mistura artesanal de cascas de laranja e especiarias, como cardamomo. As frutas são orgânicas e vêm uma fazenda familiar de Tucumán.
— Começamos a analisar que tipos de laranja usaríamos e como processá-las. Passamos para a parte fresca, depois para a assada. Fizemos o mesmo com as especiarias. Muitas ficaram de lado. Aprendemos muitas coisas. Apesar de não usarmos a pimenta-rosa, descobrimos que ela dá volume na boca. Existem muitos ingredientes que surpreendem com as características que podem trazer ao seu produto.
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O Chandon Garden Spritz não leva aromas nem corantes artificiais. Tem 50% menos açúcar do que a média dos spritz tradicionais. A coloração pêssego pálido é resultado natural dos antocianos presentes nas cascas de uva, que evoluem ao longo do tempo.
O Garden Spritz é um coquetel, que pode ser bebido com gelo, uma rodela de laranja desidratada e um raminho de alecrim no verão; ou com um toque de canela no inverno. A criação também contou com a colaboração de outros enólogos da Chandon. Esse time é formado por 16 profissionais de sete nacionalidades, que atuam em seis vinícolas em quatro continentes.
Com 34 anos e 16 vindimas, como se chama a colheita das uvas, Ana Paula é de Mendoza e vem de uma família que trabalha com exportação tanto de vinhos quanto de azeites. Já passou por outras vinícolas no Vale do Uco, além de vinhedos da África do Sul e da Espanha. Ela se tornou enóloga após o pai sugerir que passasse uns dias na vinícola de um amigo dele.
— Eu adorei, me envolvi. Fiquei entre o laboratório, a vinícola. O que mais gosto na enologia é que não existe uma rotina. Sabemos que há colheitas todos os anos, mas cada ano é diferente. Cresci rodeada de vinhedos, no mundo do vinho. Em Mendoza, é comum decidirmos ser enólogos.
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A bebida é a terceira mais vendida pela Chandon na Argentina. Perde para o espumante Extra Brut, criado em 1960, e o Délice Branco, de 2012. Em quarto lugar, está o Délice Rosé, de 2024. Para Hervé Birnie-Scott, diretor geral da Chandon Argentina, esse ranking revela o acerto da maison nos anos 1950, ao ampliar o horizonte e fugir do convencional. A Chandon foi uma marca pioneira, na ida para a Argentina em 1959. E hoje produz também no Brasil, nos Estados Unidos, na Austrália, na China e na Índia.
— Ampliamos o mundo das borbulhas. O Garden Spritz segue a ideia de irmos em direção ao gosto do consumidor, de seduzi-lo de outra forma — completa Hervé.
Adriano Ciavdar, diretor de marketing da Chandon, conta que a bebida tem feito sucesso também no Brasil:
— O consumidor brasileiro busca novidades refrescantes e inovadoras. Acreditamos que o produto atende a uma demanda crescente por bebidas prontas para servir, que unem naturalidade e o savoir-faire do mundo dos espumantes, perfeitas para ocasiões informais do cotidiano — analisa.
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Cláudia Meneses viajou a convite da Chandon.
Maratona com o pequeno Milo
Depois da criação do coquetel, Ana Paula conta que precisou novamente da resistência de corredora para o lançamento em outros mercados. Ela havia acabado de dar à luz Milo, hoje com 3 anos. Como estava amamentando e teve que fazer um tour por diversos países, o bebê e o marido a acompanharam:
— Milo nasceu em 2022 e estavam planejadas todas as viagens de comunicação. Fomos os três. A primeira viagem durou três semanas e a segunda, um mês completo. Foram muitas cidades. A empresa me apoiou. Se ia com um bebê de meses, precisava de alguém que cuidasse dele. Para mim, era fundamental.
O Chandon Garden Spritz é vendido no e-commerce da marca por R$ 129,90 e em pontos de venda selecionados em todo o país.