Israel e Hamas se aproximaram nesta quinta-feira de encerrar a devastadora guerra de dois anos, concordando com os termos iniciais de um acordo proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pode abrir caminho para um cessar-fogo permanente e trazer alívio às famílias dos reféns israelenses e aos 2 milhões de palestinos em Gaza. A primeira fase, que inclui a troca de reféns do Hamas por prisioneiros palestinos em Israel, exige que as tropas israelenses sejam recuadas para uma linha previamente acordada em Gaza, apesar de a localização exata de cada uma não tenha sido divulgada até o momento.
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Em um comunicado, o Exército israelense afirmou estar se preparando para liderar a operação de retorno dos reféns e para “fazer a transição para linhas de mobilização ajustadas em breve”, seguindo as instruções do governo de Benjamin Netanyahu.
A proposta de Trump continha um mapa mostrando as linhas de retirada israelenses, mas estes parecem ter sido alterados durante as negociações, de acordo com duas autoridades israelenses e uma autoridade egípcia, que falaram sob condição de anonimato para discutir questões diplomáticas.
Uma fonte egípcia envolvida nas negociações relatou ao jornal israelense Haaretz que, após a primeira retirada (para a chamada “linha amarela”), o Exército israelense ainda deve manter controle sobre mais de 50% da Faixa de Gaza — um pouco menos do que os 55% estimados pela rede britância BBC quando o plano foi conhecido pela primeira vez.
Ainda não se sabe quando exatamente essa retirada terá início. Pelo plano de Trump, o Exército israelense recuaria 24 horas após o anúncio do cessar-fogo para permitir que o Hamas localizasse os reféns, cuja libertação é esperada entre 48 e 72 horas depois, possivelmente no domingo ou segunda-feira.
Apesar de ainda não haver previsão para as fases seguintes, seguindo a proposta, um segundo recuo (para a “linha vermelha”) ocorreria após a implantação de uma Força Internacional de Estabilização temporária (ISF, na sigla em inglês) em Gaza, liderada por Washington e com a colaboração de “parceiros árabes e internacionais”. De acordo com a análise publicada pela BBC, cerca de 40% do território palestino continuaria ocupado por forças israelenses nessa etapa.
A terceira e última etapa de retirada manteria uma área equivalente a 15% do território do enclave como uma “zona-tampão”, chamada no texto de “perímetro de segurança”, entre as fronteiras de Gaza com Israel e Egito. Os termos do acordo indicam que este recuo final vai ocorrer “progressivamente”, com o Exército de Israel entregando o controle das áreas à ISF.
O perímetro de segurança permanecerá “até que Gaza esteja devidamente protegida contra qualquer ameaça terrorista ressurgente”, diz um dos pontos da proposta americana, sem especificar quem irá ser o responsável por reavaliar o quadro de segurança.
Com New York Times e agências internacionais.

