O teto do restaurante Jamile, localizado na região da Bela Vista, no centro de São Paulo, desabou no início da tarde desta quarta-feira (8). A casa, que foi recomendada pelo Guia Michelin de 2026, possui menu assinado pelo chef Henrique Fogaça, que também presta serviço de consultor no local. Durante as tentativas de resgate, uma das vítimas, que trabalhava no restaurante, sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu enquanto os bombeiros trabalhavam para retirá-la dos escombros. Apesar das manobras de reanimação, ela não resistiu.
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Outros sete fundionários também receberam atendimento do corpo de bombeiros e estão recebendo atendimento. Na hora do desabamento, o restaurante ainda não estava aberto ao público.
Nascido em Piracicaba, interior de São Paulo, Henrique Fogaça entrou para o mundo gastronomia aos 22 anos, quando se mudou para a capital paulista para morar com a irmã. Na época, precisava cozinhar para si mesmo e começou a pedir receitas à mãe e à avó.
Estudante de arquitetura e comércio exterior, decidiu mudar o rumo de sua vida e se matricular em um curso de gastronomia. Durante a formação, estagiou em renomados restaurantes de São Paulo e logo se destacou por sua abordagem criativa e destemida diante dos desafios da cozinha.
Em 2005, transformou a paixão em negócio e inaugurou o Sal Gastronomia. O projeto cresceu e hoje conta com duas unidades, sendo considerado um dos restaurantes mais conceituados do Brasil. Posteriormente, o paulista expandiu seus empreendimentos: em 2012, criou o Mercado Feira Gastronômica, voltado para comida de rua, em 2013, abriu o Cão Véio, um gastropub especializado em petiscos, e em 2014 lançou o Admiral’s Place Whisky Bar, localizado no andar superior do Sal.
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Fogaça alcançou projeção nacional em 2014, quando estreou como jurado do reality “MasterChef Brasil”, da TV Band, posição que ocupa até a atualidade em diferentes formatos do programa na grade da emissora. O chef também é vocalista e fundador da banda de hardcore Oitão, criada em 2008.
Em 2022, o grupo, que possui influências do crust e do metal old school, se apresentou no primeiro dia do Rock in Rio.
— Antes de ser chef eu já era roqueiro. Quando era moleque, comprava camisas e fazia eu mesmo os símbolos das bandas que gostava. Rabiscava tudo, era aquela ideia do “Do it yourself”. Depois veio a banda, que funciona como uma válvula de escape, mas também é um projeto sério. Estamos na estrada há 15 anos — Contou Fogaça para O GLOBO na época. — Cada função tem uma pressão diferente. Na TV é de um jeito, nos restaurantes, de outro. Com os shows sempre dá aquele frio na mão antes de entrar. Na TV e nos restaurantes
Em 2017, o paulista lançou seu primeiro livro, a autobiografia “Um Chef Hardcore”. Quatro anos mais tarde, em 2021, publicou “O Mundo do Sal”, obra que explora a relevância histórica e gastronômica do ingrediente.
Pai de três filhos: Olivia, João e Maria Leticia, Fogaça também atua em ONGs e instituições sociais. Sua primogênita, Olivia, nasceu com uma síndrome rara e desconhecida, o que o levou a se engajar na busca por tratamentos alternativos, como o uso medicinal da cannabis.
Em homenagem à filha, o chef criou em 2021 o Instituto Olivia, que oferece capacitação profissional a jovens em situação de vulnerabilidade, conectando-os ao mercado de trabalho na área da gastronomia.