‘O Brasil começou a enxergar a potência que somos’

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Para a influenciadora Eslovênia Marques, essa data representa “um orgulho gigantesco”.

— É um dia para celebrar nossas raízes, nossa história e tudo que o Nordeste construiu e constrói no Brasil. Fico feliz em ter alcance para compartilhar essa cultura tão linda com mais pessoas e demonstrar meu amor por minha terra — diz. Por outro lado, ela destaca que nem sempre foi fácil:

— Infelizmente, já passei por situações de preconceito e xenofobia. Mas escolhi transformar isso em força e motivação para continuar mostrando o quanto o Nordeste é potente, importante e essencial.

O mesmo caminho de resistência é expressado por Gabi Macoff, que fala sobre uma virada na percepção das pessoas diante da cultura nordestina. — Por muito tempo, o Nordeste foi visto de forma estereotipada, e hoje, ver nossa música, nossa moda, nossa culinária e até nosso jeito de viver sendo valorizado é muito gratificante. É como se, finalmente, o Brasil inteiro tivesse começado a enxergar a potência que nós sempre soubemos que somos — destaca a influenciadora, que vem ganhando cada vez mais notoriedade ao mostrar sua rotina no sertão de Pernambuco.

Essa ligação com as origens também marca a trajetória de Mirelly Almeida. Natural de Caruaru, ela fala sobre a importância de reconhecer suas raízes. — Tenho muito orgulho de vir de onde vim, de ser pernambucana, da minha terra, da minha cidade, por toda a cultura, pela tradição que carrego e pelo nordeste como um todo. Quando olho minhas raízes e vejo até onde consegui chegar, considero muito importante reconhecer isso, ser grata a quem me ajudou e, principalmente, usar minha visibilidade para enaltecer essa cultura tão linda que temos — afirma.

Entre as criadoras de conteúdo, muitas também relembram os obstáculos enfrentados por conta do sotaque, ainda alvo de preconceito em alguns espaços. Ingrid Vasconcelos, ex-jogadora da Seleção Brasileira de Basquete, conta que, no início da carreira, ouviu recomendações para mudar a forma de falar.

— Assim que comecei a trabalhar com a internet, ouvi muito: ‘Você não pode falar com seu sotaque. Se está falando nacionalmente, tente falar diferente’. Isso me pegou demais na época. Hoje em dia, é uma liberdade enorme, fora a conscientização de que o Brasil é repleto de culturas diferentes — e é isso que faz nosso povo ser tão lindo e único — declara.

A cantora Solange Almeida, por sua vez, também reconhece que a caminhada no cenário musical exige ainda mais dedicação de quem é do Nordeste. — Como mulher nordestina, o esforço para me manter no mercado é dobrado. Busco unir o forró tradicional ao mais atual o ano inteiro, não apenas no período junino. Até no Carnaval eu puxo um forrozinho — observa.

A empresária Mileide Mihaile concorda que a trajetória da mulher nordestina é marcada pela força e pela persistência. — A nordestina sempre precisou se esforçar mais para ser ouvida e respeitada, mas o bonito é ver que a gente nunca desistiu. Hoje, sinto que estamos conquistando espaços que antes pareciam distantes, e isso é fruto de muita luta e competência. Ver o Nordeste ganhando esse reconhecimento me enche de orgulho, porque mostra que nosso trabalho, nossa voz e nossa cultura têm valor — pontua.

Para Débora Dias, empresária, especialista em marketing de influência e diretora da Influence Group, primeira agência de marketing de influência de Pernambuco, o reconhecimento que o Nordeste vem conquistando em todo o país, tanto nas redes quanto no mercado, é reflexo de um trabalho que vem sendo feito há anos.

— Ver tantos talentos conquistando campanhas nacionais e mostrando o valor da nossa região é muito gratificante. Como fui uma das primeiras a abrir uma agência de influenciadores no Nordeste, sinto que faço parte desse movimento de provar que, na região, também há nomes com potencial de estar no centro das grandes narrativas do país — ressalta.

Por fim, Júlia Ribeiro resume o sentimento coletivo de pertencimento e a alegria de ver o papel que o Nordeste ocupa hoje no Brasil.

— Quando a gente fala do Nordeste, não é só sobre raízes ou tradição. É sobre um povo que resiste, que cria, que acolhe e que inspira. Me orgulho de ser nordestina porque sei que cada passo que damos é também uma forma de mostrar ao Brasil a força e a beleza da nossa região. Temos que celebrar isso não só hoje, mas todos os dias — declara.