Uma das principais opções de entretenimento nos dias atuais, assistir a filmes e séries pode ajudar na preparação para o Enem 2025, de forma mais relaxada e descontraída. Os estudantes podem escolher alguns títulos para revisar os conteúdos estudados, especialmente na área das Ciências Humanas, e também ampliar o repertório cultural para a redação. Esse material é parte do Projeto Enem, canal digital que publicará conteúdos gratuitos com dicas e orientações para os alunos. A iniciativa é realizada pelo GLOBO com patrocínio do Elite e da plataforma Amplia.
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Vencedor do Oscar de melhor filme internacional, “Ainda estou aqui” (2024) é um exemplo. Dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, o longa retrata a trajetória de Eunice Paiva, que enfrenta a dor do desaparecimento do marido — o deputado Rubens Paiva, preso e morto pelo regime militar — enquanto cria os filhos e luta para preservar a verdade sobre o passado.
Além de abordar a ditadura brasileira, assunto recorrente no Enem, o filme trata de outros aspectos que costumam aparecer no exame, destaca Caroline Lucena, coordenadora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação do pré-vestibular do Elite, parceiro da plataforma Amplia.
— Ao unir elementos de história, emoção e direitos humanos, a obra transforma a memória individual em símbolo coletivo de resistência feminina, defesa da liberdade de expressão e valorização da democracia, temas profundamente alinhados ao perfil do Enem, que valoriza reflexões éticas e sociais sobre o papel da cidadania e da memória histórica.
Numa temática similar, o filme “Argentina 1985” (2022) faz conexões com a obra de Walter Salles por também tratar do período da ditadura no país vizinho, ao contar a história do julgamento das juntas militares que governaram o país após o golpe. Para Camila Feitosa, coordenadora de História do pré-vestibular do Elite, a capacidade de fazer relações entre fatos históricos é um ponto fundamental para o Enem, e a ficção pode auxiliar nisso.
– A partir desses dois filmes a gente consegue fazer paralelos, por conta do período em que as ditaduras aconteceram, mas também consegue apontar diferenças – reflete a professora. — De um lado temos a Comissão Nacional da Verdade na Argentina acontecendo logo após o período de redemocratização, com os primeiros julgamentos já em 1985. É uma diferença muito grande do que acontece no Brasil. A nossa Comissão da Verdade vai demorar muito para acontecer, ela só vai ser organizada no governo da Dilma Rousseff. Então é possível ver algumas semelhanças, mas também muitas diferenças nesse contexto, e é importante que o aluno faça isso de maneira sensível.
As mensagens contidas em “Ainda estou aqui” permitem também pensar em possíveis temas para a redação. Aline Bello, professora do Colégio Mopi, sugere três: “Desafios para mitigar o desaparecimento de pessoas”, “Os desafios da efetivação dos direitos humanos como fundamento para a consolidação da democracia no Brasil” e “A importância da preservação da memória histórica para a consolidação da democracia brasileira”.
Sobre o último tema, Aline destaca que o filme evidencia como o esquecimento coletivo das violações do passado pode fragilizar a democracia e perpetuar a impunidade.
– Essa reflexão se conecta diretamente ao tema proposto, pois mostra que lembrar é um ato político: só reconhecendo os erros do passado é possível construir uma sociedade verdadeiramente livre, justa e democrática.
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Na reta final de preparação, os estudantes devem ter atenção aos assuntos mais recorrentes no Enem. Na área de História, a Era Vargas é um deles, período retratado nos filmes “Getúlio” (2014) e “Olga” (2004).
– São perspectivas diferentes da história do Brasil durante os governos de Getúlio Vargas. Falam sobre movimentos sociais, mostram embates políticos e apresentam o contexto nacional e internacional – explica Camila Feitosa.
Ainda em História, questões relacionadas aos direitos fundamentais costumam aparecer na prova, em diálogo com a Sociologia. Entre os filmes indicados por Camila para refletir sobre esses temas estão “Cidade de Deus” (2002) e “Que Horas Ela Volta?” (2015).
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– Essas obras retratam embates atuais na sociedade brasileira, como o racismo estrutural presente nas relações e o acesso à educação, segurança e moradia, direitos garantidos na Constituição Federal, mas não alcançados por todos.
Para quem precisa de uma revisão no campo da Filosofia, a sugestão é a série catalã “Merlí”, que gira em torno de um professor da disciplina com métodos de ensino originais, inspiração para seus alunos. Cada episódio aborda um filósofo, com a teoria misturada aos dramas dos personagens. A primeira temporada vai de Platão e Aristóteles a Nietzsche e Foucault.
– Essa série é um clássico de filosofia. O aluno que está estudando vai se identificar, porque ele [o professor protagonista] vai falar de coisas que a gente fala em sala – recomenda Lígia de Albuquerque, coordenadora de Filosofia e Sociologia do Elite.
Ver um filme ou uma série nessas últimas semanas antes do Enem também pode ser uma oportunidade de preparação para a redação. Isso porque um dos aspectos avaliados na prova é a presença de repertório sociocultural, ou seja, uma informação, citação ou experiência vivida que, de alguma forma, esteja relacionada ao tema e contribua como argumento para a discussão proposta.
Assim, os estudantes podem mencionar em seu texto alguma obra que tenha relação com o tema da redação, sempre de forma contextualizada e articulada com as ideias utilizadas para defender seu ponto de vista.
Confira, a seguir, alguns títulos que podem contribuir para ampliar esse repertório, com os comentários da professora Caroline Lucena.
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“O filme, assim como a música homônima, é um repertório riquíssimo — e versátil — para o Enem, pois permite discutir identidade, masculinidade, liberdade e padrões sociais, temas possíveis nos eixos Cidadania, Diversidade e Comportamento.
A obra questiona os estereótipos de masculinidade impostos pela sociedade e defende a liberdade de ser quem se é, mesmo em meio ao preconceito. Ney Matogrosso — com seu visual andrógino e performance provocativa — desconstrói a ideia tradicional de “homem viril” e propõe uma visão mais plural da identidade masculina.”
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“O filme revisita a clássica história de ‘O Mágico de Oz’ sob uma nova perspectiva, revelando a origem da “Bruxa Má do Oeste”. A narrativa acompanha Elphaba, uma jovem de pele verde, inteligente e justa, que é marginalizada por ser diferente e acaba sendo rotulada como vilã por uma sociedade incapaz de enxergar além das aparências.
A obra propõe uma reflexão sobre preconceito, empatia e construção social da imagem do outro, ao mostrar como o poder e a mídia podem distorcer a verdade e transformar vítimas em inimigos. Assim, “Wicked” oferece um repertório valioso para temas do Enem ligados à tolerância, diversidade, manipulação da informação e valorização da alteridade, reforçando a importância de compreender a diferença como parte essencial da convivência humana e da justiça social.”
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“A trama acompanha um grupo de ativistas que denuncia crimes ambientais cometidos por grandes corporações e enfrenta ameaças ao tentar proteger comunidades tradicionais e povos indígenas.
A obra serve como repertório para temas do Enem ligados à responsabilidade socioambiental, cidadania, ética e justiça climática, reforçando a necessidade de uma consciência coletiva voltada à preservação do planeta e à defesa das minorias que dele dependem para sobreviver.”
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“A série constrói uma alegoria sobre a desigualdade social e a desumanização provocada pelo capitalismo extremo. Na trama, pessoas endividadas e marginalizadas são convidadas a participar de jogos infantis mortais em troca de uma grande quantia em dinheiro, revelando até que ponto o desespero e a ambição podem corromper valores humanos.
A obra constitui um repertório para temas do Enem ligados à desigualdade econômica, ética, empatia, desumanização e crítica ao consumismo, estimulando reflexões sobre os limites da meritocracia e o impacto das estruturas sociais na dignidade humana.”