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O GLOBO ganha prêmio Vladimir Herzog com foto de criança com olhos tapados durante retirada de corpo após confronto na Ladeira dos Tabajaras

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outubro 7, 2025
in News
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VOCÊ VIU ESSA FOTO? - Ladeira dos Tabajaras

O GLOBO foi vencedor do 47º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria Fotografia, com a imagem “Antes que ela veja”. A foto, do dia 14 de abril, mostra policiais armados com fuzis e bombeiros, numa viela da Ladeira dos Tabajaras, entre Botafogo e Copacabana, carregando um corpo num saco usado para transporte de cadáveres e, encostada numa parede, uma menina de uniforme escolar com os olhos tapados pelas mãos de uma jovem, que tentava evitar que a criança testemunhasse a cena. Autora da imagem, a fotógrafa Márcia Foletto venceu por unanimidade, com 13 votos. Os vencedores foram anunciados em sessão pública na tarde desta terça-feira (07).

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— Estou feliz com a conquista, mas triste por essa ser uma realidade que fotografo há décadas sem nenhuma perspectiva de mudança. O prêmio para esta fotografia reconhece a urgência de discutir a presença de nossas crianças em meio a operações policiais e contextos de violência extrema. Há décadas, a infância é cotidianamente violada nas periferias. Embora essa imagem tenha sido registrada no Rio de Janeiro, ela poderia ter sido feita em qualquer cidade marcada pela desigualdade e pela ausência de proteção social — pontua Márcia.

VOCÊ VIU ESSA FOTO? – Ladeira dos Tabajaras

Aquela operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) buscava prender os responsáveis pelo assassinato do policial civil João Pedro Marquini, de 38 anos. Na ocasião, a menina com os olhos cobertos em meio a um cenário de violência foi uma das imagens mais impactantes. Ao redor, casas simples e um portão com a bandeira do Brasil pendurada compunham a cena.

— A imagem da Márcia premia sua determinação implacável pela busca da melhor imagem possível, não importa a pauta. Ela prova que não existe sorte no fotojornalismo de excelência, mas sim inteligência, leitura da situação, planejamento e talento, o que ela tem de sobra — destaca André Sarmento, editor de fotografia do GLOBO.

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  • Mais sobre o contexto da foto
      • O GLOBO ganha prêmio Vladimir Herzog com foto de criança com olhos tapados durante retirada de corpo após confronto na Ladeira dos Tabajaras

Mais sobre o contexto da foto

Na época, a fotógrafa do GLOBO Márcia Foletto contou que as equipes policiais haviam se dividido durante a operação: uma parte se direcionou para o lado da Rua Siqueira Campos, em Copacabana, e outra se deslocou para o entorno do Cemitério São João Batista, em Botafogo, para onde Márcia foi com a repórter Bruna Martins.

— No lado de Copacabana, (o clima) estava absolutamente normal. Mas paramos em frente ao cemitério, e as pessoas com quem a gente conversou estavam bem tensas, porque tinha tido muito tiro. Fomos andando, para próximo do túnel, e um morador falou que tinham subido carros de polícia. Achamos que estava relativamente seguro: andamos mais um pouco, fizemos a primeira curva e encontramos um colega, que avisou que tinha um corpo naquela viela — relata Márcia, que, àquela altura, sabia que havia mortos, mas não quantos, nem onde.

No local em que chegaram, por volta das 12h30, havia grande presença de policiais da Core. No ponto, funcionava uma boca de fumo anteriormente. Na parede, havia inscrita a palavra “Deus”, assim como um quadro de Jesus Cristo, enquanto o corpo estava coberto — as primeiras fotos, inclusive, foram feitas sem que o corpo aparecesse, enquanto a perícia era aguardada. Márcia Foletto conta que as vielas estavam vazias na maior parte do tempo, mas que muitas crianças com uniforme escolar passaram pelo local. Quem precisava acessar uma escadaria atrás do morto era impedido de passar, como uma criança, escorada na parede, que ficou aguardando.

Já por volta das 15h, os jornalistas trocavam informações de que a polícia já havia feito a perícia pelo lado de Copacabana e que estava se deslocando para o local em que Márcia estava. O trabalho dos peritos durou cerca de meia hora. Um sofá amarelo foi usado pela equipe da polícia para apoiar o quadro com o rosto de Jesus, assim como um fuzil, enquanto um dos agentes tirava o colete que usava. Ao ver que o corpo seria retirado, a fotógrafa do GLOBO diz que se afastou da cena, preocupada em localizar o local por onde o corpo seria carregado, no meio da viela, e viu a menina, acompanhada de duas mulheres mais velhas.

— Quando a velocidade dos policiais era maior, a mulher puxou ela para a parede, para deixar o corpo passar, foi quando colocou a mão no rosto da menina. Não vi isso na hora, só vi que tinha ido para a parede e já percebi que tinha sido uma foto boa, mas, quando editei, vi que a mão dela estava no rosto da criança e me dei conta de que a foto era muito boa — conta Márcia, que já havia percebido ainda a bandeira do Brasil na cena. — A bandeira é o retrato da nossa pobreza, da desigualdade do nosso Brasil.

Durante as três horas no local, houve um momento em que foram ouvidos tiros, disparados de outra localidade. Moradores correram para dentro de casa, enquanto os policiais da Core levantaram os fuzis, como reação. Uma mulher que chegou ao lugar se apresentou como parente do morto e conversou com os policiais, antes do corpo ser retirado. Enquanto a menina da foto teve o rosto coberto, tantas outras crianças passaram pelo local e podiam observar a cena atentamente.

— A gente não tem ideia do trauma disso na vida de uma pessoa. Então é instintivo para uma mãe ou uma parente proteger a criança (de ver o morto). Eu faria o mesmo — conclui a fotógrafa.

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