relatório reúne denúncias em 11 endereços da Zona Sul

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O relatório lista endereços em Botafogo, Flamengo, Leme e Laranjeiras. Na semana passada, uma equipe do gabinete vistoriou os locais mencionados nas denúncias e confirmou as informações. Somente na Rua Machado de Assis, no Flamengo, em frente aos números 30 e 65, foram encontradas três árvores cimentadas. Botafogo aparece com quatro endereços, nas ruas São Manoel, Álvaro Ramos, Rodrigo de Britto e Paula Barreto. A lista tem ainda a Rua das Laranjeiras, no bairro homônimo, e a Rua Antônio Vieira, no Leme.

Regina Chiaradia, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo (Amab), cita outros casos no bairro, entre eles, o de duas árvores com raízes cimentadas na Rua Jornalista Orlando Dantas, próximo à Universidade Santa Úrsula, em Botafogo.

— Algumas pessoas nem sabem que cimentar as golas das árvores é crime e ficam até surpresas quando recebem notificações explicando a infração que cometeram — diz Regina.

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Nas conclusões do seu relatório, a equipe do vereador Pedro Duarte diz que “a prática irregular é realizada por comércios e prédios à revelia do poder público”. O vereador afirma que vai pedir informações à Subprefeitura da Zona Sul e à Smac sobre como é feita a fiscalização deste tipo de irregularidade, além de requisitar dados sobre quantas vistorias e autuações foram feitas este ano.

Ele observa que é preciso também informar moradores e comerciantes sobre os riscos que correm ao interferir no crescimento normal das árvores.

— A Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara está elaborando um projeto de lei, em parceria com a Firjan, no qual haverá um anexo que funciona como um manual de calçadas. Isso é muito importante para evitar casos como esse das golas cimentadas de árvores. Muitas vezes o morador não sabe que é proibido fazer isso ou não sabe como proceder em relação ao passeio. Cimentar as golas pode representar um perigo para eles próprios, pois enfraquece as raízes e aumenta a possibilidade de a árvore cair e gerar um acidente grave — diz.

Árvores trocadas por mesas

Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, diz que o bairro também se vê às voltas com o problema dos maus-tratos às árvores. Ele conta que chegou a fazer uma reunião com a Fundação de Parques e Jardins (FPJ) para discutir o tema e que, na ocasião, foi firmada uma parceria para a indicação dos locais onde há golas vazias, ou seja, onde é preciso haver replantio de mudas.

— O extermínio das árvores do bairro não para. Já denunciamos para a prefeitura na esperança de que alguma providência seja tomada, pois se esta prática continuar daqui a pouco não haverá mais árvores. As pessoas retiram canteiros para a colocação de mesas e cadeiras — queixa-se Magalhães.

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Isabel Franklin, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Flamengo, Parque do Flamengo e Adjacências (Amafla), tem a mesma reclamação:

— Infelizmente, isso acontece, principalmente com a possibilidade de os estabelecimentos usarem as calçadas. Lentamente as árvores vão sendo mortas e retiradas. Já falamos com a subprefeitura. Muitos estabelecimentos vão ocupando cada vez mais as calçadas, retirando as árvores. Colocam o cimento na tentativa de fazer com que a raiz não estufe. Ou talvez o objetivo de alguns seja matar (as árvores) mesmo, não sabemos.

Cláudio Santana, engenheiro florestal e diretor da Fundação Parques e Jardins (FPJ), explica que qualquer tipo de dano a uma árvore pode ser enquadrado como crime ambiental. E quem cimenta as raízes pode ser acusado também de outra ilegalidade.

— É crime danificar árvores, em especial as de arborização pública. E se uma pessoa fechar um canteiro de árvores com cimento, além de crime ambiental, isso pode configurar uma infração por obra irregular — diz.

Procurada, a Smac informou que vai programar vistorias aos endereços citados no relatório da Câmara para averiguar a veracidade das denúncias. Se confirmadas, o passo seguinte será tentar identificar os responsáveis e notificá-los para que façam a retirada do cimento ao redor das árvores.

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