A empresa da ex-Miss Mato Grosso Taiany França Zimpel e donos de uma fazenda no interior do estado terão de pagar R$ 1,6 milhão a trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão, em setembro. As 20 vítimas foram localizadas na zona rural de Nova Maringá, a 392 km de Cuiabá, onde atuavam na extração de lenha.
As informações são do Uol. De acordo com os investigadores, 16 deles estavam sem registro formal e recebiam por produção. Os outros quatro estavam registrados, mas recebiam 70% do salário “por fora” da carteira de trabalho. Os trabalhadores ficavam num lugar isolado, de difícil acesso, e não tinham recursos para deixar o local por contra própria. Auditoria do Ministério do Trabalho e Emprego apontou extrema desordem e total falta de higiene nas acomodações do grupo.
O Ministério Público do Trabalho do Mato Grosso (MPT-MT) informou ao Uol que a empresa da ex-Miss e os donos da fazenda assumiram responsabilidade solidária. Do valor de R$ 1,6 milhão em reparações, R$ 418 mil se referem a verbas salariais e rescisórias, R$ 200 mil a danos morais individuais (R$ 10 mil para cada trabalhador resgatado) e R$ 1 milhão a dano moral coletivo, revertido ao Projeto Ação Integrada – Mato Grosso, que atua na reinserção social de vítimas desses casos.
Foram firmados dois Termos de Ajustamento de Conduta, com obrigações específicas para cada parte. Também foram lavrados autos de infração. A T. F. Zimpel disse ao Uol que a empresa não tem fazenda e só prestou serviços, terceirizando a mão de obra. A companhia da ex-Miss afirmou ter colaborado com as autoridades, fornecido documentos e prestado apoio aos resgatados, e destacou que o TAC não significa admissão de culpa.
Já a defesa da Fazenda Eliane Raquel e Quinhão atribuiu a responsabilidade a empresas terceirizadas e disse que os proprietários da área rural “desconheciam o cenário e condições apuradas pelo MPT”. A defesa afirmou que a fazenda contratou uma empresa com autorização da Secretaria estadual de Meio Ambiente e colaborou com as autoridades com boa-fé.
As vítimas foram contratadas pela T. F. Zimpel Ltda. O Ministério Público do Trabalho destacou que a empresa da ex-Miss tem responsabilidade solidária com os proprietários da fazenda, que exploravam a área e comercializavam a madeira. Entre os 20 trabalhadores, havia um adolescente de 17 anos.
A operação que resgatou o grupo ocorreu em 15 de setembro e contou com ações do Ministério Público do Trabalho do Mato Grosso, do Ministério do Trabalho e Emprego, da Polícia Federal e da Defensoria Pública da União. Quatro trabalhadores estavam em um contêiner sem ar-condicionado, sem camas, e os outros, em barracas de lona, dormindo em redes e tarimbas.
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Não havia água potável nem condições adequadas para o preparo de alimentos — o líquido utilizado para cozinhar e matar a sede era retirado de um rio. Sem acesso a banheiros, os trabalhadores faziam suas necessidades na mata e tomavam banho num córrego próximo. Segundo o MPT-MT, homens armados circulavam pelo local.
Taiany foi coroada no concurso Miss Mato Grosso em 2016 e, no ano passado, se apresentou como Miss Grand Mato Grosso 2024 e Miss MT Internacional. Nas redes sociais, ela costumava postar fotos em momentos de lazer ao ar livre e em festas. O perfil foi fechado para os seguidores.
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