Analu Pimenta, Taís Feijó e Vic Brow são as Huntrix brasileiras. Sabe por quê? Elas são as dubladoras das vozes de Rumi, Zoey e Mira em português no sucesso “Guerreiras do K-pop”, o filme da Netflix sobre as cantoras que usam seus poderes para proteger os fãs contra as ameaças da banda do mal, os Saja Boys.
- ‘Guerreiras do K-pop’ e ‘Golden’ batem recordes e viram febre nas escolas: ‘Elas querem cantar, dançar, falam sobre os cabelos’
Além das falas, as três também cantam todas as músicas do filme, como “Brilho” e “O som da nossa voz” — e aprenderam tudo num único dia. Quem conta é Analu, a mais velha das três, com 38 anos, que já fez as vozes em português das personagens Ramona, nos filmes “Debaixo do píer”, e Hal, em “Wish: o poder dos desejos”.
— Quando a gente entra num projeto, não tem ideia do que vai dublar — diz Analu, há 15 anos na profissão. — Ninguém recebe nada antes para ensaiar e só sabe o que vai fazer quando entra no estúdio.
É assim com todo filme, série ou jogo de videogame: segredo absoluto. O dublador ou dubladora chega ao trabalho, e o diretor ou diretora mostra qual vai ser a tarefa do dia. “Guerreiras do K-pop” foi uma surpresa para as três.
— Cheguei para trabalhar e o filme estava lá. Pareceu legal, mas eu não sabia nada sobre ele — conta Taís, a Zoey, de 34 anos, dubladora da voz da Nanno, da série “A garota de fora”.
Cada uma delas gravou as falas e as músicas de seus personagens sozinha no estúdio, sem a presença da outra. Funciona assim: elas gravam a voz em português enquanto passa a cena original.
— As partes das conversas demoraram entre duas e três horas para serem gravadas — relembra Analu. — As canções, como eram muitas, demoraram cinco dias.
Elas também só viram o resultado final quando estreou na Netflix.
— O que mais estou feliz é ver a galera cantando o tempo inteiro. A gente entra numa loja, e as pessoas estão cantando as músicas, usando as camisetas, comentando alguma coisa — diz Taís.
Agora, vamos servir uma “fofoquinha”: sabia que a Zoey brasileira é mãe de uma filhinha do Mistery Saja brasileiro?
— Eu recebo muita mensagem na internet sobre isso — diz Taís, casada com o dublador Eduardo Drummond, que fez a voz de um dos demônios no filme. — Participei de um evento e um menino chegou até mim perguntando baixinho: “É verdade o que estão dizendo por aí sobre você ter um caso com o Mistery?”
Desde que suas vozes apareceram no filme, as três têm visto a curiosidade crescer em relação ao “rosto por trás da voz”. Muita gente nova tem chegado aos perfis delas nas redes sociais e, no de Vic, as pessoas comentam nos vídeos que ela tem até um jeito parecido com o de Mira, a dançarina das Huntrix.
—Tenho um quadro no Instagram chamado “cabeça fresca”, em que costumo falar sobre comportamento — diz a dubladora da voz da Arlequina em “Batwheels”. — Tem uns cortes que o pessoal diz: “A Mira superfalaria isso.” Eu sou prática como ela.
Vic tem 26 anos e é a mais nova do trio. A dubladora dá as dicas para para quem quiser seguir os passos dela quando crescer.
— O primeiro passo é fazer um curso de teatro, porque nós precisamos ser atores. O dia a dia de trabalho é muito cheio. A gente passa a tarde inteira dentro do estúdio, com o celular trancado num armário — diz Vic, dando outro conselho importante: — Preciso sempre lembrar de como eu era quando criança, porque ninguém é mais criativo do que as crianças.