O Ministério Público do Trabalho (MPT) determinou que a ex-Miss Mato Grosso Taiany França Zimpel e os donos da Fazenda Eliane Raquel e Quinhão, em Nova Maringá (MT), paguem R$ 1,6 milhão após a operação que resgatou 20 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão, segundo informações do UOL. Taiany, que venceu o concurso em 2016, também é conhecida atualmente como Miss Grand Mato Grosso 2024 e Miss MT Internacional.
- Entenda: Empresa de ex-Miss e donos de fazenda terão de pagar R$ 1,6 milhão a resgatados em trabalho análogo à escravidão
As vítimas foram contratadas pela T. F. Zimpel Ltda., empresa de Taiany do setor madeireiro. O MPT apontou responsabilidade solidária entre a companhia e os proprietários da fazenda, que exploravam a área rural e comercializavam a madeira extraída. A operação, realizada em 15 de setembro, envolveu o MPT-MT, o Ministério do Trabalho e Emprego, a Polícia Federal e a Defensoria Pública da União, resultando no resgate de 20 trabalhadores, incluindo um adolescente de 17 anos.
Os trabalhadores viviam em alojamentos improvisados, sem higiene, ventilação adequada ou segurança. Treze deles dormiam sobre colchões velhos apoiados em tábuas e toras, enquanto outros ficavam em redes próximas a tambores de óleo e combustível. A água disponível era imprópria para consumo, a alimentação era escassa e precária, e os banhos eram feitos em córregos com água turva. Segundo o MPT-MT, homens armados circulavam pela propriedade, intimando os trabalhadores e restringindo sua liberdade.
A fiscalização constatou ainda que nenhum dos 20 trabalhadores tinha carteira assinada, salários pagos ou equipamentos de proteção. Diante das condições degradantes, foram lavrados autos de infração e os trabalhadores receberam direito a seguro-desemprego especial. Os acordos firmados preveem pagamento de R$ 418 mil em verbas salariais e rescisórias, R$ 200 mil em danos morais individuais e R$ 1 milhão em dano moral coletivo, destinado ao Projeto Ação Integrada – Mato Grosso.
Segundo o procurador Gustavo Rizzo Ricardo, todos os elementos do crime de trabalho escravo estavam presentes. “A situação violava o princípio da dignidade da pessoa humana, ao negar direitos básicos como saúde, higiene, alimentação e segurança. O trabalho análogo ao escravo não será tolerado pelo Ministério Público do Trabalho”, declarou.
A T. F. Zimpel Ltda. afirmou que não possui fazenda e que terceirizou a mão de obra, colaborando com as autoridades desde o início da operação. Em nota, a empresa ressaltou que a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) não representa confissão de culpa. A defesa da fazenda, por sua vez, alega que as irregularidades foram responsabilidade de empresas terceirizadas e que os proprietários colaboraram integralmente com o MPT e o Ministério do Trabalho.
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Taiany França Zimpel conquistou o título de Miss Mato Grosso em 2016, representando o município de Sorriso. Nas redes sociais, ela se apresenta como Miss Grand Mato Grosso 2024 e Miss MT Internacional, compartilhando imagens de festas, passeios ao ar livre e atividades a cavalo.
A empresa de Taiany se apresenta como especializada em desmatamento e venda de lenha, oferecendo serviços de desmatamento, enleiramento, aração e gradagem, além de transporte da madeira. Os contatos divulgados coincidem com os dados oficiais da T. F. Zimpel Ltda., reforçando a ligação entre a ex-Miss e as atividades investigadas.