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No interior de SP, fazenda aposta em ‘legumes diferentões’

BRCOM by BRCOM
outubro 7, 2025
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Ex-publicitário francês David Ralitera trocou o mundo corporativo pelo cultivo de orgânicos — Foto: Divulgação

A Fazenda Santa Adelaide, de Morungaba (SP), na região de Campinas, a 100 quilômetros da capital paulista, decidiu apostar no cultivo de “legumes esquecidos”. Berinjela branca, abobrinha amarela, cenoura roxa, branca ou vermelha, tomate negro, tomate-coração, quiabo vermelho, rabanete-melancia, beterraba amarela, mandioca rosa, couve-flor roxa, batata-doce laranja e muitas outras culturas, todas orgânicas, fazem parte do cardápio anual da propriedade.

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O ex-publicitário francês David Ralitera, que mora no Brasil desde 2006, arrendou a fazenda e decidiu trocar o mundo corporativo pelo cultivo de orgânicos. Atualmente, ele colhe 1,5 tonelada por semana de produtos que planta em sua horta de 30 hectares.

Ralitera produz dez legumes da época, sem esquecer de oferecer os itens exóticos, que ele vende com preço mais alto que as variedades mais comuns, já que é mais difícil encontrar as sementes dessas plantas, que exigem um manejo mais específico.

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O francês conta que chegou aos legumes exóticos por ser “muito curioso”. Para buscar variedades que deixaram de ser plantadas ou que têm pouquíssimos produtores, ele faz pesquisas frequentes em uma plataforma que junta produtores de sementes do mundo todo. Quando começou a entregar cestas, Ralitera incluiu no pacote os legumes diferentes para surpreender e fidelizar os clientes.

Ex-publicitário francês David Ralitera trocou o mundo corporativo pelo cultivo de orgânicos — Foto: Divulgação

“Há muita variedade de produtos da horta, só de mandioca temos mais de 1,5 mil, mas as pessoas estão sempre atrás dos mesmos produtos, ignorando questões como estação e bioma. Não dá para plantar o mesmo legume todos os meses do ano no mesmo bioma e esperar boa produtividade”, diz o francês.

Ele afirma ter criado a horta como hobby e com a ideia de oferecer uma alimentação melhor às três filhas ainda crianças, que o acompanhavam no trabalho na horta nos finais de semana, e para ensinar a elas fundamentos do modelo “farm to table” (da fazenda para a mesa).

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O que era uma experiência familiar virou um negócio paralelo depois que Ralitera passou a entregar os legumes em cestas para amigos e clientes de São Paulo, que se encantaram com a qualidade e a variedade da produção da horta. Na época, a fazenda já fazia cultivo orgânico, mas ainda não tinha certificação.

“Supermercados e cozinhas industriais passaram a conversar com a gente após a certificação, o que acelerou meus planos. Eu já pensava em deixar o mundo corporativo para seguir meu sonho de produzir alimentos, mudar de vida, ficar mais na fazenda e trabalhar como empreendedor rural”, lembra o produtor.

Em 2012, quando recebeu o dinheiro da rescisão de seu antigo emprego, ele investiu na horta e criou a Fazenda Santa Adelaide. Ralitera afirma que, no início, ficou assustado com a imaturidade do mercado de orgânicos, no qual muita gente ainda tentava crescer copiando o que o produtor vê como erros do mercado tradicional, como a cobrança de taxa de devolução e de quebra.

Couve-Flor roxa é um dos produtos que fazem parte do cardápio do agricultor David Ralitera na fazenda Santa Adelaide, em Morungaba (SP) — Foto: Divulgação
Couve-Flor roxa é um dos produtos que fazem parte do cardápio do agricultor David Ralitera na fazenda Santa Adelaide, em Morungaba (SP) — Foto: Divulgação

Segundo pesquisa do Instituto Brasil Orgânico, mais de 25 mil propriedades rurais têm produção orgânica no Brasil, um contingente 150% maior do que o de 2013. A área de produção é de apenas 1,28% do total das terras de cultivo no país, segundo levantamento que Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade de Tecnologia Federal do Paraná realizaram em parceria.

O francês conta que seu negócio passou por vários desafios. Depois do esquema de cestas, veio a onda dos restaurantes que buscavam produtos da horta que adotam práticas sustentáveis e com rastreabilidade, o que levou a fazenda a fornecer também para plataformas de e-commerce e a vender em feiras de orgânicos.

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Na pandemia, muitos restaurantes fecharam, mas o consumo nas residências cresceu porque, naquele momento, cresceu o número de consumidores que buscavam produtos orgânicos, sem nenhuma química.

Passada a pandemia, o modelo do negócio mudou novamente. Produtores que não seguem o modelo de produtos da estação e não se limitam à venda em suas regiões aumentaram a concorrência no segmento, o que acentuou a percepção de que os orgânicos são caros.

“O produto orgânico encarece porque viaja muito e não segue as estações. Eu produzia 400 variedades de legumes. Hoje, concentro o foco em apenas dez legumes ou frutas a cada mês para ter volume, qualidade e rentabilidade. Não há mais contrato com os compradores que permita um planejamento da produção. Por isso, algumas vezes tenho que entregar meus produtos no Ceasa, recebendo preço igual ao dos legumes convencionais”, relata.

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Hoje, Ralitera fornece legumes orgânicos para redes de supermercados, restaurantes de chefs estrelados de São Paulo, quitandas, cozinhas industriais e também distribuidores que vendem o produto no Rio de Janeiro.

A fazenda emprega diariamente 12 pessoas fixas para plantio e colheita. Outra equipe, de cinco pessoas, trabalha dois dias por semana para beneficiar e embalar os produtos em bandejas ou saquinhos plásticos, a depender da demanda.

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“Infelizmente, tive que abrir mão de muitas crenças, como a aposta maior em diversidade e a relação direta entre produtor e consumidor. Tive que me adaptar porque o mercado de orgânicos tem altos e baixos muito rápidos, não é a mesma dinâmica de quem planta soja ou milho”, diz.

Para diversificar a produção e aumentar a renda, o francês passou a produzir geleias, conservas e legumes desidratados. Ele também estuda reservar parte da fazenda para o plantio em rotação de culturas de cobertura, como soja, vagem, feijão e crotalária, para abastecer granjas com grãos orgânicos e preservar a matéria orgânica do solo.

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Uma atividade paralela que lhe dá prazer, conta o francês, é abrir a propriedade para os alunos da rede municipal de Morungaba. A iniciativa faz parte do projeto Um Dia na Fazenda, uma parceria com a prefeitura que ensina boas práticas de cultivo e as vantagens nutricionais de incluir alimentos naturais coloridos e saudáveis na dieta a crianças com idades entre 5 e 8 anos.

“Em vez de bolacha, o lanche deles na fazenda é uma cenoura e banana”, afirma o produtor. “Orgânicas, é claro.

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