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Caso de influenciador que morreu após estética levanta debate sobre limites de atuação em procedimentos invasivos

BRCOM by BRCOM
outubro 6, 2025
in News
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Junior Dutra teria morrido em decorrência de complicações após uma intervenção estética — Foto: Reprodução Instagram

A recente morte do influenciador Júnior Dutra, após complicações de um procedimento estético realizado por um dentista, reacendeu discussões entre médicos e especialistas sobre os riscos associados a intervenções realizadas por profissionais sem formação médica. O caso ganhou repercussão nas redes sociais e reforça dados de um estudo nacional que revela um número preocupante de complicações em procedimentos estéticos feitos por não médicos no Brasil.

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Segundo o levantamento, quase 13% dos pacientes atendidos por médicos dermatologistas, infectologistas e cirurgiões plásticos haviam se submetido a algum tipo de intervenção estética com profissionais de outras áreas da saúde, ou mesmo sem formação. A consequência mais comum são complicações que exigem tratamento médico posterior. Em média, cada profissional atende cinco casos por mês, sendo que 17% evoluem com sequelas permanentes.

Em março deste ano, o influenciador digital passou por um procedimento conhecido como “Fox Eyes”, feito com fios de PDO (polidioxanona), com o objetivo de levantar as sobrancelhas e abrir o olhar. O procedimento foi realizado por um dentista. Desde então, Júnior relatava dores e quadros infecciosos. “Assim que eu fiz o procedimento, eu senti como se fosse uma veia estourada do lado esquerdo do rosto”, contou ele, em uma publicação nas redes sociais. Na última sexta-feira (3), Júnior morreu em decorrência dessas complicações.

O caso gerou forte comoção entre seguidores e profissionais da área da saúde, por se tratar de mais um episódio com desfecho trágico associado a procedimentos feitos fora do ambiente médico.

Estudo inédito revela cenário preocupante

O estudo citado, conduzido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP), reuniu respostas de 1.058 médicos, sendo a maioria dermatologistas, infectologistas e cirurgiões plásticos. Mais da metade dos participantes atende mais de 100 pacientes por mês, e cerca de 12,7% desses pacientes já haviam feito algum procedimento estético com não médicos.

— O aumento da demanda e a falta de regulamentação adequada são os principais fatores que explicam o crescimento desse tipo de oferta. A Lei do Ato Médico tem diversas brechas, o que permite que conselhos de outras categorias profissionais autorizem intervenções que deveriam ser médicas. E o mais grave: até pessoas sem nenhuma formação em saúde têm realizado procedimentos invasivos. Não há um órgão regulatório que fiscalize isso — alerta a dermatologista Elisete Crocco, membro da SBD-RESP e uma das autoras do estudo.

De acordo com o levantamento, quase 90% dos médicos relataram atender, todo mês, pacientes com complicações decorrentes dessas intervenções. Os casos mais comuns incluem cicatrizes, inflamações, infecções e necroses, sendo que muitos demandam tratamento prolongado, múltiplas cirurgias e, frequentemente, deixam sequelas definitivas.

Junior Dutra teria morrido em decorrência de complicações após uma intervenção estética — Foto: Reprodução Instagram

— Entre os procedimentos mais perigosos quando realizados por pessoas sem formação médica estão os preenchimentos injetáveis, que podem causar cegueira e necroses, e os procedimentos cirúrgicos, que têm alto risco de contaminação por micobactérias, algo muitas vezes desconhecido por profissionais de outras áreas. O número de complicações por fios de PDO também é expressivo. No entanto, as sequelas cirúrgicas e necroses por preenchimentos são as mais graves, pois são permanentes — explica a Dra. Elisete.

O dermatologista Rafael Azevedo, também membro da SBD-RESP, destaca que o apelo comercial e o fácil acesso ajudam a perpetuar o problema: — Menor custo, divulgação ampla nas redes sociais e o desconhecimento dos riscos técnicos envolvidos contribuem para essa escolha. Muitos pacientes subestimam a complexidade anatômica e não compreendem que mesmo procedimentos minimamente invasivos podem causar danos severos quando realizados por profissionais sem formação médica adequada.

Procedimentos com não médicos: quem são?

Entre os profissionais mais citados pelos médicos como responsáveis por complicações estão dentistas e biomédicos, mas esteticistas, fisioterapeutas, farmacêuticos, enfermeiros, e até leigos sem qualquer formação em saúde, também aparecem como executores de procedimentos invasivos.

— Complicações podem acontecer com qualquer profissional, mas a diferença está na capacidade de reconhecer e gerenciar essas intercorrências com segurança. Infecção, reação inflamatória grave ou oclusão vascular exigem ação imediata e respaldo legal, algo que apenas o médico possui. A questão não é disputa de categorias, mas sim os limites técnicos e legais de cada formação profissional. Atuar fora da alçada coloca vidas em risco e leva casos evitáveis aos consultórios — afirma o dermatologista Daniel Cassiano, diretor da SBD-RESP.

Tratamento das complicações e sequelas

O acompanhamento dos casos graves costuma ser longo e complexo. Em média, os pacientes precisam de 7 a 8 consultas por ano, podendo chegar a 12 em situações mais delicadas. Também são necessárias, em muitos casos, até quatro cirurgias corretivas.

— Quando um paciente chega ao consultório com uma complicação causada por um procedimento feito por não médico, o acolhimento é o primeiro passo. Depois, é preciso diagnosticar corretamente e traçar a conduta. Casos leves podem exigir apenas suporte clínico e antibióticos, mas quadros mais severos, como necroses e infecções profundas, requerem intervenções imediatas — como uso de hialuronidase, corticoides, anticoagulantes, internações e até cirurgias reparadoras. Nem sempre o desfecho é esteticamente satisfatório — diz o Dr. Rafael.

Fiscalização e responsabilidade

Para os especialistas, o estudo, por sua abrangência, é um marco importante no debate sobre segurança em procedimentos estéticos no país. — Os dados mostram uma situação alarmante, com muitos pacientes sofrendo complicações e um custo elevado para o sistema de saúde. O trabalho reforça a urgência de regras mais claras, maior orientação à população e critérios mais rigorosos para definir quem pode ou não realizar esses procedimentos — defende o Daniel.

A Dra. Elisete reforça a necessidade de uma instância reguladora: — Precisamos de um órgão que atue de forma isenta, acima dos conselhos de classe, para definir, com base na formação de cada profissional, o que pode ser realizado dentro de cada especialidade. E que fiscalize de forma eficaz.

Cuidados essenciais antes de se submeter a um procedimento

Enquanto não há uma regulamentação mais clara e fiscalização efetiva, os médicos reforçam que cabe também ao paciente redobrar a atenção antes de realizar qualquer procedimento estético.

— Ausência de registro em conselho profissional, execução em locais inapropriados (como salões ou residências), preços muito abaixo da média e ausência de supervisão médica são sinais de alerta. O ideal é buscar profissionais com formação médica e, de preferência, especialistas em Dermatologia ou Cirurgia Plástica. A estética segura exige conhecimento profundo de anatomia, farmacologia e fisiopatologia, bases da formação médica — finaliza o Dr. Rafael.

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